Narrativas de crianças e jovens surdos do munícipio de Erechim sobre os seus processos de alfabetização

• Autor(a) principal: Remos, Silvia Salete
• Data de Publicação: 2018
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFFS (Repositório Digital da UFFS)
• Texto Completo: https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/5367
• topic: Alfabetização; Surdos; Cultura surda; Identidade; Crianças e Jovens

Este estudo objetiva analisar as narrativas de crianças e jovens surdos do município de Erechim sobre seus processos de alfabetização em língua portuguesa e a partir das perspectivas apresentadas por eles, refletir sobre as metodologias de ensino utilizadas pelos professores alfabetizadores. Justifica-se pelo fato de acreditarmos que possa contribuir efetivamente para a melhoria da qualidade das propostas educativas para alunos surdos, oferecendo subsídios para construção de metodologias adequadas que partem do pressuposto do protagonismo dos alunos surdos, já que será construído a partir de suas narrativas. Este trabalho pode também contribuir para fomentar a discussão e reflexão acerca do ensino de língua portuguesa escrita como segunda língua para alunos surdos. Trata-se de uma pesquisa qualitativa no município de Erechim, estado do Rio Grande do Sul/ Brasil. Todos os sujeitos selecionados para o estudo são usuários da língua de sinais, que se comunicam exclusivamente através dela, possuindo surdez profunda bilateral pré-lingual, ou seja, não ouvem em ambos os ouvidos desde antes da aquisição de qualquer tipo de língua. Os sujeitos selecionados foram duas crianças, uma com onze anos de idade e cursando o 4° ano e outra com 12 anos e cursando o 5° ano do Ensino Fundamental e dois jovens, um com 22 e outro com 31 anos de idade, com os quais foram realizadas entrevistas narrativas. O processo de análise dos resultados foi produzido com base nos pressupostos de Laurence Bardin e de Romeu Gomes. Como foi possível constatar na revisão da literatura científica sobre o tema, mesmo com os avanços no debate acadêmico e social sobre a educação de surdos ocorridos ao longo dos últimos anos, ainda é grande o número de alunos surdos que sentem dificuldades na aquisição da segunda língua, o português escrito. A análise dos dados empíricos levantados na presente pesquisa corrobora essa informação, evidenciando que as práticas oralistas ainda estão presentes em contextos educacionais da atualidade. Ficou constatado que metodologias baseadas na repetição e memorização, bem com a falta de convívio com práticas sociais de leitura e escrita, são comuns nas escolas. A pesquisa esclareceu que a língua de sinais tem papel significativo no ensino de língua portuguesa para alunos surdos e é essencial na construção de suas identidades e da cultura da comunidade surda. Por fim, as narrativas produzidas pelos participantes da pesquisa explicitaram as dificuldades e a preocupação dos sujeitos surdos com relação à inclusão e à acessibilidade.