Uma análise dialógica da arquitetônica do gênero acadêmico dissertação : estudo de caso
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do UCpel |
Texto Completo: | http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/handle/tede/477 |
Resumo: | Esta Dissertação tem como objetivo principal realizar uma reflexão a respeito da construção “arquitetônica autoral” (SOBRAL, 2006) da dissertação de mestrado intitulada Quem forma quem? Instituição dos sujeitos, de autoria de Rosaura Angelica Soligo, que faz parte do Programa de Pós-Graduação em Educação da Unicamp, tendo sido defendida no ano de 2007. A dissertação de Soligo (2007) consiste em um exemplar de trabalho acadêmico não convencional, já que é formada composicionalmente por um conjunto de cartas endereçadas a interlocutores reais. Com a observação e análise dessa dissertação não convencional, busco mostrar as relações existentes entre texto, discurso e gênero, a fim de comprovar a tese de que não está no texto a chave de realização de um gênero, mas em seu projeto enunciativo e nas relações enunciativas que se estabelecem entre os interlocutores nas diferentes esferas de uso da linguagem. Assim, busco responder a seguinte questão: se e como é possível que um trabalho constituído composicionalmente por cartas de cunho dito pessoal realize arquitetonicamente o gênero acadêmico dissertação. As bases teóricas do estudo estão calcadas, principalmente, nos dois principais pilares da concepção bakhtiniana de linguagem, quais sejam: dialogismo e gêneros do discurso. Desse modo, busco mostrar que os gêneros nascem das relações dialógicas da linguagem e que, portanto, são mutáveis de acordo com as necessidades dos falantes que os mobilizam no âmbito de cada esfera de atividade humana, não podendo ser reduzidos a meras textualidades. Logo em seguida, abordo alguns pressupostos teórico-metodológicos de construção dos gêneros acadêmicos, por ser esse meu objeto de análise, faço uma discussão sobre os diferentes gêneros carta, a partir da definição de constelação de gêneros de Araújo (2006) e apresento uma reflexão sobre a pesquisa narrativa ou autobiográfica, metodologia utilizada pela autora da dissertação analisada. Faço, ainda, uma contextualização sobre outros trabalhos acadêmicos não convencionais a que tive conhecimento durante o mestrado, bem como sobre a dissertação Quem forma quem? Instituição dos sujeitos. O percurso metodológico adotado para a análise da dissertação centra-se nas seguintes questões: 1) posição enunciativa e endereçamento do discurso; 2) o uso das formas composicionais da carta e o tom do discurso; 3) as marcas de narrativa e o tom do discurso; 4) o tom das cartas e as seções típicas do gênero acadêmico dissertação; 5) as marcas linguísticas e enunciativas responsáveis por revelar a significação e o tema; 6) as diferentes vozes presentes/constituintes no/do discurso e 7) os elementos de intertextualidade, interdiscursividade e intergenericidade envolvidos na construção da arquitetônica autoral da dissertação. Como resultado da pesquisa, a análise da dissertação mostrou que por meio do uso das formas composicionais da carta e de marcas da narrativa, a pesquisadora cria uma forma de interlocução direta e, por vezes, subjetiva, o que contribui para uma alteração do tom do discurso. A forma composicional da dissertação contribui ainda para que haja uma maior dialogicidade, em que uma multiplicidade de vozes podem ser ouvidas e há uma organização peculiar dessas vozes na construção do todo discursivo. Porém, mesmo sob outra forma composicional (a da carta), o que continua sendo realizado são as seções típicas de um trabalho acadêmico convencional, ou seja, a presença de marcas típicas da carta e da narrativa, não altera a finalidade enunciativa do texto, que continua fazendo parte de um dado gênero (o gênero acadêmico dissertação). A relação enunciativa que se estabelece e o projeto de dizer realizam o gênero acadêmico dissertação e não uma coletânea de cartas. Isso mostra como é possível usar as formas típicas de um gênero em outro, sem que com isso haja necessariamente alteração do projeto enunciativo do gênero no âmbito do qual se produzem enunciados. |
