Impactos socioambientais e desempenho da fossa verde no Assentamento 25 de Maio, Madalena (CearÃ)

• Autor(a) principal: Christine Farias Coelho
• Data de Publicação: 2013
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC
• Texto Completo: http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=9581
• topic: reuso de Ãgua; biorremediaÃÃo vegetal; tecnologia social; saneamento rural; coeficiente de retorno; reuse water; vegetal bioremediation; social technology; rural sanitation; coefficient of return; OUTROS

A contaminaÃÃo dos ecossistemas aquÃticos atravÃs do lanÃamento de resÃduos sÃlidos e lÃquidos constitui um dos impactos ambientais mais observados no semiÃrido nordestino, implicando em prejuÃzos aos usos mÃltiplos da Ãgua e na saÃde coletiva. Portanto, o reuso planejado de Ãgua assume papel fundamental na gestÃo sustentÃvel dos recursos hÃdricos. O presente trabalho tem por objetivo avaliar o desempenho e as repercussÃes socioambientais do MÃdulo Fossa Verde (MFV, ou canteiro biossÃptico) implantado no Assentamento 25 de Maio (A25M, Madalena, CearÃ). Essa tecnologia social corresponde a um modelo alternativo de tratamento de efluente domiciliar que considera o reuso da Ãgua em quintais produtivos, a proteÃÃo dos recursos naturais e contribui para o saneamento rural. A pesquisa adota como estudo de caso 58 fossas verdes construÃdas de modo participativo em residÃncias e equipamentos sociais no A25M. O nÃvel de satisfaÃÃo e apropriaÃÃo da tecnologia foi obtido por meio da tÃcnica combinada de entrevista e observaÃÃo participante realizadas no perÃodo de Set./2011 a Set./2012. Os canteiros foram monitorados na mesma ocasiÃo das entrevistas e foram considerados os seguintes critÃrios avaliativos: grau de utilizaÃÃo, cultivo e diversidade de planta, posicionamento das mudas, porte e quantidade das mudas, ocorrÃncia de extravasamento, refluxo, entupimento, odor e realizaÃÃo da manutenÃÃo. Em relaÃÃo ao nÃvel de satisfaÃÃo, percebe-se que o contentamento dos beneficiÃrios com o MFV à mais visÃvel nos casos em que as bananeiras frutificaram e nas situaÃÃes de desempenho satisfatÃrio do sistema. A escassez hÃdrica interferiu no desempenho de alguns canteiros em decorrÃncia do menor aporte de efluente provindo do consumo de Ãgua domÃstico. E de modo geral, a utilizaÃÃo dos quintais produtivos associados ao saneamento ecolÃgico fortalece a agricultura familiar e valoriza a cultura local, alÃm disso, promove a saÃde ambiental. A avaliaÃÃo da qualidade do substrato foi baseada em parÃmetros microbiolÃgicos (C-BMS, RBS e qCO2) e quÃmicos (pH, P, MO, CE) analisados em amostras de canteiros biossÃpticos sob diferenciados sistemas gerenciamentos. Os resultados apontaram que os sistemas com maiores Ãndices de atividade metabÃlica sÃo aqueles onde se observam os melhores cenÃrios de desenvolvimento vegetal. O desenvolvimento satisfatÃrio das culturas, inclusive com fornecimento de frutos (mamÃo, banana, pimentÃo, tomate) pode estar associado ao cultivo mÃltiplo de espÃcies no canteiro, sugerindo um arranjo de culturas que melhor se adeque aos nÃveis fÃsforo, nitrogÃnio e, sobretudo, teor de salinidade, encontrados nos substratos coletados. Amostras representativas de tomate (Solanum esculentum), pimenta (Capsicum chinense), banana (Musa sp.) e folha de malvarisco (Plectranthus amboinicus L.) foram submetidas à anÃlise de qualidade sanitÃria e os resultados indicaram que os mesmos sÃo plenamente aptos para o consumo. Os parÃmetros de dimensionamento do sistema foram calculados atravÃs do balanÃo de massa hÃdrica e incluem a estimativa do consumo per capita de Ãgua, contribuiÃÃo de esgoto e coeficiente de retorno (r) em duas situaÃÃes distintas: casa interligada à rede de abastecimento de Ãgua e casa desprovida de Ãgua encanada. Para estimativa do uso consuntivo do MFV foi utilizado um canteiro controle com cultivo de banana (Musa spp.), em que a taxa de evapotranspiraÃÃo da cultura (Etc), verificada pelos mÃtodos Tanque Classe A e Penman-Monteith, apresentou 5,1mm.dia-1 para o consumo hÃdrico. O dimensionamento satisfatÃrio para o aproveitamento mais eficiente da Ãgua provinda do esgoto domÃstico à de 30 m para casas com Ãgua canalizada e de 2m para casas desprovidas de abastecimento de Ãgua em rede. Enfatiza-se a perspectiva de formulaÃÃo de polÃticas pÃblicas de saneamento rural para projetos de reforma agrÃria com vistas à habitaÃÃo saudÃvel e à promoÃÃo da saÃde coletiva.