Demanda vocal de professores em diferentes modalidades de ensino na pandemia da COVID-19: estudo multicêntrico

• Autor(a) principal: Santos, Beatriz Pedreira Braga
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
• Texto Completo: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/37752
• topic: CNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::FONOAUDIOLOGIA; Voz;; Docentes;; COVID-19;; Exposição ocupacional;; Distúrbios da Voz.; Voice;; Teachers;; COVID-19; Occupational Exposure;; Voice Disorders.

INTRODUÇÃO: a classe docente enfrenta uma alta prevalência de problemas vocais devido ao uso excessivo da voz durante longos períodos de tempo, agravados por condições precárias de trabalho. A pandemia de COVID-19 trouxe mudanças significativas na educação, levando ao ensino remoto emergencial (ERE) e, posteriormente, ao retorno às aulas presenciais (REP), com medidas de proteção para contenção da disseminação do coronavírus. OBJETIVO: identificar a demanda vocal em docentes durante a pandemia no ERE e após REP. MÉTODOS: trata-se de um estudo multicêntrico, observacional, transversal, descritivo e exploratório, com professores da Educação Básica das cidades de Belo Horizonte, Campinas, Salvador e São Paulo. O projeto foi registrado sob o CAAE nº 35899020.6.1001.5662, sendo aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa das instituições envolvidas. Aplicou-se questionário semiestruturado on-line, disponível no GoogleForms, durante o ERE e REP, contendo informações sociodemográficas, uso de máscaras, ambiente de trabalho, além dos protocolos Grau de Quantidade de Fala e Intensidade da Voz (GQVIF) e Condições de Produção Vocal dos Professores (CPV-P). Os dados foram analisados descritivamente, utilizando-se medidas de tendência central e dispersão. RESULTADOS: participaram da pesquisa 332 professores, no ERE (n=263) e no REP (n=69). O perfil sociodemográfico foi de predomínio feminino (ERE=87,8%; REP=79,7%), autodeclarado branco (ERE=40,6%; REP=39,1%), casado (ERE=57,7%) e separado (REP=63,7%), pós-graduado (ERE=70,3%; REP=79,7%), com média de 45,5(9) anos de idade. Os docentes participantes do ERE eram majoritariamente da cidade de São Paulo (44,4%), no REP a maioria foi de Salvador (34,7%), com média de ERE=19,3(19,6) e REP=17,73(8,9) anos de trabalho como professor. Relataram um ambiente de trabalho ruidoso (ERE=54,3%; REP=50,7%), sendo esse ruído forte (ERE=59,3%; REP=47,8%), e com presença de poeira (ERE=41,1%; REP=49,3%). Referiram alterações vocais (ERE=47,9%; REP=52,2%), sem tratamento atual (ERE=49,8%; REP=46,4%). Quanto ao GQFIV, referente à voz habitual, os professores tiveram uma média no ERE=5,0(1,5) e no REP=5,3(1,3) para quantidade de fala; ERE=3,9(2) e REP=4,8(1,3), para intensidade vocal. Referente à voz no ambiente de trabalho, as médias aumentaram, sendo ERE=5,7(1,2) e REP=5,8(1,1) para fala e ERE=5,3(1,4) e 5,4(1) para a voz. Sobre o ERE, autodeclararam muito trabalho doméstico acumulado (32,7%) e espaço físico para pequeno ministrar aulas (32,3%), sendo o computador (27,4%) o dispositivo mais utilizado. Quase sempre utilizavam fones de ouvido (18,3%) sendo que, ao utilizarem, notaram aumento do volume da voz (26,6%). A maior parte não utilizou microfones (22,8%). No REP, os professores relataram fazer força para a voz sair ao utilizarem máscaras (69,3%). CONCLUSÃO: os resultados evidenciam que em ambos momentos, ERE e REP, os professores enfrentaram uma alta demanda vocal, tanto para quantidade de fala quanto para intensidade de voz, especialmente no trabalho. Autorreferiram alterações vocais, associadas a condições de trabalho desfavoráveis. No ERE, as professoras precisaram conciliar o trabalho com as atividades domésticas, enquanto no REP foi necessária a utilização de máscaras, o que exigiu um esforço adicional da voz