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Uma análise dialógica da arquitetônica do gênero acadêmico dissertação : estudo de casodialogismo; gêneros do discurso; gênero acadêmico; arquitetônica autoralLINGUISTICA::LINGUISTICA APLICADA##-552208380650306735##600Esta Dissertação tem como objetivo principal realizar uma reflexão a respeito da construção “arquitetônica autoral” (SOBRAL, 2006) da dissertação de mestrado intitulada Quem forma quem? Instituição dos sujeitos, de autoria de Rosaura Angelica Soligo, que faz parte do Programa de Pós-Graduação em Educação da Unicamp, tendo sido defendida no ano de 2007. A dissertação de Soligo (2007) consiste em um exemplar de trabalho acadêmico não convencional, já que é formada composicionalmente por um conjunto de cartas endereçadas a interlocutores reais. Com a observação e análise dessa dissertação não convencional, busco mostrar as relações existentes entre texto, discurso e gênero, a fim de comprovar a tese de que não está no texto a chave de realização de um gênero, mas em seu projeto enunciativo e nas relações enunciativas que se estabelecem entre os interlocutores nas diferentes esferas de uso da linguagem. Assim, busco responder a seguinte questão: se e como é possível que um trabalho constituído composicionalmente por cartas de cunho dito pessoal realize arquitetonicamente o gênero acadêmico dissertação. As bases teóricas do estudo estão calcadas, principalmente, nos dois principais pilares da concepção bakhtiniana de linguagem, quais sejam: dialogismo e gêneros do discurso. Desse modo, busco mostrar que os gêneros nascem das relações dialógicas da linguagem e que, portanto, são mutáveis de acordo com as necessidades dos falantes que os mobilizam no âmbito de cada esfera de atividade humana, não podendo ser reduzidos a meras textualidades. Logo em seguida, abordo alguns pressupostos teórico-metodológicos de construção dos gêneros acadêmicos, por ser esse meu objeto de análise, faço uma discussão sobre os diferentes gêneros carta, a partir da definição de constelação de gêneros de Araújo (2006) e apresento uma reflexão sobre a pesquisa narrativa ou autobiográfica, metodologia utilizada pela autora da dissertação analisada. Faço, ainda, uma contextualização sobre outros trabalhos acadêmicos não convencionais a que tive conhecimento durante o mestrado, bem como sobre a dissertação Quem forma quem? Instituição dos sujeitos. O percurso metodológico adotado para a análise da dissertação centra-se nas seguintes questões: 1) posição enunciativa e endereçamento do discurso; 2) o uso das formas composicionais da carta e o tom do discurso; 3) as marcas de narrativa e o tom do discurso; 4) o tom das cartas e as seções típicas do gênero acadêmico dissertação; 5) as marcas linguísticas e enunciativas responsáveis por revelar a significação e o tema; 6) as diferentes vozes presentes/constituintes no/do discurso e 7) os elementos de intertextualidade, interdiscursividade e intergenericidade envolvidos na construção da arquitetônica autoral da dissertação. Como resultado da pesquisa, a análise da dissertação mostrou que por meio do uso das formas composicionais da carta e de marcas da narrativa, a pesquisadora cria uma forma de interlocução direta e, por vezes, subjetiva, o que contribui para uma alteração do tom do discurso. A forma composicional da dissertação contribui ainda para que haja uma maior dialogicidade, em que uma multiplicidade de vozes podem ser ouvidas e há uma organização peculiar dessas vozes na construção do todo discursivo. Porém, mesmo sob outra forma composicional (a da carta), o que continua sendo realizado são as seções típicas de um trabalho acadêmico convencional, ou seja, a presença de marcas típicas da carta e da narrativa, não altera a finalidade enunciativa do texto, que continua fazendo parte de um dado gênero (o gênero acadêmico dissertação). A relação enunciativa que se estabelece e o projeto de dizer realizam o gênero acadêmico dissertação e não uma coletânea de cartas. Isso mostra como é possível usar as formas típicas de um gênero em outro, sem que com isso haja necessariamente alteração do projeto enunciativo do gênero no âmbito do qual se produzem enunciados.This work aims especially to carry out a reflection on “authorial architectonics” construction (SOBRAL, 2006) taking as its object a master's degree dissertation named Quem forma quem? Instituição dos sujeitos (Who forms whom? Institution of subjects.) by Rosaura Angelica Soligo, coming from Unicamp’s Education Graduate Program, and was approve in the year 2007. Soligo’s (2007) dissertation constitutes an example of non conventional academic work, since it is compositionally a group of letters addressed to