Mulheres criminosas: representações sociais sobre mulher e crime em dois jornais populares

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ricardo Moreira Pedrosa
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-96UGFW
Resumo: O presente trabalho teve o objetivo de investigar como são retratadas as mulheres autoras de crimes nas notícias de jornais populares, buscando descrever e analisar as representações sociais sobre mulher e crime nesses veículos. O banco de dados do nosso trabalho foi construído a partir da compra diária, durante o período de 14 de julho de 2010 a 31 de janeiro de 2011, dos jornais populares Aqui e Super Notícia, publicados na cidade de Belo Horizonte/MG. O tratamento das notícias foi efetuado por meio de uma análise estatística de dados textuais com auxílio do programa computacional ALCESTE. Os corpore dos jornais pesquisados foram analisados separadamente. A análise do ALCESTE em relação ao corpus do jornal Aqui gerou um conjunto de 1.596 Unidades de Contexto Elementar (UCEs) com ocorrências potencialmente analisáveis, das quais 1.334 (83,58%) foram consideradas relevantes para a geração das cinco classes resultantes: Drogas; Mapa do tráfico; Unidos pelo dinheiro; Família; Criminosos de marca. A análise do ALCESTE em relação ao corpus do jornal Super Notícia gerou um conjunto de 1.954 Unidades de Contexto Elementar (UCEs) com ocorrências potencialmente analisáveis, das quais 1.419 (72,62%) foram consideradas relevantes para a geração das seis classes resultantes: Má-ternidade; Relações conjugais violentas;Drogas; Unidos para o crime; Mapa do crime; Criminosos de marca. Os resultados encontrados nos dois veículos midiáticos pesquisados apresentaram classes bastante similares. Essa semelhança é um indicativo de que os dois jornais descrevem o mundo da criminalidade feminina a partir das mesmas referências. Em um primeiro nível, percebemos a existência de dois eixos na organização do conteúdo, revelando, desse modo, grupamentos de classes, ou elementos constitutivos das representações vinculados à diferenciação entre grupos sociais. Os grupamentos de classes nomeados como Anônimos apresentam o crime como característico das camadas populares da sociedade, em contraposição ao eixo identificado como Criminosos de marca, que apresenta os crimes cometidos por indivíduos de melhor nível socioeconômico como um fenômeno da ordem do excepcional. Essa associação sugere a existência de uma ancoragem em conhecimentos científicos que foram produzidos ao longo da história, cujas ideias contribuíram para a criação do estereótipo das classes pobres como classes perigosas. Os aspectos de representação social identificados na presente pesquisa demonstram a persistência da lógica masculina de ordenação das relações sociais nos espaços urbanos. Observamos que o conjunto de representações sociais sobre a mulher autora de crime baseia-se no sistema de crenças e valores da sociedade a respeito das diferenças entre os sexos. Objetivada como monstro ou doente, a mulher que aborta, comete homicídio ou infanticídio contra seus filhos é significada a partir da recorrência aos conhecimentos advindos das áreas médica e psicológica. Nas notícias referentes aos crimes cometidos contra seus parceiros encontramos a objetivação da mulher como criminosa/vítima. Encontramos, ainda, a imagem das mulheres como criminosas em decorrência da influência exercida pelos homens. As representações sociais de mulher autora de crime demonstraram estar apoiadas em sistemas de crenças e valores sexistas e em conhecimentos científicos.
