Tudo que a boca come: a capoeira e suas gingas na modernidade
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFBA |
Texto Completo: | http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31831 |
Resumo: | Este trabalho procura entender como a capoeira se relaciona com a Modernidade. Os pensadores decoloniais argumentam que a Modernidade não pode ser pensada sem sua face oculta, a Colonialidade, e seus brutais processos de escravização e genocídio. Apesar de ser uma manifestação cultural que apoia sua identidade sobre um discurso de tradição, a capoeira é fruto desse violento encontro entre povos e culturas. Nos propomos a pensá-la como uma contracultura da Modernidade, que ginga com a colonialidade, com um pé dentro e outro fora da razão instrumental hegemônica, operando com distintas lógicas e racionalidades. A capoeira, em nosso trabalho, é pensada como um símbolo da sociedade brasileira com todos seus paradoxos, ambiguidades e contradições. Uma representante da nossa Modernidade, modelo próprio construído pela intersecção e cruzamento de diferentes heranças e temporalidades. Desafiamos aqui a profecia weberiana de que o advento da Modernidade - ou, sob um viés marxista, a expansão do Capital - levaria irreversivelmente à racionalização e desencantamento do mundo. Pretendemos demonstrar que, por um lado, a capoeira se racionalizou de diferentes formas, com seus processos de esportivização e normatização. Até as políticas culturais que pretendem salvaguardar os saberes tradicionais impulsionam os mestres e grupos a se burocratizarem para ter acesso ao poder público e suas verbas. Por outro lado, este mundo permanece encantado, guardando conexões e segredos sutis que, embora desafiem o senso comum do materialismo científico hegemônico, guardam estreitas relações com outras formas de descrição da realidade. Trataremos dessa relação íntima da capoeira com o candomblé, através do caboclo, de Exu e dos ancestrais. |
id |
UFBA-2_6892a3faaabbc5a78c824174c086044a |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:repositorio.ufba.br:ri/31831 |
network_acronym_str |
UFBA-2 |
network_name_str |
Repositório Institucional da UFBA |
repository_id_str |
1932 |
spelling |
Magalhães Filho, Paulo AndradeSantos, Adalberto SilvaPires, Antônio Liberac Cardoso SimõesVieira, Luiz RenatoOliveira, Eduardo David deMoura, Milton AraújoCanedo, Daniele Pereira2020-04-16T17:58:45Z2020-04-16T17:58:45Z2020-04-162019-09http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31831Este trabalho procura entender como a capoeira se relaciona com a Modernidade. Os pensadores decoloniais argumentam que a Modernidade não pode ser pensada sem sua face oculta, a Colonialidade, e seus brutais processos de escravização e genocídio. Apesar de ser uma manifestação cultural que apoia sua identidade sobre um discurso de tradição, a capoeira é fruto desse violento encontro entre povos e culturas. Nos propomos a pensá-la como uma contracultura da Modernidade, que ginga com a colonialidade, com um pé dentro e outro fora da razão instrumental hegemônica, operando com distintas lógicas e racionalidades. A capoeira, em nosso trabalho, é pensada como um símbolo da sociedade brasileira com todos seus paradoxos, ambiguidades e contradições. Uma representante da nossa Modernidade, modelo próprio construído pela intersecção e cruzamento de diferentes heranças e temporalidades. Desafiamos aqui a profecia weberiana de que o advento da Modernidade - ou, sob um viés marxista, a expansão do Capital - levaria irreversivelmente à