Mulheres criminosas: transgressÃo, violÃncia e repressÃo na Fortaleza do SÃculo XIX
| Autor(a) principal: | |
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| Data de Publicação: | 2018 |
| Tipo de documento: | Tese |
| Idioma: | por |
| Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC |
| Texto Completo: | http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=20534 |
Resumo: | Neste trabalho procuramos analisar os discursos construÃdos sobre a mulher transgressora na Fortaleza oitocentista. A sociedade da Ãpoca determinou espaÃos e comportamentos especÃficos para homens e mulheres, processo que encontrou sustentaÃÃo em dispositivos de controle como a honra, na teia discursiva mantida pelo discurso jurÃdico em torno dos comportamentos idealizados/esperados para o masculino e o feminino, no carÃter pedagÃgico dos romances e folhetins, e nos noticiÃrios dos jornais. Os jornais de grande circulaÃÃo do perÃodo, principalmente O Cearense e Pedro II trazem em suas pÃginas a preocupaÃÃo de uma elite que alÃm de modernizar-se busca transformar a cidade no espaÃo ideal para si, privilegiando determinados comportamentos ditos civilizados e estendendo o seu olhar vigilante para os indesejÃveis com os quais coexistiam no espaÃo da urbe. à nesse jogo engendrado pelos discursos reguladores que as assassinas, adÃlteras, prostitutas, loucas e infanticidas sÃo representadas com todo o vigor como aquelas que nÃo representam a natureza feminina, tornam-se, aos olhos do pÃblico, verdadeiras feras e como tal, devem ser privadas do convÃvio social, encarceradas nas prisÃes ou no asilo. A figura da mulher fatal ao homem vai povoar o imaginÃrio social oitocentista como eco de uma sÃrie de representaÃÃes negativas em torno do feminino que com o advento da medicina social passou a transformar as transgressoras nÃo sà naquelas que rompiam com os padrÃes sociais, mas, por fugirem do papel esperado para o seu sexo, passaram a ser tratadas tambÃm como anormais. Estas anormais, isoladas do convÃvio social, marcadas pelo peso de suas transgressÃes ao papel de mulher ideal compunham o quadro que deixa evidente, no contraste entre as representaÃÃes em torno das mulheres ideais e das outras mulheres o esforÃo na manutenÃÃo dos privilÃgios do patriarcado principalmente no que se refere à violÃncia, em suas dimensÃes fÃsica, moral e simbÃlica. |
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info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisMulheres criminosas: transgressÃo, violÃncia e repressÃo na Fortaleza do SÃculo XIX2018-10-00Ana Rita Fonteles Duarte76612899387://lattes.cnpq.br/1294847348263407 81288450397http://lattes.cnpq.br/0310193933089847Walter de Carvalho JuniorUniversidade Federal do CearÃPrograma de PÃs-GraduaÃÃo em HistoriaUFCBRGÃnero Discurso Dispositivo GÃnero Discurso DispositivoGender Discourse DeviceGender Discourse DeviceHISTORIAHISTORIA Neste trabalho procuramos analisar os discursos construÃdos sobre a mulher transgressora na Fortaleza oitocentista. A sociedade da Ãpoca determinou espaÃos e comportamentos especÃficos para homens e mulheres, processo que encontrou sustentaÃÃo em dispositivos de controle como a honra, na teia discursiva mantida pelo discurso jurÃdico em torno dos comportamentos idealizados/esperados para o masculino e o feminino, no carÃter pedagÃgico dos romances e folhetins, e nos noticiÃrios dos jornais. Os jornais de grande circulaÃÃo do perÃodo, principalmente O Cearense e Pedro II trazem em suas pÃginas a preocupaÃÃo de uma elite que alÃm de modernizar-se busca transformar a cidade no espaÃo ideal para si, privilegiando determinados comportamentos ditos civilizados e estendendo o seu olhar vigilante para os indesejÃveis com os quais coexistiam no espaÃo da urbe. à nesse jogo engendrado pelos discursos reguladores que as assassinas, adÃlteras, prostitutas, loucas e infanticidas sÃo representadas com todo o vigor como aquelas que nÃo representam a natureza feminina, tornam-se, aos olhos do pÃblico, verdadeiras feras e como tal, devem ser privadas do convÃvio social, encarceradas nas prisÃes ou no asilo. A figura da mulher fatal ao homem vai povoar o imaginÃrio social oitocentista como eco de uma sÃrie de representaÃÃes negativas em torno do feminino que com o advento da medicina social passou a transformar as transgressoras nÃo sà naquelas que rompiam com os padrÃes sociais, mas, por fugirem do papel esperado para o seu sexo, passaram a ser tratadas tambÃm como anormais. Estas anormais, isoladas do convÃvio social, marcadas pelo peso de suas transgressÃes ao papel de mulher ideal compunham o quadro que deixa evidente, no contraste entre as representaÃÃes em torno das mulheres ideais e das outras mulheres o esforÃo na manutenÃÃo dos privilÃgios do patriarcado principalmente no que se refere à violÃncia, em suas dimensÃes fÃsica, moral e simbÃlica. Neste trabalho procuramos analisar os discursos construÃdos sobre a mulher transgressora na Fortaleza oitocentista. A