Investigação do potencial adipogênico dos agrotóxicos abamectina e carbosulfano
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
Texto Completo: | https://app.uff.br/riuff/handle/1/12589 |
Resumo: | Nos últimos anos, o Brasil se tornou um dos maiores consumidores de agrotóxicos do mundo. Esses compostos podem contaminar água e solo, alterar o habitat de determinados animais, exercer efeitos tóxicos e até mesmo mortais. Trabalhos recentes mostram que alguns agrotóxicos podem atuar como desreguladores endócrinos, alterando funções do sistema endócrino e causando efeitos adversos à saúde. Entre os compostos desreguladores endócrinos, alguns são considerados obesogênicos ambientais, definidos como substâncias capazes de induzir acúmulo lipídico, principalmente via ativação do PPAR . O PPAR , considerado o regulador chave da adipogênese, pertence à superfamília dos receptores nucleares e atua como heterodímero com outro receptor nuclear, o RXRα. Considerando o elevado consumo de agrotóxicos e a escassez de estudos sobre seu efeito no metabolismo lipídico, esse trabalho teve como objetivo avaliar o potencial adipogênico da abamectina e do carbosulfano, dois agrotóxicos amplamente utilizados no Brasil. Para avaliar a toxicidade dos compostos e definir as concentrações não tóxicas para ensaios subsequentes, foi feito o ensaio de viabilidade celular em células 3T3-L1 e HeLa. Para avaliar o potencial de indução de acúmulo lipídico, foi realizado o ensaio de diferenciação em adipócitos. Para avaliar o efeito dos agrotóxicos sobre o PPAR e o RXRα, foi realizado o ensaio de transativação e gene repórter da luciferase. Os resultados mostraram que o carbosulfano não foi tóxico para os tipos celulares avaliados. No entanto, a abamectina apresentou toxicidade superior a 70% para as células 3T3-L1 na concentração de 100 µM e para as células HeLa nas concentrações 10 µM e 100 µM. No ensaio de diferenciação, tanto a abamectina 0,1 µM e 1 µM quanto o carbosulfano nas concentrações de 0,1 µM a 100 µM, foram capazes de induzir acúmulo lipídico. O ensaio de transfecção e gene repórter mostrou que a abamectina não foi capaz de alterar a atividade transcricional do PPAR e do RXRα, enquanto o carbosulfano aumentou a atividade do PPAR nas concentrações 10 µM e 100 µM, comportando-se como um agonista parcial desse receptor e não foi capaz de modular a atividade transcricional do RXRα. Com esses resultados, é possível concluir que os agrotóxicos estudados são indutores de adipogênese in vitro. O agrotóxico carbosulfano tem como um dos mecanismos de ação a ativação do PPAR , enquanto a via de atuação da abamectina não foi esclarecida neste estudo. Esses resultados contribuem para o entendimento de como esses compostos afetam a saúde humana. Novos estudos são necessários para investigar outras vias de atuação e verificar se esses resultados se reproduzem em organismos complexos. |
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Considerando o elevado consumo de agrotóxicos e a escassez de estudos sobre seu efeito no metabolismo lipídico, esse trabalho teve como objetivo avaliar o potencial adipogênico da abamectina e do carbosulfano, dois agrotóxicos amplamente utilizados no Brasil. Para avaliar a toxicidade dos compostos e definir as concentrações não tóxicas para ensaios subsequentes, foi feito o ensaio de viabilidade celular em células 3T3-L1 e HeLa. Para avaliar o potencial de indução de acúmulo lipídico, foi realizado o ensaio de diferenciação em adipócitos. Para avaliar o efeito dos agrotóxicos sobre o PPAR e o RXRα, foi realizado o ensaio de transativação e gene repórter da luciferase. Os resultados mostraram que o carbosulfano não foi tóxico para os tipos celulares avaliados. No entanto, a abamectina apresentou toxicidade superior a 70% para as células 3T3-L1 na concentração de 100 µM e para as células HeLa nas concentrações 10 µM e 100 µM. No ensaio de diferenciação, tanto a abamectina 0,1 µM e 1 µM quanto o