O fantasma da palavra: a poÃtica da ausÃncia em A menina morta, de CornÃlio Penna
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC |
Texto Completo: | http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=18673 |
Resumo: | Este trabalho pretende estudar os vazios, as lacunas e as ausÃncias textuais no romance A menina morta (1954), de CornÃlio Penna. Nesse romance, encontra-se uma narrativa estruturada em torno da ausÃncia (a comeÃar pela ausÃncia da prÃpria menina que dà tÃtulo à obra), convidando o leitor a olhar incessantemente para um lugar vazio que, paradoxalmente, deixa sua marca sob a forma de recalque afetivo e mal-estar social. O olhar do leitor deseja ver mais, porÃm à o menos que o autor oferece, inscrevendo sua ficÃÃo sob o signo da negatividade e do esvaziamento. Sustenta-se a tese de que, nesse romance, diferentemente de suas obras iniciais, CornÃlio Penna supera a vertente fantÃstica, deslocando os âfantasmasâ da zona transcendente para o encontro inexorÃvel com o real. Busca-se a fundamentaÃÃo teÃrica desta tese na interface dos discursos da teoria literÃria, da filosofia e da psicanÃlise, atravÃs do diÃlogo com as obras de Sigmund Freud, Jacques Lacan, Maurice Blanchot, Giorgio Agamben, Walter Benjamin e Georges Didi-Huberman. AtravÃs desses pensadores, tenta-se evidenciar o jogo dialÃtico que CornÃlio Penna articula entre subjetividade e objetividade, atravÃs do qual a realidade se acha implicada nos modos de subjetivaÃÃo. Em A menina morta, portanto, a realidade do patriarcalismo e do escravismo se torna mais assustadora do que os fantasmas que povoam o imaginÃrio popular. O territÃrio que CornÃlio Penna escolheu para descrever o seu drama histÃrico faz do mito o labirinto da prÃpria histÃria, diante do qual os eventos se petrificam numa zona estagnada em que quase nada acontece, sobressaindo o luto e a melancolia. A relaÃÃo entre os personagens à marcada pela incomunicabilidade, devido ao medo de dizer e ao ressentimento de calar-se. Assim, restam aos personagens o refÃgio do nÃo-dito (diante da forÃa dos interditos) e a teatralizaÃÃo das palavras e dos gestos. O fantasma da palavra nÃo à â como se poderia supor â o silÃncio; o fantasma da palavra à a falta do nome, à esse lugar inespecÃfico onde o pensamento nÃo chega e a razÃo parece desmoronar. Trata-se, enfim, de uma abertura para um lugar inacessÃvel, uma aporia trÃgica, formada por um tempo sà de espera e um lugar sà de passagem. |
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Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC |
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info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisO fantasma da palavra: a poÃtica da ausÃncia em A menina morta, de CornÃlio PennaThe Phantom of the Word: the Poetics of Absence in A menina morta (The Dead Girl), by CornÃlio Penna2016-06-21Cid Ottoni Bylaardt25296167600http://lattes.cnpq.br/9466072856241017Cleudene de Oliveira AragÃo46579230304http://lattes.cnpq.br/8597754399627993Sarah Diva da Silva Ipiranga22388117372http://lattes.cnpq.br/5305457455244102Marcelo Almeida Peloggio00843134712http://lattes.cnpq.br/0264933610459240 Gabriela Frota Reinaldo44166630300http://lattes.cnpq.br/388506444650687236989789387http://lattes.cnpq.br/0949319986673765Douglas Carlos de Paula MoreiraUniversidade Federal do CearÃPrograma de PÃs-GraduaÃÃo em LetrasUFCBRCornÃlio Penna ausÃncia silÃncio olhar morteCornÃlio Penna Absence Silence Look DeathLITERATURA COMPARADAEste trabalho pretende estudar os vazios, as lacunas e as ausÃncias textuais no romance A menina morta (1954), de CornÃlio Penna. Nesse romance, encontra-se uma narrativa estruturada em torno da ausÃncia (a comeÃar pela ausÃncia da prÃpria menina que dà tÃtulo à obra), convidando o leitor a olhar incessantemente para um lugar vazio que, paradoxalmente, deixa sua marca sob a forma de recalque afetivo e mal-estar social. O olhar do leitor deseja ver mais, porÃm à o menos que o autor oferece, inscrevendo sua ficÃÃo sob o signo da negatividade e do esvaziamento. Sustenta-se a tese de que, nesse romance, diferentemente de suas obras iniciais, CornÃlio Penna supera a vertente fantÃstica, deslocando os âfantasmasâ da zona transcendente para o encontro