Percepção de vegetarianos e veganos sobre alimentos certificados com o selo vegano e análise de sua qualidade nutricional

• Autor(a) principal: Policarpo, Nathalia Lage
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
• Texto Completo: http://app.uff.br/riuff/handle/1/31328
• topic: Dieta vegetariana; Dieta vegana; Rotulagem de alimentos; Alimentos ultraprocessados; Certificação; Veganismo; Dieta vegetariana; Certificação de produto; Percepção; Alimento industrializado; Rotulagem de alimentos; Valor nutritivo; Vegetarian diet; Vegan diet; Food labeling;; Ultra processed foods; Certification

Introdução: A procura por alimentos veganos no Brasil vem crescendo, constituindo-se um novo segmento estratégico na indústria e comércio de alimentos. Ainda, em busca realizada na literatura científica, não há informações se os consumidores conhecem os critérios de certificação de alimentos veganos no Brasil, e como a presença do selo vegano influencia na decisão de consumo. Objetivo: Avaliar a percepção de vegetarianos e veganos sobre os produtos que recebem certificação vegana e verificar as características nutricionais dos produtos certificados com o selo vegano. Métodos: Foi realizada uma busca nos sites que fornecem a certificação vegana no Brasil para seleção dos produtos. Foram avaliados 95 produtos dos grupos: pães, biscoitos, substitutos de carne e substitutos de laticínios. Posteriormente, buscou-se os rótulos em mercados online e sites dos fabricantes. Para a avaliação da percepção de vegetarianos e veganos sobre os produtos certificados, realizou-se quatro grupos focais, com 22 voluntários ao total, e pesquisa através de questionário online com 537 participantes. Resultados: O carboidrato foi o macronutriente mais presente nos grupos, exceto nas bebidas vegetais. A proteína estava presente em maior teor nos substitutos de carne, e as gorduras saturadas, nos substitutos de queijos e biscoitos. Os pães e biscoitos apresentaram 20 e 16 tipos de farinhas diferentes, respectivamente. Nos substitutos de carnes, as principais fontes proteicas eram à base de soja, lentilha e grão-de-bico; com grande variedade de ingredientes naturais. A maioria das bebidas vegetais não apresentava açúcar adicionado, entretanto, todos os substitutos de iogurte continham açúcar ou edulcorante. Foram classificados como ultraprocessados 81% dos produtos. Os relatos dos grupos focais revelaram que a presença do selo vegano já os induziram à compra, apesar de não o relacionarem com saudabilidade e qualidade. Os participantes mais engajados com o veganismo criticaram os critérios de certificação, que avalia somente o produto, em desacordo aos princípios éticos do veganismo. Os resultados do questionário demonstraram que as principais motivações para se tornarem vegetarianos/veganos foram a preocupação com os animais e o meio-ambiente. A maioria dos participantes (80%) consideram, ocasionalmente ou frequentemente, os produtos com selo vegano com mais qualidade; e 65% acreditam que produtos certificados não contêm traços de alimentos de origem animal. Conclusão: O presente estudo expôs informações importantes sobre o perfil nutricional dos alimentos veganos certificados no Brasil. Há uma tendência de comercialização de produtos mais “naturais”, entretanto, há um alto percentual de ultraprocessados, com elevada presença de aditivos e alto teor de sódio, dados que ratificam alguns relatos dos grupos focais, sobre não haver relação do selo vegano com saudabilidade. No questionário, uma parcela considerou o produto com o selo vegano como mais saudável, o que pode ocorrer em alguns produtos certificados não ultraprocessados, tornando-os uma alternativa saudável quando comparados a alguns produtos ultraprocessados não veganos, ainda que não sejam nutricionalmente equivalentes aos seus respectivos alimentos convencionais. As críticas relatadas sobre a transformação do veganismo como mais um perfil de consumidor, desconsiderando seus princípios éticos, deve ser considerada e discutida sobre como os critérios de certificação vêm sendo aplicados pelas certificadoras