Exceção e paradigma securitário: influências da tese schmittiana e seu panorama crítico no pós-11 de setembro de 2001
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
Texto Completo: | http://app.uff.br/riuff/handle/1/26074 |
Resumo: | A exceção, compreendida a partir de uma limitação constitutiva das leis em manter seu referencial com a vida social, está presente como um problema clássico da Teoria Política. No entanto, sua conceituação se deu a partir do controverso jurista alemão Carl Schmitt, que introduziu o papel de uma figura soberana que não apenas atua na exceção, como também a decide. Na década de 1940, Walter Benjamin declarou que a exceção tem se transformado em regra geral. Em tempos mais recentes, o filósofo Giorgio Agamben tem buscado suas raízes epistemológicas, compreendendo que Schmitt criou na relação entre norma e exceção um espaço anômico que constitui, nas palavras do autor, um verdadeiro “paradigma de governo dominante na política contemporânea”. Com o 11 de setembro de 2001, a identificação massiva dos chamados novos inimigos e a elaboração de medidas extraordinárias para o combate ao terror, a discussão sobre a exceção foi resgatada no âmbito dos Estudos de Segurança a partir da Teoria da Securitização, que impõe ao objeto aceito como ameaça existencial medidas “para além dos limites da política”. Neste sentido, a expansão de processos securitizadores influencia no aumento de legislações de caráter emergencial que sacrificam direitos e liberdades em nome da segurança, especialmente nos Estados Unidos e na França. Parte dessa pesquisa destina-se a analisar o exemplo norte-americano com a publicação do Patriot Act como uma espécie de tipo ideal para o caso francês, onde decretos emergenciais foram promulgados especialmente após os ataques ao jornal Charlie Hebdo. Seu objeto, no entanto, é iminentemente teórico e visa compreender a exceção sob a ótica dos Estudos de Segurança Internacional no pós-11 de setembro de 2001. A hipótese é de que a exceção ainda reverbera na atualidade em condições distintas das propostas por Schmitt, mas igualmente danosas ao ser humano comum. |
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Em tempos mais recentes, o filósofo Giorgio Agamben tem buscado suas raízes epistemológicas, compreendendo que Schmitt criou na relação entre norma e exceção um espaço anômico que constitui, nas palavras do autor, um verdadeiro “paradigma de governo dominante na política contemporânea”. Com o 11 de setembro de 2001, a identificação massiva dos chamados novos inimigos e a elaboração de medidas extraordinárias para o combate ao terror, a discussão sobre a exceção foi resgatada no âmbito dos Estudos de Segurança a partir da Teoria da Securitização, que impõe ao objeto aceito como ameaça existencial medidas “para além dos limites da política”. Neste sentido, a expansão de processos securitizadores influencia no aumento de legislações de caráter emergencial que sacrificam direitos e liberdades em nome da segurança, especialmente nos Estados Unidos e na França. Parte dessa pesquisa destina-se a analisar o exemplo norte-americano com a publicação do Patriot Act como uma espécie de tipo ideal para o caso francês, onde decretos emergenciais foram promulgados especialmente após os ataques ao jornal Charlie Hebdo. Seu objeto, no entanto, é iminentemente teórico e visa compreender a exceção sob a ótica dos Estudos de Segurança Internacional no pós-11 de setembro de 2001. A hipótese é de que a exceção ainda reverbera na atualidade em condições distintas das propostas por Schmitt, mas igualmente danosas ao ser humano comum.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorThe exception, understood as a constitutive limitation of the law in keeping its reference to the real life, is a classical problem in the Political Theory. However, its theorization was only achieved by the controversial German jurist Carl Schmitt, who introduced the role of a sovereign character that not only acts in the exception, but also decides it. In the decade of 1940, Walter Benjamin declared that the exception had become the general rule. In recent times, the philosopher Giorgio Agamben searched for its epistemological roots, understanding that Schmitt created, in the relation between norm and exception, an anomic space that constitutes, in the authors’ words, a real “dominant paradigm of government in contemporary politics”. With the September 11, 2001, the massive identification of the so-called new enemies and the elaboration of extraordinary measures to combat terror, the discussion on the exception was restored in the International Security Studies through the Securitization Theory, that imposes measures “beyond the limits of politics” to the object accepted as an existential threat. Based on it, the expansion of processes of securitization influences in the increase of emergency legislations that sacrifices rights and liberties in the name of security, especially in the United States and France. Part of this research is destined to the analysis of the American example in the publication of the USA Patriot Act as a kind of ideal type to the French case, where emergency decrees were promulgated mainly after the attacks to the satirical journal Charlie Hebdo. Its object, however, is imminently theoretic and seeks to comprehend the exception under the eyes of the International Security Studies in the post-September 11, 2001. The hypothesis is that the exception still echoes in the present in different conditions of the ones proposed by Schmitt, but equally dangerous to the common human being.115 p.Almeida, Fernando Roberto de Freitashttp://lattes.cnpq.br/2284701635017107Gomes, Victor Leandro Chaveshttp://lattes.cnpq.br/3142949222914299Costa, Frederico Carlos de Sáhttp://lattes.cnpq.br/5765340713831252Castelo Branco, Pedro Hermílio Villas Bôashttp://lattes.cnpq.br/3947124412000175Rodrigues, Thiago Moreira de Souzahttp://lattes.cnpq.br/7161863911197127Yamato, Roberto Vilchezhttp://lattes.cnpq.br/0902694653764021http://lattes.cnpq.br/6332372439402129Coutinho, Rachel Silva da Rocha2022-08-10T13:16:31Z2022-08-10T13:16:31Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfCOUTINHO, Rachel Silva da Rocha. Exceção e paradigma securitário: influências da tese schmittiana e seu panorama crítico no pós-11 de setembro de 2001. 2017. 115 f. Dissertação (Mestrado em Estudos Estratégicos) - Programa de Pós-Graduação em Estudos Estratégicos da Defesa e da Segurança, Instituto de Estudos Estratégicos, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2017.http://app.uff.br/riuff/handle/1/26074CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2022-08-10T13:16:34Zoai:app.uff.br:1/26074Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202024-08-19T11:01:59.970114Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false |
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