o encontro com o buriti: a árvore da vida e as crianças warao em nova iguaçu
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Childhood & Philosophy (Rio de Janeiro. Online) |
Texto Completo: | https://www.e-publicacoes.uerj.br/childhood/article/view/67605 |
Resumo: | “Só existe a beleza se existir interlocutor. A beleza da lagoa é sempre alguém”. Valter Hugo Mãe expressa nosso desejo na feitura desse artigo: partilhar o encontro com as crianças refugiadas, acolhidas em Nova Iguaçu, município da Baixada Fluminense. Os Waraos são indígenas da região norte da Venezuela e seu nome significa povo da canoa, dada sua relação profunda com as águas. Pelas águas turbulentas da vida, um grupo de crianças e suas famílias chegaram em Nova Iguaçu. Antes de serem lá acolhidas, as famílias “acamparam” no entorno do Terminal Rodoviário Novo Rio por algumas semanas. Inicialmente foram encaminhados para um abrigo público, mas o mar agitado refratava diferenças de perfil entre eles e os integrantes que já faziam parte do abrigo. Por uma iniciativa religiosa, as famílias foram acolhidas pelo município de Japeri num sítio. Permaneceram por seis meses, porém mais uma vez foram navegar em outras águas, pois sofriam a eminência de um despejo. Na busca de águas mais tranquilas, os Waraos foram acolhidos pelo município de Nova Iguaçu e foram incluídos no programa de bolsa moradia da Secretaria de Assistência Social (SEMAS), porém a bolsa não era o suficiente para alugar um imóvel. As famílias (cinco núcleos interligados) tinham o desejo de permanecerem juntas, a SEMAS cedeu e adaptou, então, à moradia dos indígenas, uma escola desativada. As crianças foram matriculadas na unidade escolar municipal próxima. Dentro de águas agitadas, em plena pandemia, o Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Linguagens, Infâncias e Diferenças – GEPELID, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, entrou em cena, acompanhando a rotina dessas crianças na escola de abrigo e no Centro de Ação Social de Marambaia. Nessas ondas de encontros com os Waraos fomos impactadas com a descrição da árvore Buriti, árvore da vida! Ah, o Buriti, palavra que causou afeto e aprendizagem, pois possui raízes profundas e uma ligação afetiva para os Warao. Destarte esse artigo está calcado nas nossas experiências desses encontros, pois segundo Larrosa: a “experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. (...). A cada dia se passam muitas coisas, porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece”. Cabe destacar que o aporte teórico dessa escrita possui arquitetônica em Bakhtin e na relação entre o pesquisador e os sujeitos do campo.</p |
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Inicialmente foram encaminhados para um abrigo público, mas o mar agitado refratava diferenças de perfil entre eles e os integrantes que já faziam parte do abrigo. Por uma iniciativa religiosa, as famílias foram acolhidas pelo município de Japeri num sítio. Permaneceram por seis meses, porém mais uma vez foram navegar em outras águas, pois sofriam a eminência de um despejo. Na busca de águas mais tranquilas, os Waraos foram acolhidos pelo município de Nova Iguaçu e foram incluídos no programa de bolsa moradia da Secretaria de Assistência Social (SEMAS), porém a bolsa não era o suficiente para alugar um imóvel. As famílias (cinco núcleos interligados) tinham o desejo de permanecerem juntas, a SEMAS cedeu e adaptou, então, à moradia dos indígenas, uma escola desativada. As crianças foram matriculadas na unidade escolar municipal próxima. Dentro de águas agitadas, em plena pandemia, o Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Linguagens, Infâncias e Diferenças – GEPELID, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, entrou em cena, acompanhando a rotina dessas crianças na escola de abrigo e no Centro de Ação Social de Marambaia. Nessas ondas de encontros com os Waraos fomos impactadas com a descrição da árvore Buriti, árvore da vida! Ah, o Buriti, palavra que causou afeto e aprendizagem, pois possui raízes profundas e uma ligação afetiva para os Warao. Destarte esse artigo está calcado nas nossas experiências desses encontros, pois segundo Larrosa: a “experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. (...). A cada dia se passam muitas coisas, porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece”. Cabe destacar que o aporte teórico dessa escrita possui arquitetônica em Bakhtin e na relação entre o pesquisador e os sujeitos do campo.</p“There`s only beauty if there is an interlocutor. The beauty of the lagoon is always someone” (Mãe, 2017, p.40). Valter Hugo Mãe expresses our desire in the making of this paper to share our experience of meeting refugee children, as part of an ongoing research project dedicated to exploring the conditions in which they live in Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, Brazil, and the influences they bring with them from their birth countries. In the process of conducting this research, we were surprised by a group of children who belong to the Warao ethnic group, and who have been welcomed by the municipality of Nova Iguaçu, which is part of Baixada Fluminense. The Warao are indigenous peoples from the North of Venezuela and their name means “canoe,” given their close relationship with water. A group of displaced Warao children and their families arrived in Nova Iguaçu after having “camped” out in the surroundings of Novo Rio bus station for a few weeks, followed by a sojourn in a public shelter, where the differences between them and the existing members of the institution led to conflict. Through a religious institution’s initiative, the families then found shelter in a small farm in the city of Japeri. They stayed there for six months, but once again were threatened by the prospect of eviction, after which they were finally welcomed in the city of Nova Iguaçu. The families–five interconnected units–expressed the wish to remain together and a social service institution found them a closed school building, which was modified to accommodate the group. When the Covid pandemic struck, the research and study group GEPELID began following the daily routine of these children at the shelter school and at the Marambaia welfare center. In their meetings with the Warao, the researchers were struck by their references to the Buriti tree as the “tree of life,” and the depths of its implications for their identity. In exploring this concept, the research group’s experience of radical cultural difference revealed the extent to which research in the human sciences is always a meeting with the other, and the relation between researcher and subjects an occasion for dialogue.Este artículo propone debatir algunas cuestiones relativas a la educación de los niños y niñas abordadas por Hannah Arendt en su ensayo "La crisis de la educación". El cuestionamiento sobre "la obligación que la existencia de niños y niñas impone a toda la sociedad" es la clave de lectura para una apuesta ético-política en la formación de las nuevas generaciones en un mundo desencantado por la extrañeza de lo humano y por la flagrante negación de criterios que el pasado -como autoridad- nos legó como soporte para la acción y juicio sobre el mundo. Si en la educación no debe recaer toda la responsabilidad por el mundo, al menos debe ser capaz de insertar a los niños y niñas en una cultura pública que les permita volver al aspecto público del mundo para apropiárselo. Las cuestiones planteadas por Arendt, aunque plagadas de críticas y paradojas, nos movilizan a pensar que sólo una educación fundada en un horizonte público es capaz de formar a niños y niñas para que tengan la oportunidad de actuar en el mundo y sean capaces de discernir la civilización de la barbarie, lo justo de lo injusto, la verdad de la mentira, el bien del mal. Si sus reflexiones revelan la utopía de su pensamiento, también revelan la esperanza y la responsabilidad colectiva que la llegada de niños y niñas a un mundo preexistente impone a toda sociedad humana.Universidade do Estado do Rio de Janeiro2022-10-09info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.e-publicacoes.uerj.br/childhood/article/view/6760510.12957/childphilo.2022.67605childhood & philosophy; Vol. 18 (2022); 01 - 22childhood & philosophy; v. 18 (2022); 01 - 22childhood & philosophy; Vol. 18 (2022); 01 - 221984-5987reponame:Childhood & Philosophy (Rio de Janeiro. 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