inexorÃvel com o real. Busca-se a fundamentaÃÃo teÃrica desta tese na interface dos discursos da teoria literÃria, da filosofia e da psicanÃlise, atravÃs do diÃlogo com as obras de Sigmund Freud, Jacques Lacan, Maurice Blanchot, Giorgio Agamben, Walter Benjamin e Georges Didi-Huberman. AtravÃs desses pensadores, tenta-se evidenciar o jogo dialÃtico que CornÃlio Penna articula entre subjetividade e objetividade, atravÃs do qual a realidade se acha implicada nos modos de subjetivaÃÃo. Em A menina morta, portanto, a realidade do patriarcalismo e do escravismo se torna mais assustadora do que os fantasmas que povoam o imaginÃrio popular. O territÃrio que CornÃlio Penna escolheu para descrever o seu drama histÃrico faz do mito o labirinto da prÃpria histÃria, diante do qual os eventos se petrificam numa zona estagnada em que quase nada acontece, sobressaindo o luto e a melancolia. A relaÃÃo entre os personagens à marcada pela incomunicabilidade, devido ao medo de dizer e ao ressentimento de calar-se. Assim, restam aos personagens o refÃgio do nÃo-dito (diante da forÃa dos interditos) e a teatralizaÃÃo das palavras e dos gestos. O fantasma da palavra nÃo à â como se poderia supor â o silÃncio; o fantasma da palavra à a falta do nome, à esse lugar inespecÃfico onde o pensamento nÃo chega e a razÃo parece desmoronar. Trata-se, enfim, de uma abertura para um lugar inacessÃvel, uma aporia trÃgica, formada por um tempo sà de espera e um lugar sà de passagem.This work intends to study the voids, the gaps and the textual absences in the novel A menina morta [The dead girl] (1954), written by CornÃlio Penna. In this novel, we have found a structured narrative around the absence (starting with the absence of the very girl who gives title to the work), inviting the reader to look endlessly for an empty place that, paradoxically, leaves its mark in emotional repression form and social malaise. The reader look wants to see more, however is the least that the author offers, inscribing his fiction under the sign of negativity and emptying. We affirm that, in this novel, unlike his initial works, CornÃlio Penna overcomes the fantastic strand, moving the transcendent area "ghosts" for the inexorable encounter with real.We have sought the theoretical foundation of this thesis in the literary theory, philosophy and psychoanalysis speeches, through the dialogue with the works of Sigmund Freud, Jacques Lacan, Maurice Blanchot, Giorgio Agamben, Walter Benjamin and Georges Didi-Huberman. Through these thinkers, we have tried to show the dialectic game which CornÃlio Penna articulates among subjectivity and objectivity, through which the reality is implicated in the subjectivation modes. In A menina morta, therefore, the reality of patriarchy and slavery becomes more frightening than ghosts that inhabit the popular imagination. The territory chosen by CornÃlio Penna to describe his historical drama makes from the myth the labyrinth of history, up against the events are stoned in a stagnant zone in which almost nothing happens, protruding the mourning and the melancholy. The characters connection is marked by the lack of communication, due to fear of saying and the resentment of shut up. So, to the characters remain the refuge of unsaid (up against the bans strength) and the dramatization of words and gestures. The ghost of the word is not â as you might guess â the silence; the ghost of the word is the lack of the name, is this nonspecific place where the thinking does not reach and the reason seems to fall apart. In short, it is about an opening to an inaccessible place, a tragic aporia, formed by a time of expecting and a place of passage.nÃo hÃhttp://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=18673application/pdfinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCinstname:Universidade Federal do Cearáinstacron:UFC2019-01-21T11:31:31Zmail@mail.com - |
