E quem disse que malandro precisa ser macho?: etnografia das tradições, dissensos de gênero e performances negras dos passistas das escolas de samba carioca

• Autor(a) principal: Viana de Paulo, Rodolfo Rodrigo
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
• Texto Completo: http://app.uff.br/riuff/handle/1/29306
• topic: Homossexualidade; Performance; Malandro; Dança do samba; Passistas; Carnaval; Samba; Performance (Arte); Dançarino; Gênero; homosexuality; Performance; Trickster; Samba dance; Passistas; Carnival

A tese aborda as performances dos passistas negros e homossexuais das alas de três Escolas de Samba do grupo especial do Carnaval do Rio de Janeiro a partir de uma perspectiva etnográfica, buscando debater as tensões entre a efeminação gay e a exigência tradicional das agremiações de que os malandros exibam um “samba de homem”. Com a finalidade de organizar a experiência vivida em campo, a pesquisa conta com o auxílio da Teoria Ator-Rede a partir de Bruno Latour (2012), Simone Pereira de Sá (2014) e Marylin Stratern (2017). Assim, é feito um diálogo entre a antropologia e o campo da comunicação, oferecendo um arco teórico-metodológico que discute de forma central os acontecimentos enquadrados como redes sociotécnicas, vislumbrando as discussões críticas em torno das tradições, entendendo que essas oferecem elementos simbólicos e patriarcais concretos para a estruturação das performances atuais das alas de passistas, desde a organização coletiva às convenções estéticas. Por sua vez, tal compreensão objetiva debater o cânone tradicional do malandro em reforço do masculino ante as insubordinações de gênero que aparecem, mesmo inibidas, nas performances das danças dos sambas-enredo, pautando assim os dissensos expressivos tomados como gays junto às estratégias raciais. Para cumprir esse fim, a pesquisa traz uma série de artefatos visuais oriundos das redes sociais Facebook, Youtube, Tiktok, What’sApp e, principalmente, Instagram, posto que são imagens somadas ao relato textual do pesquisador que as colecionou ao longo da experiência de campo, como parte da vivência desta categoria de sambista. Assim, no decorrer dos debates, a investigação vai perpassar a inevitável relação das tecnologias ante ao fluxo de transmissão e manutenção das performances passadas que estão presentes no figurino, na técnica da dança, nas expressões de gênero e na sociabilidade atrelada a vida dos passistas.