Levantamento etnobotânico de plantas medicinais em comunidade indígena no Município de Baía da Traição - PB.

• Autor(a) principal: LEITE, Islanny Alvino.
• Data de Publicação: 2013
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
• Texto Completo: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/26776
• topic: Levantamento etnobotânico; Etnobotânica; Plantas medicinais - Litoral Norte - PB; Baía da Traição - PB - plantas medicinais; Comunidade indígena - Baía da Traição - PB - plantas medicinais; Medicina popular; Comunidades tradicionais; Índios e plantas medicinais; Fitoterapia; Índios Potiguara - Paraíba; Ethnobotanical survey; Ethnobotany; Medicinal plants - North Coast - PB; Baía da Traição - PB - medicinal plants; Indigenous community - Baía da Traição - PB - medicinal plants; Folk medicine; Traditional communities; Indians and medicinal plants; Phytotherapy; Potiguara Indians - Paraíba; Ciências Biológicas

O uso dos recursos vegetais está fortemente presente na cultura popular que é transmitida de pais para filhos no decorrer da existência humana, tomando-se uma tradição entre os povos contemporâneos. Este conhecimento geralmente é encontrado em povos tradicionais, como os grupos indígenas, que tendem à redução ou mesmo ao desaparecimento, quando sofrem a ação inexorável da modernidade. Este trabalho objetivou-se realizar um levantamento etnobotânico de plantas medicinais em comunidade indígena no município de Baía da Traição-PB. O presente estudo foi do tipo exploratório descritivo, com abordagem quantiqualitativa. A coleta de dados foi realizada no período de maio a junho de 2013 na residência dos informantes, utilizando como instrumento de coleta um questionário de entrevistas estruturadas contendo perguntas subjetivas e objetivas. As plantas coletadas foram identificadas, constituídas exsicatas e incorporadas ao Herbário do Centro de Saúde e Tecnologia Rural da Universidade Federal de Campina Grande. Foram entrevistados 80 informantes, num universo de 159 famílias, sendo 71% do sexo feminino, compreendendo uma faixa etária de 20 a 92 anos, apresentando em sua maioria o Ensino Fundamental I ou II incompleto (43%). A maior proporção das famílias utiliza a atividade agrícola como fonte de subsistência (56%), possuindo uma renda familiar de até 1 salário mínimo (82%). A comunidade acredita na cura de enfermidades por meio do uso de plantas medicinais (98,75%), informando que nunca houve queixa de plantas quanto a efeitos colaterais (97%), porém, as mesmas podem ser nocivas se utilizadas incorretamente (60%). Quanto à forma de uso, 100% associam plantas na preparação dos remédios, 87% não misturam remédios caseiros a medicamentos convencionais. A comunidade recorre às plantas (51%) como primeira estratégia de tratamento das afecções. O conhecimento sobre o uso das plantas com fins medicinais foi repassado de pai para filho (98%) ressaltando a tradição da cultura indígena. Com relação às partes das plantas mais utilizadas, se destacam as folhas com 48%, seguidas das raízes com 24%. Quanto à forma de obtenção, destaca-se o cultivo próprio (51%), mas também recorrem à mata indígena local (29%). Sobre a forma de utilização das plantas, o chá foi citado em maior proporção (48%), seguido do lambedor (45%). As indicações terapêuticas mais representadas fazem parte do sistema digestivo (22%), seguindo do respiratório (17%). Foram citadas pelos informantes 49 espécies distribuídas em 26 famílias, onde as mais citadas foram o capim-santo (10,8), o barbatenon (9,3%), a aroeira e a hortelã-miúda (9%), e as famílias mais representadas foram: Lamiaceae (12,2%), Fabaceae (10,2%), Myrtaceae e Asteraceae (6,1%). De acordo com os resultados obtidos, pode-se afirmar que a comunidade estudada é portadora de um vasto conhecimento da medicina tradicional e da fitoterapia, usadas pelos informantes conforme encontrado em literatura consultada. A importância das plantas é incomparável, sendo fonte direta de recursos para remédios, das quais fazem uso secular.