real interlocutors. With the observation and analysis of this non conventional dissertation, I aim to show the relationships of text, discourse and genre, in order to prove the thesis according to which the key for genres actualization is not in the text, but in its enunciative project and in the enunciative relations established among interlocutors in the different spheres of language use. Thus, I try to answer the following question: whether and how is it possible that a work compositionally composed by personal letters may actualize architectonically the academic genre “dissertation”. The theoretical bases of the study are mainly two main pillars of the Bakhtinian conception of language, namely: dialogism and speech genres. From this, I try to show that genres are born of dialogical relationships of language and that, this way, they are changeable in accordance with the necessities of speakers who mobilize them in the context of each sphere of human activity, and they may not be reduced to mere textualities (textual structures). I then approach some methodological assumptions on the construction of academic genres, since my object is one of them, and I also discuss the different genres named “letter”, on the basis of Araújo’s (2006) definition of genres constellation, and lastly I reflect on narrative or autobiographical research, a methodology used by the author of the analyzed dissertation. I briefly contextualize other non conventional academic works I came to know during the Master's course, and, naturally, I also explain the context of Quem forma quem? Instituição dos sujeitos. The methodological route adopted for the analysis of the dissertation is centered in the following questions: 1) enunciative position and discourse addressing; 2) the use of compositional forms of letter and the tone of discourse; 3) the marks of narrative and the tone of discourse; 4) the tone of the letters and the typical sections of the academic genre dissertation; 5) the linguistic and enunciative traces, which reveal signification and theme; 6) the different present / constituent voices in / of discourse and 7) the elements of intertextuality, interdiscursivity and intergenericity linked to the construction of the dissertation authorial architectonics. As a result of the research, the analysis of the dissertation showed that by using the compositional forms of letters and marks of narrative, the studied research created a form of direct interlocution and, sometimes, subjective, which contributes to an alteration of the tone of the discourse. The dissertation compositional form contributes still for there being a greater degree of dialogicity, in which a multiplicity of voices there may be heard and creates a special organization of these voices in the construction of discursive whole. However, even under another compositional form (that of letters), the work carries out the typical sections of a conventional academic work, in other words, the presence of typical traces of letters and narrative does not alter the text’s enunciative purpose, which remains as part of a given genre (the academic genre dissertation). The established enunciative relationship and the discursive project actualize the academic genre dissertation and not a collection of letters. That shows how it is possible to use the typical forms of a genre in another genre without necessarily there being alterations on the enunciative project of the genre in the context of which utterances are produced.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES##2075167498588264571##600Universidade Catolica de PelotasCentro de Ciencias Sociais e Tecnologicas##-8792015687048519997##600BrasilUCPelPrograma de Pos-Graduacao em Letras##8902948520591898764##600Sobral, Adail Ubirajarahttp://lattes.cnpq.br/0397923948069690Dornelles, Clara Zeni Camargohttp://lattes.cnpq.br/8907950516727239Fanti, Maria da Glória Corrêa dihttp://lattes.cnpq.br/7624478277547970Guimarães, Fernanda Taís Brignol2016-08-04T16:20:44Z2015-11-23info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfGuimarães, Fernanda Taís Brignol. Uma análise dialógica da arquitetônica do gênero acadêmico dissertação : estudo de caso. 2015. 234 f. Dissertação( Programa de Pos-Graduacao em Letras) - Universidade Catolica de Pelotas, Pelotas.http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/handle/tede/477porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do UCpelinstname:Universidade Católica de Pelotas (UCPEL)instacron:UCPEL2020-09-29T21:40:09Zoai:tede.ucpel.edu.br:tede/477Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www2.ufpel.edu.br/tede/http://tede.ucpel.edu.br:8080/oai/requestbiblioteca@ucpel.edu.br||cristiane.chim@ucpel.tche.bropendoar:2020-09-29T21:40:09Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do UCpel - Universidade Católica de Pelotas (UCPEL)false |
