CULTURA, CONTEÚDO E CERCAMENTO DO SER HUMANO: herança intangível da UNESCO no novo milênio
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Caderno CRH |
Texto Completo: | https://periodicos.ufba.br/index.php/crh/article/view/24683 |
Resumo: | Patrimônio, como “herança cultural da humanidade” é uma tecnologia social que transforma a cultura e, por conseguinte, as práticas íntimas e cotidianas das pessoas em uma espécie de propriedade. Como consequência da onda neoliberal, o patrimônio vem sendo configurado como um recurso particular ou comunitário de valor essencial, capaz de alimentar economias de conhecimento através das quais é possível mercantilizar a vida moral, rotineira e familiar do cidadão brasileiro. Neste texto, como extensão de abordagens antropológicas do patrimônio, argumento que uma oscilação entre propriedades culturais alienáveis e inalienáveis construídas sobre rotinas cotidianas, ou o que tem sido considerado, na Bahia, como uma espécie de essência humana alienável e supervisada pela UNESCO, se baseia numa forma de cercamento. Isso significa que qualidades humanas são encurraladas e garimpadas por meio de regimes técnicos de tombamento histórico. Por conseguinte, esse argumento segue a lógica da mercantilização desenfreada sob os auspícios do neoliberalismo. Também considera que o conceito de cercamento pode ser estendido desde análises de desapropriação de terras comuns até o marketing da imagem de um povo. Ao escolher essa abordagem, pretendo sugerir caminhos para pesquisas futuras sobre a produção global do valor e suas relações com as lutas contemporâneas por justiça social.CULTURE, CONTENT, AND THE ENCLOSURE OF HUMAN BEING: UNESCO'S “intangible” heritage in the new millenniumCultural heritage, or patrimony, is a technology that transforms people's everyday habits, or culture, into forms of property. Thus in neoliberalism's wake, patrimony has been configured as a source of value essential to development schemes that stress knowledge economies. In this review and extension of anthropological approaches to patrimony, I argue that a vacillation between alienable and inalienable cultural properties constructed around quotidian habits, or what has been construed as some sort of human essence supervised by UNESCO, has come to rest today on a hybrid form of mining and enclosure of human qualities. I follow the logic of a rampant commodification under neoliberalism and consider how enclosure may be extended conceptually from analyses of land to the marketing of a peoplehood. My goal in doing so is to suggest avenues for future research on the global production of value and its relationship to struggles for social justice today.Key-words: Heritage; UNESCO; Historical Centres; Neoliberalism; Commodification. CULTURE, CONTENU ET LA CLÔTURE DE L'ÊTRE HUMAIN: le patrimoine “immatériel” de l'UNESCO dans le nouveau millénaireLe patrimoine culturel est une technologie qui transforme les habitudes quotidiennes des gens, ou leur culture, en formes de propriété. Ainsi, à la suite du néolibéralisme, le patrimoine a été configuré comme une source de valeur essentielle aux schémas de développement qui mettent l'accent sur les économies du savoir. Dans cette revue et extension des approches anthropologiques au patrimoine, je soutiens qu'un vacillement entre les biens culturels aliénables et inaliénables construits autour des habitudes quotidiennes, ou ce qui a été interprété comme une sorte d'essence humaine supervisée par l'UNESCO, est aujourd'hui fondé sur une forme hybride de l'exploitation minière et de la clôture des qualités humaines. Je suis la logique d'une marchandisation rampante sous le néolibéralisme et considère comment la clôture peut s'étendre conceptuellement de l'analyse de la clôture des champs communautaires à la commercialisation d'un peuple. Mon objectif est de suggérer des pistes pour futures recherches sur la production mondiale de valeur et sa relation avec les luttes pour la justice sociale aujourd'hui.Mots-clés: Patrimoine; UNESCO; Centres historiques; Néolibéralisme; Marchandisation. |
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