GÃnero e EducaÃÃo Escolar: AnÃlise das representaÃÃes de gÃnero nos livros didÃticos do ensino primÃrio em MoÃambique.

• Autor(a) principal: Lucas Alberto Essilamo Nerua
• Data de Publicação: 2016
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC
• Texto Completo: http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=16185
• topic: Livros DidÃticos; RelaÃÃes de GÃnero; DominaÃÃo Masculina; Textbook; Male Domination; Gender Relations; SOCIOLOGIA

à partindo da importÃncia, funÃÃo e em especÃfico do papel ideolÃgico que a educaÃÃo escolar em particular os manuais didÃticos tiveram no processo de reconstruÃÃo nacional, na formaÃÃo e difusÃo da nova identidade moÃambicana no pÃs-independÃncia (1975), que a presente dissertaÃÃo se propÃe a refletir sobre o papel ideolÃgico da educaÃÃo escolar, em particular dos livros didÃticos do ensino primÃrio, no processo de concepÃÃo, construÃÃo e reproduÃÃo institucional das diferenÃas ou igualdade de gÃnero. Para este proposito, analisamos como os livros didÃticos representam as relaÃÃes de gÃnero entre homem e mulher em seus conteÃdos, bem como verificamos se questionam ou reproduzem os papeis socialmente aceitos pra homens e mulheres. Tomamos como material empÃrico de nossa pesquisa os livros didÃticos dos primeiros 7 anos de escolaridade do ensino primÃrio de gestÃo pÃblica, nomeadamente, o de lÃngua portuguesa (livro de leitura), EducaÃÃo Moral e CÃvica, OfÃcios e MatemÃtica. Afastando-se das concepÃÃes pedagÃgicas sobre o livro didÃtico, o estudo encara por meio dos pressupostos da obra âa dominaÃÃo masculinaâ de Bourdieu, o livro didÃtico em anÃlise enquanto um espaÃo privilegiado de difusÃo de estereÃtipos, diferenÃas de gÃnero entre homem e mulher que tendem a representar o primeiro como provedor e a segunda como subalterna/submissa. Nesta vertente, os resultados desta pesquisa sugerem que a educaÃÃo escolar por meio dos livros didÃticos do ensino primÃrio em MoÃambique tende a reproduzir institucionalmente as diferenÃas de gÃnero ao transcrever relaÃÃes de gÃnero arbitrarias e desiguais como o tipo ideal de padrÃes comportamentais de gÃnero, que mostram o lugar e as atividades que devem ser desempenhadas pelas mulheres e nÃo por homens e vice- versa. O que perpetua nos educandos o arbitrÃrio cultural masculino que passa a ser exposto e tomado como modelo desejÃvel de conduta, ainda que esconda dentro de si mesmo uma descriminaÃÃo da mulher, sua ocultaÃÃo e submissÃo a essa ordem social masculina que à reprime e a confina a doxa da dominaÃÃo patriarcal de gÃnero.