carbosulfano nas concentrações de 0,1 µM a 100 µM, foram capazes de induzir acúmulo lipídico. O ensaio de transfecção e gene repórter mostrou que a abamectina não foi capaz de alterar a atividade transcricional do PPAR e do RXRα, enquanto o carbosulfano aumentou a atividade do PPAR nas concentrações 10 µM e 100 µM, comportando-se como um agonista parcial desse receptor e não foi capaz de modular a atividade transcricional do RXRα. Com esses resultados, é possível concluir que os agrotóxicos estudados são indutores de adipogênese in vitro. O agrotóxico carbosulfano tem como um dos mecanismos de ação a ativação do PPAR , enquanto a via de atuação da abamectina não foi esclarecida neste estudo. Esses resultados contribuem para o entendimento de como esses compostos afetam a saúde humana. Novos estudos são necessários para investigar outras vias de atuação e verificar se esses resultados se reproduzem em organismos complexos.In recente years, the Brazil became one of the largest consumers of pesticides of the world. Those compounds may contaminate wtarer and soil, to modify the habitat of certain animals to exert toxic effects and even deadly effects. Recent works shows that some pesticides may act as endocrine disrupters, altering endocrine system functions and causing adverse health effects. Among endocrine disrupters compounds, some are considered environmental obesogens, defined as substances capable of inducing lipid accumulation, mainly via PPAR activation. The PPAR , considered the key regulator of adipogenesis, belongs to the nuclear receptor superfamily and acts as a heterodimer with another nuclear receptor, RXRα. Considering the high consumption of pesticides and the scarcity of studies on their effect on lipid metabolism, this study aimed to evaluate the adipogenic potential of abamectin and carbosulfan, two pesticides widely used in the Brazil. To assess the toxicity of the compounds and to define non-toxic concentrations for subsequent assays, the cell viability assay was performed on 3T3-L1 and HeLa cells. To evaluate the potential for induction of lipid accumulation, the adipocyte differentiation assay was performed and to evaluate the effect on PPAR and RXRα, the transactivation and luciferase reporter gene assay were performed. The results showed that carbosulfan was not toxic to the cell types evaluated. However, abamectin showed toxicity greater than 70% for 3T3-L1 cells at concentration of 100 µM and HeLa cells at concentrations of 10 µM and 100 µM. In the differentiation assay, 0.1 and 1 µM abamectin and carbosulfan at 0.1 µM to 100 µM concentrations were able to induce lipid accumulation. The transfection and reporter gene assay showed that abamectin was not able to alter PPAR and RXRα transcriptional activity, while carbosulfan increased the PPAR activity at 10 µM and 100 µM concentrations, acting as a partial agonist of this receptor and was not able to modulate the transcriptional activity of RXRα. With these results, it is possible to conclude that the studied pesticides are inducers of in vitro adipogenesis. Carbosulfan has as one of its mechanisms of action the activation of PPAR , while the way of action of abamectin was not clarified in this study. Those results contribute to the understanding of how those compounds affect human health. Further studies are needed to investigate other pathways and to verify whether those results reproduce in complex organisms.Universidade Federal FluminenseNova FriburgoMendonça, Leonardo de SouzaMendonça, Leonardo de SouzaMatos, Livia Pinto de LimaSilva, Sandra Barbosa daBargut, Thereza Cristina LonzettiMilton, Flora AparecidaAraujo, Beatriz Peres de2020-01-07T16:59:45Z2020-01-07T16:59:45Z2019-12-20info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisapplication/pdfARAUJO, Beatriz Peres de. Investigação do potencial adipogênico dos agrotóxicos abamectina e carbosulfano. 2019. 55f. 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