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This work intends to study the voids, the gaps and the textual absences in the novel A menina morta [The dead girl] (1954), written by CornÃlio Penna. In this novel, we have found a structured narrative around the absence (starting with the absence of the very girl who gives title to the work), inviting the reader to look endlessly for an empty place that, paradoxically, leaves its mark in emotional repression form and social malaise. The reader look wants to see more, however is the least that the author offers, inscribing his fiction under the sign of negativity and emptying. We affirm that, in this novel, unlike his initial works, CornÃlio Penna overcomes the fantastic strand, moving the transcendent area "ghosts" for the inexorable encounter with real.We have sought the theoretical foundation of this thesis in the literary theory, philosophy and psychoanalysis speeches, through the dialogue with the works of Sigmund Freud, Jacques Lacan, Maurice Blanchot, Giorgio Agamben, Walter Benjamin and Georges Didi-Huberman. Through these thinkers, we have tried to show the dialectic game which CornÃlio Penna articulates among subjectivity and objectivity, through which the reality is implicated in the subjectivation modes. In A menina morta, therefore, the reality of patriarchy and slavery becomes more frightening than ghosts that inhabit the popular imagination. The territory chosen by CornÃlio Penna to describe his historical drama makes from the myth the labyrinth of history, up against the events are stoned in a stagnant zone in which almost nothing happens, protruding the mourning and the melancholy. The characters connection is marked by the lack of communication, due to fear of saying and the resentment of shut up. So, to the characters remain the refuge of unsaid (up against the bans strength) and the dramatization of words and gestures. The ghost of the word is not â as you might guess â the silence; the ghost of the word is the lack of the name, is this nonspecific place where the thinking does not reach and the reason seems to fall apart. In short, it is about an opening to an inaccessible place, a tragic aporia, formed by a time of expecting and a place of passage. |
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Este trabalho pretende estudar os vazios, as lacunas e as ausÃncias textuais no romance A menina morta (1954), de CornÃlio Penna. Nesse romance, encontra-se uma narrativa estruturada em torno da ausÃncia (a comeÃar pela ausÃncia da prÃpria menina que dà tÃtulo à obra), convidando o leitor a olhar incessantemente para um lugar vazio que, paradoxalmente, deixa sua marca sob a forma de recalque afetivo e mal-estar social. O olhar do leitor deseja ver mais, porÃm à o menos que o autor oferece, inscrevendo sua ficÃÃo sob o signo da negatividade e do esvaziamento. Sustenta-se a tese de que, nesse romance, diferentemente de suas obras iniciais, CornÃlio Penna supera a vertente fantÃstica, deslocando os âfantasmasâ da zona transcendente para o encontro inexorÃvel com o real. Busca-se a fundamentaÃÃo teÃrica desta tese na interface dos discursos da teoria literÃria, da filosofia e da psicanÃlise, atravÃs do diÃlogo com as obras de Sigmund Freud, Jacques Lacan, Maurice Blanchot, Giorgio Agamben, Walter Benjamin e Georges Didi-Huberman. AtravÃs desses pensadores, tenta-se evidenciar o jogo dialÃtico que CornÃlio Penna articula entre subjetividade e objetividade, atravÃs do qual a realidade se acha implicada nos modos de subjetivaÃÃo. Em A menina morta, portanto, a realidade do patriarcalismo e do escravismo se torna mais assustadora do que os fantasmas que povoam o imaginÃrio popular. O territÃrio que CornÃlio Penna escolheu para descrever o seu drama histÃrico faz do mito o labirinto da prÃpria histÃria, diante do qual os eventos se petrificam numa zona estagnada em que quase nada acontece, sobressaindo o luto e a melancolia. A relaÃÃo entre os personagens à marcada pela incomunicabilidade, devido ao medo de dizer e ao ressentimento de calar-se. Assim, restam aos personagens o refÃgio do nÃo-dito (diante da forÃa dos interditos) e a teatralizaÃÃo das palavras e dos gestos. O fantasma da palavra nÃo à â como se poderia supor â o silÃncio; o fantasma da palavra à a falta do nome, à esse lugar inespecÃfico onde o pensamento nÃo chega e a razÃo parece desmoronar. Trata-se, enfim, de uma abertura para um lugar inacessÃvel, uma aporia trÃgica, formada por um tempo sà de espera e um lugar sà de passagem. |
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