sociedade da Ãpoca determinou espaÃos e comportamentos especÃficos para homens e mulheres, processo que encontrou sustentaÃÃo em dispositivos de controle como a honra, na teia discursiva mantida pelo discurso jurÃdico em torno dos comportamentos idealizados/esperados para o masculino e o feminino, no carÃter pedagÃgico dos romances e folhetins, e nos noticiÃrios dos jornais. Os jornais de grande circulaÃÃo do perÃodo, principalmente O Cearense e Pedro II trazem em suas pÃginas a preocupaÃÃo de uma elite que alÃm de modernizar-se busca transformar a cidade no espaÃo ideal para si, privilegiando determinados comportamentos ditos civilizados e estendendo o seu olhar vigilante para os indesejÃveis com os quais coexistiam no espaÃo da urbe. à nesse jogo engendrado pelos discursos reguladores que as assassinas, adÃlteras, prostitutas, loucas e infanticidas sÃo representadas com todo o vigor como aquelas que nÃo representam a natureza feminina, tornam-se, aos olhos do pÃblico, verdadeiras feras e como tal, devem ser privadas do convÃvio social, encarceradas nas prisÃes ou no asilo. A figura da mulher fatal ao homem vai povoar o imaginÃrio social oitocentista como eco de uma sÃrie de representaÃÃes negativas em torno do feminino que com o advento da medicina social passou a transformar as transgressoras nÃo sà naquelas que rompiam com os padrÃes sociais, mas, por fugirem do papel esperado para o seu sexo, passaram a ser tratadas tambÃm como anormais. Estas anormais, isoladas do convÃvio social, marcadas pelo peso de suas transgressÃes ao papel de mulher ideal compunham o quadro que deixa evidente, no contraste entre as representaÃÃes em torno das mulheres ideais e das outras mulheres o esforÃo na manutenÃÃo dos privilÃgios do patriarcado principalmente no que se refere à violÃncia, em suas dimensÃes fÃsica, moral e simbÃlica.In this work we looking for analyze the discourses built about the transgressor woman in the nineteenth-century Fortaleza. The way how society, at the time, determined specific spaces and behaviors for men and women found support both control devices such as honor, in the dicoursive web maintained by the legal discourse around the idealized / expected behaviorsfor the masculine and the feminine and in the massifier reach of newspapaer. The newspapers of great circulations at the time, mainly O Cearense and Pedro II bring in their pages the concern of an elite which in addition to modernizing itself seeks to tranform the city into the ideal space for itself, favoring certain behaviors called civilized and extending its watchful eye to the undesirables with which coexixted in the space of the city. It is in this game engedered by the regulatory discourses that murderers, adulterers, prostitutes, madwoman, infanticides are represented with all the force like those that do not represent the feminine nature, become, in the eyes of the public, true beasts and as such, they should be private of social conviviality, incarcerated in prisons or asylum. The figure of the woman fatal to man goes to populate the social imaginary nineteenth-century as echo of a series of negative representations around the feminine that with the advent of the social medicine turn to transform the transgressors not only those who broke the social patterns, but, for escaping from the expected role for their sex, were also treated as abnormal. These abnormals, isolated from the social life, marked by the weight of their transgressions to the role of ideal woman formed the picture that leaves evident, in the contrast between the representations around the ideal women and the others women, the effort in the maintenance of the privileges of the patriarchy, mainly in what it refers to violence, in their physical, moral and symbolic dimensions. In the contrast between representations around the ideal women and the others it is possible to perceive the reinforcement and the maintenance of the privileges of the patriarchy, mainly with regard to violence, in its physical, moral and symbolic dimensions.In this work we looking for analyze the discourses built about the transgressor woman in the nineteenth-century Fortaleza. The way how society, at the time, determined specific spaces and behaviors for men and women found support both control devices such as honor, in the dicoursive web maintained by the legal discourse around the idealized / expected behaviorsfor the masculine and the feminine and in the massifier reach of newspapaer. The newspapers of great circulations at the time, mainly O Cearense and Pedro II bring in their pages the concern of an elite which in addition to modernizing itself seeks to tranform the city into the ideal space for itself, favoring certain behaviors called civilized and extending its watchful eye to the undesirables with which coexixted in the space of the city. It is in this game engedered by the regulatory discourses that murderers, adulterers, prostitutes, madwoman, infanticides are represented