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Esta Dissertação tem como objetivo principal realizar uma reflexão a respeito da construção “arquitetônica autoral” (SOBRAL, 2006) da dissertação de mestrado intitulada Quem forma quem? Instituição dos sujeitos, de autoria de Rosaura Angelica Soligo, que faz parte do Programa de Pós-Graduação em Educação da Unicamp, tendo sido defendida no ano de 2007. A dissertação de Soligo (2007) consiste em um exemplar de trabalho acadêmico não convencional, já que é formada composicionalmente por um conjunto de cartas endereçadas a interlocutores reais. Com a observação e análise dessa dissertação não convencional, busco mostrar as relações existentes entre texto, discurso e gênero, a fim de comprovar a tese de que não está no texto a chave de realização de um gênero, mas em seu projeto enunciativo e nas relações enunciativas que se estabelecem entre os interlocutores nas diferentes esferas de uso da linguagem. Assim, busco responder a seguinte questão: se e como é possível que um trabalho constituído composicionalmente por cartas de cunho dito pessoal realize arquitetonicamente o gênero acadêmico dissertação. As bases teóricas do estudo estão calcadas, principalmente, nos dois principais pilares da concepção bakhtiniana de linguagem, quais sejam: dialogismo e gêneros do discurso. Desse modo, busco mostrar que os gêneros nascem das relações dialógicas da linguagem e que, portanto, são mutáveis de acordo com as necessidades dos falantes que os mobilizam no âmbito de cada esfera de atividade humana, não podendo ser reduzidos a meras textualidades. Logo em seguida, abordo alguns pressupostos teórico-metodológicos de construção dos gêneros acadêmicos, por ser esse meu objeto de análise, faço uma discussão sobre os diferentes gêneros carta, a partir da definição de constelação de gêneros de Araújo (2006) e apresento uma reflexão sobre a pesquisa narrativa ou autobiográfica, metodologia utilizada pela autora da dissertação analisada. Faço, ainda, uma contextualização sobre outros trabalhos acadêmicos não convencionais a que tive conhecimento durante o mestrado, bem como sobre a dissertação Quem forma quem? Instituição dos sujeitos. O percurso metodológico adotado para a análise da dissertação centra-se nas seguintes questões: 1) posição enunciativa e endereçamento do discurso; 2) o uso das formas composicionais da carta e o tom do discurso; 3) as marcas de narrativa e o tom do discurso; 4) o tom das cartas e as seções típicas do gênero acadêmico dissertação; 5) as marcas linguísticas e enunciativas responsáveis por revelar a significação e o tema; 6) as diferentes vozes presentes/constituintes no/do discurso e 7) os elementos de intertextualidade, interdiscursividade e intergenericidade envolvidos na construção da arquitetônica autoral da dissertação. Como resultado da pesquisa, a análise da dissertação mostrou que por meio do uso das formas composicionais da carta e de marcas da narrativa, a pesquisadora cria uma forma de interlocução direta e, por vezes, subjetiva, o que contribui para uma alteração do tom do discurso. A forma composicional da dissertação contribui ainda para que haja uma maior dialogicidade, em que uma multiplicidade de vozes podem ser ouvidas e há uma organização peculiar dessas vozes na construção do todo discursivo. Porém, mesmo sob outra forma composicional (a da carta), o que continua sendo realizado são as seções típicas de um trabalho acadêmico convencional, ou seja, a presença de marcas típicas da carta e da narrativa, não altera a finalidade enunciativa do texto, que continua fazendo parte de um dado gênero (o gênero acadêmico dissertação). A relação enunciativa que se estabelece e o projeto de dizer realizam o gênero acadêmico dissertação e não uma coletânea de cartas. Isso mostra como é possível usar as formas típicas de um gênero em outro, sem que com isso haja necessariamente alteração do projeto enunciativo do gênero no âmbito do qual se produzem enunciados. |
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