Xucrismo, bagualogia e tradição "a grosso modo": (re)configuração dos espaços de experiência musical gauchesca

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Main Author: Reichelt, Henrique
Publication Date: 2019
Format: Doctoral thesis
Language: por
Source: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
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Summary: O segmento da música gauchesca é hegemonicamente construído a partir da figura (masculina) do gaúcho. Logo, a centralidade das discussões a respeito do (re)processamento de identidade(s) remete, em maior ou menor grau, às questões de gênero, o que insere este trabalho no campo das masculinidades. O presente trabalho investiga os espaços de experiência musical. Em um percurso multidisciplinar e multimetodológico que concilia discussão teórica, relato etnográfico e estudo de caso, busca-se entender os diferentes processos de construção de identidade, através da música. A composição de representações hiperbólicas aliadas a um humor satírico e debochado; a animalização; resistência cultural a ideia de juventude; apropriação inversão e exaltação do estigma da grossura; a rigidez, a ordem; a disciplina; a moral conservadora; Estes são alguns das ações e simbologias operacionalizada na presentificação da figura do gaúcho e seu imaginário. Nesta pesquisa, inicialmente é traçada a cartografia dos dois principais espaços de experiência musical gauchesca: a da rede de festivais nativistas - mostras competitivas, criadas aos moldes dos festivais da MPB – e a do circuito dos bailões - grandes casas noturnas periféricas. Os embates entre os movimentos tradicionalistas e nativistas travados durante os anos 1970 e 1980 são analisados, tal qual as disputas iniciadas ao final da década de 1990 entre os agentes ligados a Tchê Music - estilo música jovem que mescla a música gauchesca a gêneros como Axé Music, Pagode, ou Rock e que desenvolveu um estilo próprio de “dança do Maxixe”. Nestes cenários a identidade gaúcha é reprocessada pelas sonoridades, performance, indumentária, dança e demais representações midiáticas, tendo a grossura e ostentação de uma masculinidade brutal como fatores que se sobressaem. Considerando o acionamento de modelos de masculinidade e a inserção da música gauchesca no mercado, as configurações da experiência musical gauchesca são analisadas em detalhe no estudo de caso do lançamento da canção Morocha, no festival Coxilha Nativista, em 1984; assim também a formação da comunidade do Youtube da dupla de estudantes universitários Lawrence e Germano, dedicada a criação de paródias - versões gaúchas de sucessos musicais, iniciada a partir do ano de 2013. Em um percurso multidisciplinar e multimetodológico que concilia discussão teórica, relato etnográfico e estudo de caso, busca-se entender os diferentes processos de construção de identidade, através da música. Considerando os respectivos contextos sócio-históricos, foram analisadas gravações fonográficas, letras, sonoridades, performances vídeos musicais, entrevistas e informações colidas em instituições como Centros de Tradições Gaúchas, instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, fã clubes, produtores de festivais, empresários responsáveis pelos grupos, gravadoras, meios de comunicação, críticos, artistas, pequenos comerciantes e público em geral.