with all the force like those that do not represent the feminine nature, become, in the eyes of the public, true beasts and as such, they should be private of social conviviality, incarcerated in prisons or asylum. The figure of the woman fatal to man goes to populate the social imaginary nineteenth-century as echo of a series of negative representations around the feminine that with the advent of the social medicine turn to transform the transgressors not only those who broke the social patterns, but, for escaping from the expected role for their sex, were also treated as abnormal. These abnormals, isolated from the social life, marked by the weight of their transgressions to the role of ideal woman formed the picture that leaves evident, in the contrast between the representations around the ideal women and the others women, the effort in the maintenance of the privileges of the patriarchy, mainly in what it refers to violence, in their physical, moral and symbolic dimensions. In the contrast between representations around the ideal women and the others it is possible to perceive the reinforcement and the maintenance of the privileges of the patriarchy, mainly with regard to violence, in its physical, moral and symbolic dimensions.nÃo hÃhttp://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=20534application/pdfinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCinstname:Universidade Federal do Cearáinstacron:UFC2019-01-21T11:33:02Zmail@mail.com - |
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Neste trabalho procuramos analisar os discursos construÃdos sobre a mulher transgressora na Fortaleza oitocentista. A sociedade da Ãpoca determinou espaÃos e comportamentos especÃficos para homens e mulheres, processo que encontrou sustentaÃÃo em dispositivos de controle como a honra, na teia discursiva mantida pelo discurso jurÃdico em torno dos comportamentos idealizados/esperados para o masculino e o feminino, no carÃter pedagÃgico dos romances e folhetins, e nos noticiÃrios dos jornais. Os jornais de grande circulaÃÃo do perÃodo, principalmente O Cearense e Pedro II trazem em suas pÃginas a preocupaÃÃo de uma elite que alÃm de modernizar-se busca transformar a cidade no espaÃo ideal para si, privilegiando determinados comportamentos ditos civilizados e estendendo o seu olhar vigilante para os indesejÃveis com os quais coexistiam no espaÃo da urbe. à nesse jogo engendrado pelos discursos reguladores que as assassinas, adÃlteras, prostitutas, loucas e infanticidas sÃo representadas com todo o vigor como aquelas que nÃo representam a natureza feminina, tornam-se, aos olhos do pÃblico, verdadeiras feras e como tal, devem ser privadas do convÃvio social, encarceradas nas prisÃes ou no asilo. A figura da mulher fatal ao homem vai povoar o imaginÃrio social oitocentista como eco de uma sÃrie de representaÃÃes negativas em torno do feminino que com o advento da medicina social passou a transformar as transgressoras nÃo sà naquelas que rompiam com os padrÃes sociais, mas, por fugirem do papel esperado para o seu sexo, passaram a ser tratadas tambÃm como anormais. Estas anormais, isoladas do convÃvio social, marcadas pelo peso de suas transgressÃes ao papel de mulher ideal compunham o quadro que deixa evidente, no contraste entre as representaÃÃes em torno das mulheres ideais e das outras mulheres o esforÃo na manutenÃÃo dos privilÃgios do patriarcado principalmente no que se refere à violÃncia, em suas dimensÃes fÃsica, moral e simbÃlica. Neste trabalho procuramos analisar os discursos construÃdos sobre a mulher transgressora na Fortaleza oitocentista. A sociedade da Ãpoca determinou espaÃos e comportamentos especÃficos para homens e mulheres, processo que encontrou sustentaÃÃo em dispositivos de controle como a honra, na teia discursiva mantida pelo discurso jurÃdico em torno dos comportamentos idealizados/esperados para o masculino e o feminino, no carÃter pedagÃgico dos romances e folhetins, e nos noticiÃrios dos jornais. Os jornais de grande circulaÃÃo do perÃodo, principalmente O Cearense e Pedro II trazem em suas pÃginas a preocupaÃÃo de uma elite que alÃm de modernizar-se busca transformar a cidade no espaÃo ideal para si, privilegiando determinados comportamentos ditos civilizados e estendendo o seu olhar vigilante para os indesejÃveis com os quais coexistiam no espaÃo da urbe. à nesse jogo engendrado pelos discursos reguladores que as assassinas, adÃlteras, prostitutas, loucas e infanticidas sÃo representadas com todo o vigor como aquelas que nÃo representam a natureza feminina, tornam-se, aos olhos do pÃblico, verdadeiras feras e como tal, devem ser privadas do convÃvio social, encarceradas nas prisÃes ou no asilo. A figura da mulher fatal ao homem vai povoar o imaginÃrio social oitocentista como eco de uma sÃrie de representaÃÃes negativas em torno do feminino que com o advento da medicina social passou a transformar as transgressoras nÃo sà naquelas que rompiam com os padrÃes sociais, mas, por fugirem do papel esperado para o seu sexo, passaram a ser tratadas tambÃm como anormais. Estas anormais, isoladas do convÃvio social, marcadas pelo peso de suas transgressÃes ao papel de mulher ideal compunham o quadro que deixa evidente, no contraste entre as representaÃÃes em torno das mulheres ideais e das outras mulheres o esforÃo na manutenÃÃo dos privilÃgios do patriarcado principalmente no que se refere à violÃncia, em suas dimensÃes fÃsica, moral e simbÃlica. |
