Romances de viagem: políticas e poéticas da mobilidade contemporânea na coleção literária Amores Expressos
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFJF |
Texto Completo: | https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/4586 |
Resumo: | A partir de um estudo transdisciplinar, a presente tese analisa como o projeto multimídia Amores Expressos (RT Features, Academia de Filmes e Companhia das Letras) constrói uma coleção literária fundada nas narrativas de viagem, cuja problemática da mobilidade contemporânea é o leitmotiv que aglutina os dez romances vindos a público. Mais especificamente, busca analisar o discurso das viagens internacionais que estrutura os planos do enunciado e da enunciação dessas obras colecionáveis, estipulando um arco políticopoético da motilidade para os personagens, esses estrangeiros cujos deslocamentos apontam para um anti-bildungsroman. A partir dos estudos estruturalistas e genealógicos a respeito das coleções literárias - que nos possibilita compreender a “estética da interrupção” como um fator de identificação dos volumes –, e da constituição de três topoï considerados argumentos de uma literatura de viagem – i. o tempo-espaço da mobilidade; ii. motivações e consequências da viagem; iii. o corpo lá(r) do estrangeiro e suas relações de hostipitalidade com os demais personagens arquetípicos da viagem – , a pesquisa elabora uma literatura comparada entre as obras Amores Expressos. Como resultado das análises, percebemos que os autores e suas obras constituem um campo de força na coleção: Cordilheira, O filho da mãe, Do fundo do poço se vê a Lua, O único final feliz para uma história de amor é um acidente, O livro de Praga e Estive em Lisboa e lembrei de você, esse último romance ainda que bem mediano nas avaliações, compõem uma “alta-coleção”, enquanto Barreira, Digam ao Satã que o recado foi entendido, Ithaca Road e Nunca vai embora formam o subcampo da “baixacoleção” Amores Expressos. Através da análise do arco da mobilidade de dezessete personagens, vemos que essa alta-coleção é a das viagens femininas e homossexuais, apresentando alta motilidade, com indisposições na partida e finais trágicos. Por seu turno, a baixa-coleção é das viagens masculinas e heterossexuais, com mobilidades linearmente simples, cujos sujeitos também partem desmotivados, tendo como desfecho principal a retenção dos estrangeiros em seus locais de chegada. E, até o momento, sendo uma coletânea composta somente por homens escritores, isso gerou algumas características bastante específicas para as narrativas de viagem, sendo elas sintetizadas no mito cristão de Adão e Eva e de suas expulsões do Paraíso: a mulher inconsequente que prejudica os homens; o banimento e a mobilidade que veio a reboque como sendo um castigo; a consumação do fruto proibido como ato de independência que desagrada a divindade. Ser estrangeiro é uma condenação, pois os sujeitos fora dos padrões familiares tradicionais são expulsos de casa, punidos com o deslocamento e com as mazelas derivadas (i.e. morte, desaparecimento, retenções, desilusões, fugas à deriva). Antes de tudo, os viajantes são pecadores incapazes de voltar para casa; e a coleção utiliza os argumentos das viagens para poder descontruí-las, sugerindo que a mobilidade é para aqueles que estão com problemas e condenados: famílias mononucleares e patriarcais, aparentemente, são bem-aventurados em suas sedentariedades, não precisando de viajar para encontrar o pote da felicidade no final do arco-íris da jornada. Finalmente, pudemos sugerir que a referida coletânea existe muito mais no circuito midiático que a promove do que na materialidade dos livros e no hábito de leitura dos consumidores, que não parecem interessados em ler todos os volumes e, consequentemente, não se constituem como colecionadores. |
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Mais especificamente, busca analisar o discurso das viagens internacionais que estrutura os planos do enunciado e da enunciação dessas obras colecionáveis, estipulando um arco políticopoético da motilidade para os personagens, esses estrangeiros cujos deslocamentos apontam para um anti-bildungsroman. A partir dos estudos estruturalistas e genealógicos a respeito das coleções literárias - que nos possibilita compreender a “estética da interrupção” como um fator de identificação dos volumes –, e da constituição de três topoï considerados argumentos de uma literatura de viagem – i. o tempo-espaço da mobilidade; ii. motivações e consequências da viagem; iii. o corpo lá(r) do estrangeiro e suas relações de hostipitalidade com os demais personagens arquetípicos da viagem – , a pesquisa elabora uma literatura comparada entre as obras Amores Expressos. 