racionalização e desencantamento do mundo. Pretendemos demonstrar que, por um lado, a capoeira se racionalizou de diferentes formas, com seus processos de esportivização e normatização. Até as políticas culturais que pretendem salvaguardar os saberes tradicionais impulsionam os mestres e grupos a se burocratizarem para ter acesso ao poder público e suas verbas. Por outro lado, este mundo permanece encantado, guardando conexões e segredos sutis que, embora desafiem o senso comum do materialismo científico hegemônico, guardam estreitas relações com outras formas de descrição da realidade. Trataremos dessa relação íntima da capoeira com o candomblé, através do caboclo, de Exu e dos ancestrais.Submitted by Paulo Andrade Magalhães Filho (paulomagalhaes80@gmail.com) on 2020-04-16T13:47:13Z No. of bitstreams: 1 Tudo que a boca come - A capoeira e suas gingas na modernidade - Tese Paulo Magalhães.pdf: 2334740 bytes, checksum: 6547ea1487fdd9ac171fa36975ba9009 (MD5)Approved for entry into archive by Setor de Periódicos (per_macedocosta@ufba.br) on 2020-04-16T17:58:45Z (GMT) No. of bitstreams: 1 Tudo que a boca come - A capoeira e suas gingas na modernidade - Tese Paulo Magalhães.pdf: 2334740 bytes, checksum: 6547ea1487fdd9ac171fa36975ba9009 (MD5)Made available in DSpace on 2020-04-16T17:58:45Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Tudo que a boca come - A capoeira e suas gingas na modernidade - Tese Paulo Magalhães.pdf: 2334740 bytes, checksum: 6547ea1487fdd9ac171fa36975ba9009 (MD5)Ciências SociaisCapoeiraModernidadeDesencantamentoDecolonialidadePensamento BantuTudo que a boca come: a capoeira e suas gingas na modernidadeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisInstituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton SantosPrograma Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e SociedadeUFBAbrasilinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFBAinstname:Universidade Federal da Bahia (UFBA)instacron:UFBAORIGINALTudo que a boca come - A capoeira e suas gingas na modernidade - Tese Paulo Magalhães.pdfTudo que a boca come - A capoeira e suas gingas na modernidade - Tese Paulo Magalhães.pdfapplication/pdf2334740https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/31831/1/Tudo%20que%20a%20boca%20come%20-%20A%20capoeira%20e%20suas%20gingas%20na%20modernidade%20-%20Tese%20Paulo%20Magalh%c3%a3es.pdf6547ea1487fdd9ac171fa36975ba9009MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain1442https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/31831/2/license.txte3e6f4a9287585a60c07547815529482MD52TEXTTudo que a boca come - A capoeira e suas gingas na modernidade - Tese Paulo Magalhães.pdf.txtTudo que a boca come - A capoeira e suas gingas na modernidade - Tese Paulo Magalhães.pdf.txtExtracted texttext/plain577822https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/31831/3/Tudo%20que%20a%20boca%20come%20-%20A%20capoeira%20e%20suas%20gingas%20na%20modernidade%20-%20Tese%20Paulo%20Magalh%c3%a3es.pdf.txtd3ff98c913ae10f09a5769556751a64dMD53ri/318312022-07-01 