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A composição de representações hiperbólicas aliadas a um humor satírico e debochado; a animalização; resistência cultural a ideia de juventude; apropriação inversão e exaltação do estigma da grossura; a rigidez, a ordem; a disciplina; a moral conservadora; Estes são alguns das ações e simbologias operacionalizada na presentificação da figura do gaúcho e seu imaginário. Nesta pesquisa, inicialmente é traçada a cartografia dos dois principais espaços de experiência musical gauchesca: a da rede de festivais nativistas - mostras competitivas, criadas aos moldes dos festivais da MPB – e a do circuito dos bailões - grandes casas noturnas periféricas. Os embates entre os movimentos tradicionalistas e nativistas travados durante os anos 1970 e 1980 são analisados, tal qual as disputas iniciadas ao final da década de 1990 entre os agentes ligados a Tchê Music - estilo música jovem que mescla a música gauchesca a gêneros como Axé Music, Pagode, ou Rock e que desenvolveu um estilo próprio de “dança do Maxixe”. Nestes cenários a identidade gaúcha é reprocessada pelas sonoridades, performance, indumentária, dança e demais representações midiáticas, tendo a grossura e ostentação de uma masculinidade brutal como fatores que se sobressaem. Considerando o acionamento de modelos de masculinidade e a inserção da música gauchesca no mercado, as configurações da experiência musical gauchesca são analisadas em detalhe no estudo de caso do lançamento da canção Morocha, no festival Coxilha Nativista, em 1984; assim também a formação da comunidade do Youtube da dupla de estudantes universitários Lawrence e Germano, dedicada a criação de paródias - versões gaúchas de sucessos musicais, iniciada a partir do ano de 2013. Em um percurso multidisciplinar e multimetodológico que concilia discussão teórica, relato etnográfico e estudo de caso, busca-se entender os diferentes processos de construção de identidade, através da música. Considerando os respectivos contextos sócio-históricos, foram analisadas gravações fonográficas, letras, sonoridades, performances vídeos musicais, entrevistas e informações colidas em instituições como Centros de Tradições Gaúchas, instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, fã clubes, produtores de festivais, empresários responsáveis pelos grupos, gravadoras, meios de comunicação, críticos, artistas, pequenos comerciantes e público em geral.This work investigates the phenomenon of the expansion and popularization of Gaucho music media culture, analyzing its spaces of musical experience. In a multidisciplinary and multi-methodological project that brings together theoretical discussion, ethnography and case study, it aims to understand the different processes of identity construction through music. In a multidisciplinary and multi-methodological project that brings together theoretical discussion, ethnography and case study, it aims to understand the different processes of identity construction through music. This research charts the cartography of the two main spaces of gaucho musical experience: the regional network of nativist festivals—competitive shows created in the style of the MPB (música popular brasileira) national festivals— and the dance circuit— large nightclubs in the periphery. It analyzes the clashes between the traditionalist and nativist musical movements fought during the 1970s and 1980s, as well as the disputes that began in the late 1990s between Tchê Music agents—youth music styles that mix Gaucho music with genres such as axé music , pagode, or rock, which developed its own style of “Maxixe dance.” In these scenes, the Gaucho identity is reconfigured by the sonorities, performance, clothing, dance and media representations as rough, brutal, and proud masculinity. The Gaucho musical experience configurations are analyzed in detail in two cases: the release of the Morocha song at the Coxilha Nativista festival in 1984 and Lawrence and Germano’s YouTube community, started in 2013, which is dedicated to the creation of parodies, which are Gaucho versions of musical hits. This dissertation analyzes socio-historical contexts, phonographic recordings, lyrics, sonorities, musical videos performances, interviews and information in institutions such as Gaucho Traditions Centers, Gaucho Institute of Tradition and Folklore, fan clubs, festival producers, entrepreneurs responsible for groups, record companies, the media, critics, artists, small retailers and the public. The composition of hyperbolic representations allied to a satirical and debauched humor; animalization; cultural resistance to the idea of youth; appropriation, inversion and exaltation of stigma of roughness; rigidity, order; discipline; conservative morality; These are some of the actions and symbologies operationalized in the actualization of the figure of the Gaucho and his imaginary.161f.Trotta, FelipeSá, Simone Pereira deBarros, CarlaVieira, MicheleMachado, Rosana PinheiroReichelt, Henrique2020-12-09T19:17:55Z2020-12-09T19:17:55Z2019info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfREICHELT, Henrique Ramos. Xucrismo, bagualogia e tradição "a grosso modo": (re)configuração dos espaços de experiência musical gauchesca. 2019. 161 f. Tese (Doutorado em Comunicação Social) - Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2019.https://app.uff.br/riuff/handle/1/16262Aluno de Doutoradohttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2021-08-17T18:01:37Zoai:app.uff.br:1/16262Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202021-08-17T18:01:37Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false
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