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E, até o momento, sendo uma coletânea composta somente por homens escritores, isso gerou algumas características bastante específicas para as narrativas de viagem, sendo elas sintetizadas no mito cristão de Adão e Eva e de suas expulsões do Paraíso: a mulher inconsequente que prejudica os homens; o banimento e a mobilidade que veio a reboque como sendo um castigo; a consumação do fruto proibido como ato de independência que desagrada a divindade. Ser estrangeiro é uma condenação, pois os sujeitos fora dos padrões familiares tradicionais são expulsos de casa, punidos com o deslocamento e com as mazelas derivadas (i.e. morte, desaparecimento, retenções, desilusões, fugas à deriva). Antes de tudo, os viajantes são pecadores incapazes de voltar para casa; e a coleção utiliza os argumentos das viagens para poder descontruí-las, sugerindo que a mobilidade é para aqueles que estão com problemas e condenados: famílias mononucleares e patriarcais, aparentemente, são bem-aventurados em suas sedentariedades, não precisando de viajar para encontrar o pote da felicidade no final do arco-íris da jornada. Finalmente, pudemos sugerir que a referida coletânea existe muito mais no circuito midiático que a promove do que na materialidade dos livros e no hábito de leitura dos consumidores, que não parecem interessados em ler todos os volumes e, consequentemente, não se constituem como colecionadores.Through a transdisciplinary study, this thesis aims to analyze, , how the multimedia Project Amores Expressos – Express Love, in English – (RT Features, Academia de Filmes e Companhia das Letras) builds a literary collection founded on travel narratives, whose leitmotiv of contemporary mobility agglutinates the ten published novels. More specifically, it seeks to analyze the discourse of international travels which structures the enunciation and the enunciating plans of these collectible works, stipulating a political-poetical arch of motility for the characters, these strangers whose displacements point towards an anti-bildungsroman. From structuralist and genealogical studies about literary collections that enable the understanding of the “aesthetics of interruption” as an identifying factor of the volumes - , and of the constitution of the three topoï considered to be arguments of travel literature – i. the space-time of mobility; ii. Motivations and consequences of traveling; iii. The corpo lá(r) and their relations with hospitality with the other archetypical characters of traveling -, we carried out a comparative literature study of the novels which comprise the Amores Expressos collection. As a result of the analysis, we came to the conclusion that the authors and their works constitute a bourdieusian force field in the collection. We have subdivided Amores Expressos into two categories, based on the reviews they have received. Cordilheira, O filho da mãe, Do fundo do poço se vê a Lua, O único final feliz para uma história de amor é um acidente, O livro de Praga and Estive em Lisboa e lembrei de você, constitute what we call a “high-collection”, or, in other words, those that were critically (or perhaps relatively) acclaimed; while Barreira, Digam ao Satã que o recado foi entendido, Ithaca Road and Nunca vai embora comprise a subfield of the, thus, “lower-collection” of Amores Expressos. Through the analysis of the arch of mobility of seventeen characters, we can see that the “high-collection” is one of female and homosexual travels, presenting high motility, being unwilling to depart and facing tragic endings. Meanwhile, the lower-collection is composed of heterosexual male travels, with linearly similar mobilities, whose subjects also set out feeling demotivated, having as closure their moorings in their arrival places. And, until this moment, being a collection comprised only of male writers, this created some very specific characteristics for the travel narratives, being synthesized in the Christian myth of Adam and Eve and their expulsion from Paradise: the reckless woman who harms men; the banishment and the mobility which ensued, as punishment; the eating of the forbidden fruit as an act of independence which upsets the divine. Being a stranger is a condemnation, since the subjects that do not fit the traditional family values are expelled from home, punished with displacement and the ills that followed (i.e. death, vanishing, arrests, delusions, escapes). Before all, the travellers are sinners who are incapable of going back home; and the collection uses the arguments of travels to deconstruct them, suggesting that the mobility is for those who are in trouble and have been convicted of crimes. Mononuclear and patriarchal families, apparently, have good fortune in their sedentariness, bypassing the need to travel in order to find the pot of gold (or even happiness) at the end of the rainbow of the journey. Finally, we suggest that the studied collection exists much more in the media circle used to promote it, than in materiality and in the reading habit of its consumers, who do not seem eager to read all the volumes and, consequently, are not collectors.porUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos LiteráriosUFJFBrasilFaculdade de LetrasCNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRASColeções literáriasNarrativas de viagemMobilidades contemporâneasLiteratura brasileiraAmores ExpressosLiterary collectionsTravel narrativesContemporary mobilitiesBrazilian literatureAmores ExpressosRomances de viagem: políticas e poéticas da mobilidade contemporânea na coleção literária Amores Expressosinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFJFinstname:Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)instacron:UFJFTEXThumbertofoisbraga.pdf.txthumbertofoisbraga.pdf.txtExtracted texttext/plain1363896https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/4586/3/humbertofoisbraga.pdf.txt2b5da9370a605380f15f2cb10e97a5bcMD53THUMBNAILhumbertofoisbraga.pdf.jpghumbertofoisbraga.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1172https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/4586/4/humbertofoisbraga.pdf.jpgfc9149eee3f766612ae8cdc5b773d788MD54ORIGINALhumbertofoisbraga.pdfhumbertofoisbraga.pdfapplication/pdf13365219https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/4586/1/humbertofoisbraga.pdf35bb56003a800d441fe5509e5b1d4837MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82197https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/4586/2/license.txt000e18a5aee6ca21bb5811ddf55fc37bMD52ufjf/45862019-06-16 06:01:42.458oai:hermes.cpd.ufjf.br:ufjf/4586TElDRU7vv71BIERFIERJU1RSSUJVSe+/ve+/vU8gTu+/vU8tRVhDTFVTSVZBCgpDb20gYSBhcHJlc2VudGHvv73vv71vIGRlc3RhIGxpY2Vu77+9YSwgdm9j77+9IChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l077+9cmlvIApJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRlIEp1aXogZGUgRm9yYSBvIGRpcmVpdG8gbu+/vW8tZXhjbHVzaXZvIGRlIHJlcHJvZHV6aXIsIHRyYWR1emlyIChjb25mb3JtZSBkZWZpbmlkbyBhYmFpeG8pLCBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYe+/ve+/vW8gKGluY2x1aW5kbyBvIHJlc3VtbykgcG9yIHRvZG8gbyBtdW5kbyBubyBmb3JtYXRvIGltcHJlc3NvIGUgZWxldHLvv71uaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIO+/vXVkaW8gb3Ugdu+/vWRlby4KClZvY++/vSBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l077+9cmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVW5pdmVyc2lkYWRlIEZlZGVyYWwgZGUgSnVpeiBkZSBGb3JhIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXvv71kbywgdHJhbnNwb3IgYSBzdWEgcHVibGljYe+/ve+/vW8gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZh77+977+9by4gVm9j77+9IHRhbWLvv71tIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTvv71yaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVbml2ZXJzaWRhZGUgRmVkZXJhbCBkZSBKdWl6IGRlIEZvcmEgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY++/vXBpYSBkZSBzdWEgcHVibGljYe+/ve+/vW8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7vv71hLCBiYWNrLXVwIGUgcHJlc2VydmHvv73vv71vLiBWb2Pvv70gZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYe+/ve+/vW8g77+9IG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY++/vSB0ZW0gbyBwb2RlciBkZSBjb25jZWRlciBvcyBkaXJlaXRvcyBjb250aWRvcyBuZXN0YSBsaWNlbu+/vWEuIFZvY++/vSB0YW1i77+9bSBkZWNsYXJhIHF1ZSBvIGRlcO+/vXNpdG8gZGEgc3VhIHB1YmxpY2Hvv73vv71vIG7vv71vLCBxdWUgc2VqYSBkZSBzZXUgY29uaGVjaW1lbnRvLCBpbmZyaW5nZSBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkZSBuaW5nde+/vW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2Hvv73vv71vIGNvbnRlbmhhIG1hdGVyaWFsIHF1ZSB2b2Pvv70gbu+/vW8gcG9zc3VpIGEgdGl0dWxhcmlkYWRlIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcywgdm9j77+9IGRlY2xhcmEgcXVlIG9idGV2ZSBhIHBlcm1pc3Pvv71vIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdO+/vXJpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRlIEp1aXogZGUgRm9yYSBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7vv71hLCBlIHF1ZSBlc3NlIG1hdGVyaWFsIGRlIHByb3ByaWVkYWRlIGRlIHRlcmNlaXJvcyBlc3Tvv70gY2xhcmFtZW50ZSBpZGVudGlmaWNhZG8gZSByZWNvbmhlY2lkbyBubyB0ZXh0byBvdSBubyBjb250Ze+/vWRvIGRhIHB1YmxpY2Hvv73vv71vIG9yYSBkZXBvc2l0YWRhLgoKQ0FTTyBBIFBVQkxJQ0Hvv73vv71PIE9SQSBERVBPU0lUQURBIFRFTkhBIFNJRE8gUkVTVUxUQURPIERFIFVNIFBBVFJPQ++/vU5JTyBPVSBBUE9JTyBERSBVTUEgQUfvv71OQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0Pvv70gREVDTEFSQSBRVUUgUkVTUEVJVE9VIFRPRE9TIEUgUVVBSVNRVUVSIERJUkVJVE9TIERFIFJFVklT77+9TyBDT01PIFRBTULvv71NIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0Hvv73vv71FUyBFWElHSURBUyBQT1IgQ09OVFJBVE8gT1UgQUNPUkRPLgoKTyBSZXBvc2l077+9cmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVW5pdmVyc2lkYWRlIEZlZGVyYWwgZGUgSnVpeiBkZSBGb3JhIHNlIGNvbXByb21ldGUgYSBpZGVudGlmaWNhciBjbGFyYW1lbnRlIG8gc2V1IG5vbWUgKHMpIG91IG8ocykgbm9tZShzKSBkbyhzKSBkZXRlbnRvcihlcykgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIGRhIHB1YmxpY2Hvv73vv71vLCBlIG7vv71vIGZhcu+/vSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHvv73vv71vLCBhbO+/vW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbu+/vWEuCg==Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufjf.br/oai/requestopendoar:2019-06-16T09:01:42Repositório Institucional da UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)false |
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