10:46:52.383oai:repositorio.ufba.br:ri/31831VGVybW8gZGUgTGljZW4/YSwgbj9vIGV4Y2x1c2l2bywgcGFyYSBvIGRlcD9zaXRvIG5vIFJlcG9zaXQ/cmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZCQS4KCiBQZWxvIHByb2Nlc3NvIGRlIHN1Ym1pc3M/Pz8/byBkZSBkb2N1bWVudG9zLCBvIGF1dG9yIG91IHNldSByZXByZXNlbnRhbnRlIGxlZ2FsLCBhbyBhY2VpdGFyIGVzc2UgdGVybW8gZGUgbGljZW4/Pz8/YSwgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0Pz8/P3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRhIEJhaGlhIG8gZGlyZWl0byBkZSBtYW50ZXIgdW1hIGM/Pz8/cGlhIGVtIHNldSByZXBvc2l0Pz8/P3JpbyBjb20gYSBmaW5hbGlkYWRlLCBwcmltZWlyYSwgZGUgcHJlc2VydmE/Pz8/Pz8/P28uIAoKRXNzZXMgdGVybW9zLCBuPz8/P28gZXhjbHVzaXZvcywgbWFudD8/Pz9tIG9zIGRpcmVpdG9zIGRlIGF1dG9yL2NvcHlyaWdodCwgbWFzIGVudGVuZGUgbyBkb2N1bWVudG8gY29tbyBwYXJ0ZSBkbyBhY2Vydm8gaW50ZWxlY3R1YWwgZGVzc2EgVW5pdmVyc2lkYWRlLgoKIFBhcmEgb3MgZG9jdW1lbnRvcyBwdWJsaWNhZG9zIGNvbSByZXBhc3NlIGRlIGRpcmVpdG9zIGRlIGRpc3RyaWJ1aT8/Pz8/Pz8/bywgZXNzZSB0ZXJtbyBkZSBsaWNlbj8/Pz9hIGVudGVuZGUgcXVlOgoKIE1hbnRlbmRvIG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCByZXBhc3NhZG9zIGEgdGVyY2Vpcm9zLCBlbSBjYXNvIGRlIHB1YmxpY2E/Pz8/Pz8/P2VzLCBvIHJlcG9zaXQ/Pz8/cmlvIHBvZGUgcmVzdHJpbmdpciBvIGFjZXNzbyBhbyB0ZXh0byBpbnRlZ3JhbCwgbWFzIGxpYmVyYSBhcyBpbmZvcm1hPz8/Pz8/Pz9lcyBzb2JyZSBvIGRvY3VtZW50byAoTWV0YWRhZG9zIGRlc2NyaXRpdm9zKS4KCiBEZXN0YSBmb3JtYSwgYXRlbmRlbmRvIGFvcyBhbnNlaW9zIGRlc3NhIHVuaXZlcnNpZGFkZSBlbSBtYW50ZXIgc3VhIHByb2R1Pz8/Pz8/Pz9vIGNpZW50Pz8/P2ZpY2EgY29tIGFzIHJlc3RyaT8/Pz8/Pz8/ZXMgaW1wb3N0YXMgcGVsb3MgZWRpdG9yZXMgZGUgcGVyaT8/Pz9kaWNvcy4KCiBQYXJhIGFzIHB1YmxpY2E/Pz8/Pz8/P2VzIHNlbSBpbmljaWF0aXZhcyBxdWUgc2VndWVtIGEgcG9sPz8/P3RpY2EgZGUgQWNlc3NvIEFiZXJ0bywgb3MgZGVwPz8/P3NpdG9zIGNvbXB1bHM/Pz8/cmlvcyBuZXNzZSByZXBvc2l0Pz8/P3JpbyBtYW50Pz8/P20gb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMsIG1hcyBtYW50Pz8/P20gYWNlc3NvIGlycmVzdHJpdG8gYW9zIG1ldGFkYWRvcyBlIHRleHRvIGNvbXBsZXRvLiBBc3NpbSwgYSBhY2VpdGE/Pz8/Pz8/P28gZGVzc2UgdGVybW8gbj8/Pz9vIG5lY2Vzc2l0YSBkZSBjb25zZW50aW1lbnRvIHBvciBwYXJ0ZSBkZSBhdXRvcmVzL2RldGVudG9yZXMgZG9zIGRpcmVpdG9zLCBwb3IgZXN0YXJlbSBlbSBpbmljaWF0aXZhcyBkZSBhY2Vzc28gYWJlcnRvLgo=Repositório InstitucionalPUBhttp://192.188.11.11:8080/oai/requestopendoar:19322022-07-01T13:46:52Repositório Institucional da UFBA - Universidade Federal da Bahia (UFBA)false |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
Tudo que a boca come: a capoeira e suas gingas na modernidade |
title |
Tudo que a boca come: a capoeira e suas gingas na modernidade |
spellingShingle |
Tudo que a boca come: a capoeira e suas gingas na modernidade Magalhães Filho, Paulo Andrade Ciências Sociais Capoeira Modernidade Desencantamento Decolonialidade Pensamento Bantu |
title_short |
Tudo que a boca come: a capoeira e suas gingas na modernidade |
title_full |
Tudo que a boca come: a capoeira e suas gingas na modernidade |
title_fullStr |
Tudo que a boca come: a capoeira e suas gingas na modernidade |
title_full_unstemmed |
Tudo que a boca come: a capoeira e suas gingas na modernidade |
title_sort |
Tudo que a boca come: a capoeira e suas gingas na modernidade |
author |
Magalhães Filho, Paulo Andrade |
author_facet |
Magalhães Filho, Paulo Andrade |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Magalhães Filho, Paulo Andrade |
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv |
Santos, Adalberto Silva |
dc.contributor.referee1.fl_str_mv |
Pires, Antônio Liberac Cardoso Simões Vieira, Luiz Renato Oliveira, Eduardo David de Moura, Milton Araújo Canedo, Daniele Pereira |
contributor_str_mv |
Santos, Adalberto Silva Pires, Antônio Liberac Cardoso Simões Vieira, Luiz Renato Oliveira, Eduardo David de Moura, Milton Araújo Canedo, Daniele Pereira |
dc.subject.cnpq.fl_str_mv |
Ciências Sociais |
topic |
Ciências Sociais Capoeira Modernidade Desencantamento Decolonialidade Pensamento Bantu |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Capoeira Modernidade Desencantamento Decolonialidade Pensamento Bantu |
description |