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A análise do ALCESTE em relação ao corpus do jornal Aqui gerou um conjunto de 1.596 Unidades de Contexto Elementar (UCEs) com ocorrências potencialmente analisáveis, das quais 1.334 (83,58%) foram consideradas relevantes para a geração das cinco classes resultantes: Drogas; Mapa do tráfico; Unidos pelo dinheiro; Família; Criminosos de marca. A análise do ALCESTE em relação ao corpus do jornal Super Notícia gerou um conjunto de 1.954 Unidades de Contexto Elementar (UCEs) com ocorrências potencialmente analisáveis, das quais 1.419 (72,62%) foram consideradas relevantes para a geração das seis classes resultantes: Má-ternidade; Relações conjugais violentas;Drogas; Unidos para o crime; Mapa do crime; Criminosos de marca. Os resultados encontrados nos dois veículos midiáticos pesquisados apresentaram classes bastante similares. Essa semelhança é um indicativo de que os dois jornais descrevem o mundo da criminalidade feminina a partir das mesmas referências. Em um primeiro nível, percebemos a existência de dois eixos na organização do conteúdo, revelando, desse modo, grupamentos de classes, ou elementos constitutivos das representações vinculados à diferenciação entre grupos sociais. Os grupamentos de classes nomeados como Anônimos apresentam o crime como característico das camadas populares da sociedade, em contraposição ao eixo identificado como Criminosos de marca, que apresenta os crimes cometidos por indivíduos de melhor nível socioeconômico como um fenômeno da ordem do excepcional. Essa associação sugere a existência de uma ancoragem em conhecimentos científicos que foram produzidos ao longo da história, cujas ideias contribuíram para a criação do estereótipo das classes pobres como classes perigosas. Os aspectos de representação social identificados na presente pesquisa demonstram a persistência da lógica masculina de ordenação das relações sociais nos espaços urbanos. Observamos que o conjunto de representações sociais sobre a mulher autora de crime baseia-se no sistema de crenças e valores da sociedade a respeito das diferenças entre os sexos. Objetivada como monstro ou doente, a mulher que aborta, comete homicídio ou infanticídio contra seus filhos é significada a partir da recorrência aos conhecimentos advindos das áreas médica e psicológica. Nas notícias referentes aos crimes cometidos contra seus parceiros encontramos a objetivação da mulher como criminosa/vítima. Encontramos, ainda, a imagem das mulheres como criminosas em decorrência da influência exercida pelos homens. As representações sociais de mulher autora de crime demonstraram estar apoiadas em sistemas de crenças e valores sexistas e em conhecimentos científicos.The present work was to investigate woman are portrayed as perpetrators of crime in news of popular newspapers, seeking to describe and analyze the social representations of women and crime in these vehicles. The database of our study was constructed from the daily purchases during the period 14 July 2010 to January 31, 2011, the popular newspapers Aqui and Super Notícia, published in the city of Belo Horizonte/MG. The treatment of the news was made through a statistical analysis of textual data with the aid of the software ALCESTE. The corpore newspapers surveyed were analyzed separately. The analysis of ALCESTE in relation to the corpus of the newspaper here has generated a set of 1,596 units of context Elementary (UCEs) with potentially analyzable events, of which 1,334 (83.58%) were considered relevant for the generation of the resulting five classes: Drugs; Map of trafficking; United for the money; Family; Trademark criminals. The analysis of ALCESTE in relation to the corpus of the newspaper Super Notícia generated a set of 1,954 elementary units of context (UCEs) with potentially analyzable events, of which 1,419 (72.62%) were considered relevant for the generation of the six resulting classes: Bad motherhood ; Violent marital relations; Drugs; United for the crime; Map of crime, Trademark criminals. The results in both media vehicles surveyed were very similar classes. This similarity is an indication that the two papers describe the world of female crime from the same references. In a first level, we realize the existence of two axes in the organization of content, revealing thereby groups of classes, or constituent elements of representations linked to the differentiation between social groups. The groups of classes named Anonymous present crime as characteristic of the poor classes of society, as opposed to the axis identified as Trademark criminals, which shows the crimes committed by individuals of higher socioeconomic status as a phenomenon of an exceptional order. This association suggests the existence of a grounding in scientific knowledge claims that have been produced throughout history, whose ideas helped create the stereotype of the poor as "dangerous classes." The aspects of social representations identified in this study demonstrated the persistence of male logic ordering of social relations in urban areas. We note that the set of social representations of the woman writer of crime are based on the belief system and values of society about the differences between the sexes. Objectified as a monster or ill, the woman who aborts, commits murder or infanticide is meant against their children from the recurrence of the knowledge from the medical and psychological. In news relating to crimes committed against their partners find the objectification of women as criminal / victim. Also, we found the image of women as criminals due to the influence exercised by men. Social representations of woman author of crime proved to be supported on systems of beliefs and sexist values and scientific knowledge.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGMulheres na imprensaMulheresRepresentações sociaisPsicologiaALCESTECrimeMulherRepresentações sociaisJornal popularMulheres criminosas: representações sociais sobre mulher e crime em dois jornais popularesinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdisserta__o_ricardo_moreira_pedrosa.pdfapplication/pdf6240465https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-96UGFW/1/disserta__o_ricardo_moreira_pedrosa.pdf302cd9b5acbf34c7e311e816a8974b32MD51TEXTdisserta__o_ricardo_moreira_pedrosa.pdf.txtdisserta__o_ricardo_moreira_pedrosa.pdf.txtExtracted texttext/plain185533https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-96UGFW/2/disserta__o_ricardo_moreira_pedrosa.pdf.txtb0835053fb07666ef60038c2ab05e707MD521843/BUOS-96UGFW2019-11-14 22:27:45.079oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-96UGFWRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-15T01:27:45Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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