Graciliano, Gracilianos: múltiplos olhares entre a História e a Literatura.
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2009 |
Tipo de documento: | Artigo de conferência |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG |
Texto Completo: | http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/34442 |
Resumo: | Neste trabalho propomos um diálogo entre a Literatura e a História, a partir da análise das várias narrativas de Graciliano Ramos. Observamos que o discurso histórico e o discurso ficcional são próximos, dialogam. Ambos são linguagem, e como tal, buscam representar o mundo em sua volta, interpretá-lo, compreendê-lo, significá-lo. Assim, constroem sentidos para o real, para as experiências com o real, a partir da linguagem. Para o literato mexicano Octavio Paz, a linguagem tem uma essência simbólica, pois representa um elemento da realidade por outro, assim como nas metáforas. Como afirma o autor, ―pela palavra o homem é uma metáfora de si mesmo‖, assim, podemos pensar que o discurso literário e o discurso histórico são metáforas da realidade que tentam aprisionar. A literatura e a história, por caminhos diferentes, produzem suas narrativas, constroem enredos e tornam inteligíveis percepções de mundo. A trama perpassa as duas formas de representação da realidade e se cristalizam na narrativa. Narrativa essa que no olhar de Sandra Pesavento ―se coloca no lugar da coisa acontecida, é presentificação de uma ausência, uma representação‖. Nesse sentido, Paul Ricoeur aponta que a história é quase fictícia no sentido da ―quase-presença‖ dos acontecimentos colocados diante dos olhos do leitor por uma narrativa, enquanto que a narrativa de ficção é quase histórica, na medida em que os acontecimentos irreais que ela relata são fatos passados para a voz narrativa que se dirige ao leitor. Assim, discutimos Graciliano Ramos em sua obra mais conhecida, Vidas secas (1938), como também alguns dos manuscritos não-ficcionais. Propomos estudar o literato em sua multiplicidade desvelada pela escritura. A obra gracilianista, além de uma inequívoca expressão literária, é também um belo convite ao estudo e à pesquisa em história, pois nos oferece indícios, vestígios, pistas e sinais sobre as décadas de 1930 e 1940. Observamos em seus escritos um sujeito que precisa acusar e denunciar a estrutura social e desigualdades da época. O autor faz da literatura uma prática de resistência ao poder durante o governo Getúlio Vargas. Estabelece um contraponto para resistir à ordem instituída. O silenciamento do período é denunciado. Este enfoque fragmentário faz parte da pesquisa em desenvolvimento junto ao Doutorado do Programa de PósGraduação em Letras, da UFPB, sob orientação da Professora Dra. Ivone Tavares de Lucena |
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Neste trabalho propomos um diálogo entre a Literatura e a História, a partir da análise das várias narrativas de Graciliano Ramos. Observamos que o discurso histórico e o discurso ficcional são próximos, dialogam. Ambos são linguagem, e como tal, buscam representar o mundo em sua volta, interpretá-lo, compreendê-lo, significá-lo. Assim, constroem sentidos para o real, para as experiências com o real, a partir da linguagem. Para o literato mexicano Octavio Paz, a linguagem tem uma essência simbólica, pois representa um elemento da realidade por outro, assim como nas metáforas. Como afirma o autor, ―pela palavra o homem é uma metáfora de si mesmo‖, assim, podemos pensar que o discurso literário e o discurso histórico são metáforas da realidade que tentam aprisionar. A literatura e a história, por caminhos diferentes, produzem suas narrativas, constroem enredos e tornam inteligíveis percepções de mundo. A trama perpassa as duas formas de representação da realidade e se cristalizam na narrativa. Narrativa essa que no olhar de Sandra Pesavento ―se coloca no lugar da coisa acontecida, é presentificação de uma ausência, uma representação‖. Nesse sentido, Paul Ricoeur aponta que a história é quase fictícia no sentido da ―quase-presença‖ dos acontecimentos colocados diante dos olhos do leitor por uma narrativa, enquanto que a narrativa de ficção é quase histórica, na medida em que os acontecimentos irreais que ela relata são fatos passados para a voz narrativa que se dirige ao leitor. Assim, discutimos Graciliano Ramos em sua obra mais conhecida, Vidas secas (1938), como também alguns dos manuscritos não-ficcionais. Propomos estudar o literato em sua multiplicidade desvelada pela escritura. A obra gracilianista, além de uma inequívoca expressão literária, é também um belo convite ao estudo e à pesquisa em história, pois nos oferece indícios, vestígios, pistas e sinais sobre as décadas de 1930 e 1940. Observamos em seus escritos um sujeito que precisa acusar e denunciar a estrutura social e desigualdades da época. O autor faz da literatura uma prática de resistência ao poder durante o governo Getúlio Vargas. Estabelece um contraponto para resistir à ordem instituída. O silenciamento do período é denunciado. Este enfoque fragmentário faz parte da pesquisa em desenvolvimento junto ao Doutorado do Programa de PósGraduação em Letras, da UFPB, sob orientação da Professora Dra. Ivone Tavares de Lucena |
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