Este trabalho procura entender como a capoeira se relaciona com a Modernidade. Os pensadores decoloniais argumentam que a Modernidade não pode ser pensada sem sua face oculta, a Colonialidade, e seus brutais processos de escravização e genocídio. Apesar de ser uma manifestação cultural que apoia sua identidade sobre um discurso de tradição, a capoeira é fruto desse violento encontro entre povos e culturas. Nos propomos a pensá-la como uma contracultura da Modernidade, que ginga com a colonialidade, com um pé dentro e outro fora da razão instrumental hegemônica, operando com distintas lógicas e racionalidades. A capoeira, em nosso trabalho, é pensada como um símbolo da sociedade brasileira com todos seus paradoxos, ambiguidades e contradições. Uma representante da nossa Modernidade, modelo próprio construído pela intersecção e cruzamento de diferentes heranças e temporalidades. Desafiamos aqui a profecia weberiana de que o advento da Modernidade - ou, sob um viés marxista, a expansão do Capital - levaria irreversivelmente à racionalização e desencantamento do mundo. Pretendemos demonstrar que, por um lado, a capoeira se racionalizou de diferentes formas, com seus processos de esportivização e normatização. Até as políticas culturais que pretendem salvaguardar os saberes tradicionais impulsionam os mestres e grupos a se burocratizarem para ter acesso ao poder público e suas verbas. Por outro lado, este mundo permanece encantado, guardando conexões e segredos sutis que, embora desafiem o senso comum do materialismo científico hegemônico, guardam estreitas relações com outras formas de descrição da realidade. Trataremos dessa relação íntima da capoeira com o candomblé, através do caboclo, de Exu e dos ancestrais. |
publishDate |
2019 |
dc.date.submitted.none.fl_str_mv |
2019-09 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2020-04-16T17:58:45Z |
dc.date.available.fl_str_mv |
2020-04-16T17:58:45Z |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2020-04-16 |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
format |
doctoralThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31831 |
url |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31831 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos |
dc.publisher.program.fl_str_mv |
Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade |
dc.publisher.initials.fl_str_mv |
UFBA |
dc.publisher.country.fl_str_mv |
brasil |
publisher.none.fl_str_mv |
Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da UFBA instname:Universidade Federal da Bahia (UFBA) instacron:UFBA |
instname_str |
Universidade Federal da Bahia (UFBA) |
instacron_str |
UFBA |
institution |
UFBA |
reponame_str |
Repositório Institucional da UFBA |
collection |
Repositório Institucional da UFBA |
bitstream.url.fl_str_mv |
https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/31831/1/Tudo%20que%20a%20boca%20come%20-%20A%20capoeira%20e%20suas%20gingas%20na%20modernidade%20-%20Tese%20Paulo%20Magalh%c3%a3es.pdf https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/31831/2/license.txt https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/31831/3/Tudo%20que%20a%20boca%20come%20-%20A%20capoeira%20e%20suas%20gingas%20na%20modernidade%20-%20Tese%20Paulo%20Magalh%c3%a3es.pdf.txt |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
6547ea1487fdd9ac171fa36975ba9009 e3e6f4a9287585a60c07547815529482 d3ff98c913ae10f09a5769556751a64d |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 MD5 MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Institucional da UFBA - Universidade Federal da Bahia (UFBA) |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1808459612478767104 |