O cordel num contexto de multidão: perspectivas pedagógicas para a multiplicidade

• Autor(a) principal: Barros, Josias Silvano de
• Data de Publicação: 2016
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEPB
• Texto Completo: http://tede.bc.uepb.edu.br/tede/jspui/handle/tede/2635
• topic: Literatura de cordel - multiplicidade. Subjetividade. Multidão. Proposta pedagógica; CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS

A cultura num contexto de multiplicidade (técnica, econômica e social) molda realidades cotidianas por meio de representações, singulares e coletivas, que oferecem critérios e referências para a condução da vida diária. Neste sentido, nossa pesquisa busca verificar como o cordel, compreendido no contexto da contemporaneidade, que é tanto urbano quanto de multidão, pode ser mediador de uma proposta pedagógica capaz de dar conta das singularidades da multidão. Com isso, queremos dizer que compreendemos o cordel inserido nos devires contemporâneos, sobretudo no espaço da cidade, como a produção e a expressão das subjetividades dos múltiplos sujeitos e de suas diversidades constitutivas, e como essa leitura pode contribuir para o campo da educação em interface com os saberes literários, ao trazer a possibilidade de perceber o papel e representações construídas em torno da multidão no cordel e o trato destas questões na sala de aula. Por base teórica, apresentamos o conceito de multidão, com respaldo nas concepções de Antonio Negri e Michael Hardt (2014), para estabelecer um elo entre multidão, cordel e escola, e desenvolver uma proposta pedagógica a partir das potencialidades dos sujeitos sociais presentes nos cordéis. Após analisar o contexto multitudinal de um corpus de vinte e quatro cordéis, com destaque para alguns personagens minoritários (negro, gay e camponês), materializamos uma pesquisa-ação, de abordagem qualitativa, em uma turma de Ensino Médio da rede pública de ensino da Paraíba. As discussões sobre educação e escola estão respaldadas em Candau (2014), Moreira (2001), Nóvoa (2009), Assmann (1998), Bourdieu (2013), Gatti (2011) e Morin (1998). Em relação à literatura de cordel, temos o apoio teórico de Silva (2010), Beltrão (2001), Luyten (1992), Araújo (2007, 2009), Haurélio (2013) e Evaristo (2011). Para uma análise cultural, trouxemos autores como Martín-Barbero (2008), Hall (2005), Glissant (2005), Bauman (2007, 2013) e Canclini (2008). A pesquisa revelou que o cordel, na sala de aula, compreendido no contexto da multiplicidade, amplia as discussões sobre manifestações e expressões produtivas da multidão, ao passo que possibilita aos alunos se reconhecerem enquanto construtores biopolíticos. É por isso que o cordel é uma das formas potenciais das minorias brasileiras que se urbanizam, não sendo possível pensá-los em separado, cordel/cidade, cordel/multidão.