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In this work we looking for analyze the discourses built about the transgressor woman in the nineteenth-century Fortaleza. The way how society, at the time, determined specific spaces and behaviors for men and women found support both control devices such as honor, in the dicoursive web maintained by the legal discourse around the idealized / expected behaviorsfor the masculine and the feminine and in the massifier reach of newspapaer. The newspapers of great circulations at the time, mainly O Cearense and Pedro II bring in their pages the concern of an elite which in addition to modernizing itself seeks to tranform the city into the ideal space for itself, favoring certain behaviors called civilized and extending its watchful eye to the undesirables with which coexixted in the space of the city. It is in this game engedered by the regulatory discourses that murderers, adulterers, prostitutes, madwoman, infanticides are represented with all the force like those that do not represent the feminine nature, become, in the eyes of the public, true beasts and as such, they should be private of social conviviality, incarcerated in prisons or asylum. The figure of the woman fatal to man goes to populate the social imaginary nineteenth-century as echo of a series of negative representations around the feminine that with the advent of the social medicine turn to transform the transgressors not only those who broke the social patterns, but, for escaping from the expected role for their sex, were also treated as abnormal. These abnormals, isolated from the social life, marked by the weight of their transgressions to the role of ideal woman formed the picture that leaves evident, in the contrast between the representations around the ideal women and the others women, the effort in the maintenance of the privileges of the patriarchy, mainly in what it refers to violence, in their physical, moral and symbolic dimensions. In the contrast between representations around the ideal women and the others it is possible to perceive the reinforcement and the maintenance of the privileges of the patriarchy, mainly with regard to violence, in its physical, moral and symbolic dimensions. In this work we looking for analyze the discourses built about the transgressor woman in the nineteenth-century Fortaleza. The way how society, at the time, determined specific spaces and behaviors for men and women found support both control devices such as honor, in the dicoursive web maintained by the legal discourse around the idealized / expected behaviorsfor the masculine and the feminine and in the massifier reach of newspapaer. The newspapers of great circulations at the time, mainly O Cearense and Pedro II bring in their pages the concern of an elite which in addition to modernizing itself seeks to tranform the city into the ideal space for itself, favoring certain behaviors called civilized and extending its watchful eye to the undesirables with which coexixted in the space of the city. It is in this game engedered by the regulatory discourses that murderers, adulterers, prostitutes, madwoman, infanticides are represented with all the force like those that do not represent the feminine nature, become, in the eyes of the public, true beasts and as such, they should be private of social conviviality, incarcerated in prisons or asylum. The figure of the woman fatal to man goes to populate the social imaginary nineteenth-century as echo of a series of negative representations around the feminine that with the advent of the social medicine turn to transform the transgressors not only those who broke the social patterns, but, for escaping from the expected role for their sex, were also treated as abnormal. These abnormals, isolated from the social life, marked by the weight of their transgressions to the role of ideal woman formed the picture that leaves evident, in the contrast between the representations around the ideal women and the others women, the effort in the maintenance of the privileges of the patriarchy, mainly in what it refers to violence, in their physical, moral and symbolic dimensions. In the contrast between representations around the ideal women and the others it is possible to perceive the reinforcement and the maintenance of the privileges of the patriarchy, mainly with regard to violence, in its physical, moral and symbolic dimensions. |
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