Seca e sociedade civil: o caso de Patos.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: ROCHA, Yara Regina Candelária.
Data de Publicação: 1984
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
Texto Completo: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/2663
Resumo: Esta dissertação trata do estudo especifico das representações do fenômeno da seca na Sociedade Civil sertaneja. Para estudar esta questão escolhemos o caso da Sociedade Civil de Patos, cidade importante dos sertões paraibanos. 0 tema interessou-nos pelo seu caráter inovador. De fato, os estudos de caráter sociológico sobre a seca tem enfatizado , até a exaustão a ótica do Estado. Nossa preocupação centraliza-se em deslocar o eixo da análise para a compreensão desse fenômeno neste outro espaço social composto de organismos "privados" e voluntários" que joga um papel fundamental na reprodução da superestrutura politica e ideológica como um todo. Nosso estudo privilegiou a parte institucionalizada da Sociedade Civil escolhida como caso. Se há.perda em extensão,julgamos que ela é compensada por uma maior profundidade, na medida em que pudemos nos deter com mais cuidado em cada uma das que enfocamos. No decorrer da pesquisa de campo, durante a qual realizamos 135 entrevistas, fizemos um levantamento de todas as instituições que encontramos, tanto religiosas, como corporativas, sociais, esportivas, partidárias, culturais, etc, enfim,todos os espaços organizados a nível de Sociedade Civil, num total 52 associações inquiridas. Para efeito de análise essas instituições foram classificadas em 10 tipos: corporativas, culturais, de caráter reivindicativo, comunicação, educativas/escolares, partidárias, religiosas,sócia is, esportivas/sociais, beneficentes. Num segundo momento, foram reclassificadas em instituições ligadas ã classe dominante ou dominada. A pesquisa de campo foi realizada entre novembro e dezembro de 1982, no auge da seca que assolou o Nordeste por 5 anos. A Sociedade Civil analisada, demonstra possuir grande compreensão do que é a seca no momento atual, capacidade de denúncia de alguns setores representativos, algum poder de barganha com relação ao poder local, e, principalmente, o germe de um movimento consciente que, a nível local, pode se ampliar e favorecer a outros mais atuantes, envolventes e, por conseguinte,mais consequentes. Por outro lado, como já esperávamos, o poder do Estado está presente e perpassa toda a Sociedade Civil de Patos, influindo diretamente nas decisões de demandas deste espaço social. Não existe, porém, apenas uma representação da seca. A representação extranatural é muito pequena, restringindo-se a apenas 1,5% das entrevistas. A maior parte,portanto, concebe-a como um fenômeno natural (91,0%), e uma pequena,mas significante, minoria a vê como social (7,4%), donde passível de transformação desde que se adote politicas realmente eficientes no combate à seca. Essas politicas tem sido prometidas pelo Estado que no entanto não as tem realizado ao longo dos anos. Ha quase um aspecto de consenso na afirmação da má atuação dos órgãos governamentais na política de combate ã seca. Logicamente há algumas nuances diferenciadoras na 5«ali ação desses órgãos. A maioria dos entrevistados responsabiliza diretamente o governo federal (poder central) pela repercussão de politicas errôneas na luta contra esse fenômeno que assola o Nordeste. A prefeitura , no entender dos entrevistados, é dentre os órgãos governamentais a que possui melhor atuação no tocante ao assunto enfocado. Os dados da pesquisa apontam para o fato de que, os diversos setores da Sociedade Civil Patoense conseguem manter certo dinamismo, pelo menos no que se refere a expressão de sua insatisfação perante as decisões governamentais. Isso nos faz crer que existe um interlocutor para a Sociedade Politica a nível do município estudado e uma crescente conscientização nas camadas populares com relação aos problemas que lhes dizem respeito, inclusive compreendendo a relação entre o natural e o social, no caso da seca.
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Nossa preocupação centraliza-se em deslocar o eixo da análise para a compreensão desse fenômeno neste outro espaço social composto de organismos "privados" e voluntários" que joga um papel fundamental na reprodução da superestrutura politica e ideológica como um todo. Nosso estudo privilegiou a parte institucionalizada da Sociedade Civil escolhida como caso. Se há.perda em extensão,julgamos que ela é compensada por uma maior profundidade, na medida em que pudemos nos deter com mais cuidado em cada uma das que enfocamos. No decorrer da pesquisa de campo, durante a qual realizamos 135 entrevistas, fizemos um levantamento de todas as instituições que encontramos, tanto religiosas, como corporativas, sociais, esportivas, partidárias, culturais, etc, enfim,todos os espaços organizados a nível de Sociedade Civil, num total 52 associações inquiridas. Para efeito de análise essas instituições foram classificadas em 10 tipos: corporativas, culturais, de caráter reivindicativo, comunicação, educativas/escolares, partidárias, religiosas,sócia is, esportivas/sociais, beneficentes. Num segundo momento, foram reclassificadas em instituições ligadas ã classe dominante ou dominada. A pesquisa de campo foi realizada entre novembro e dezembro de 1982, no auge da seca que assolou o Nordeste por 5 anos. A Sociedade Civil analisada, demonstra possuir grande compreensão do que é a seca no momento atual, capacidade de denúncia de alguns setores representativos, algum poder de barganha com relação ao poder local, e, principalmente, o germe de um movimento consciente que, a nível local, pode se ampliar e favorecer a outros mais atuantes, envolventes e, por conseguinte,mais consequentes. Por outro lado, como já esperávamos, o poder do Estado está presente e perpassa toda a Sociedade Civil de Patos, influindo diretamente nas decisões de demandas deste espaço social. Não existe, porém, apenas uma representação da seca. A representação extranatural é muito pequena, restringindo-se a apenas 1,5% das entrevistas. A maior parte,portanto, concebe-a como um fenômeno natural (91,0%), e uma pequena,mas significante, minoria a vê como social (7,4%), donde passível de transformação desde que se adote politicas realmente eficientes no combate à seca. Essas politicas tem sido prometidas pelo Estado que no entanto não as tem realizado ao longo dos anos. Ha quase um aspecto de consenso na afirmação da má atuação dos órgãos governamentais na política de combate ã seca. Logicamente há algumas nuances diferenciadoras na 5«ali ação desses órgãos. A maioria dos entrevistados responsabiliza diretamente o governo federal (poder central) pela repercussão de politicas errôneas na luta contra esse fenômeno que assola o Nordeste. A prefeitura , no entender dos entrevistados, é dentre os órgãos governamentais a que possui melhor atuação no tocante ao assunto enfocado. Os dados da pesquisa apontam para o fato de que, os diversos setores da Sociedade Civil Patoense conseguem manter certo dinamismo, pelo menos no que se refere a expressão de sua insatisfação perante as decisões governamentais. Isso nos faz crer que existe um interlocutor para a Sociedade Politica a nível do município estudado e uma crescente conscientização nas camadas populares com relação aos problemas que lhes dizem respeito, inclusive compreendendo a relação entre o natural e o social, no caso da seca.CNPqUniversidade Federal de Campina GrandeBrasilCentro de Humanidades - CHPÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAISUFCGNASCIMENTO, Elimar Pinheiro do.NASCIMENTO, E. 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