Hierarquia urbana, estrutura ocupacional e o prêmio salarial à qualificação: decomposição dos determinantes das desigualdades interurbanas de rendimento no Brasil

• Autor(a) principal: Gustavo Geaquinto Fontes
• Data de Publicação: 2014
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-A2UGET
• topic: Diferenciais de rendimento; Métodos de decomposição; Mercado de trabalho; Ocupações e tarefas; Hierarquia urbana; Mercado de trabalho Brasil; Sistemas de remunerações salariais; Economia do trabalho Brasil

A presente tese busca investigar a reconfiguração espacial da economia brasileira mediada pelo mercado de trabalho, analisando a desigualdade de rendimentos entre os diferentes níveis da hierarquia urbana e a sua evolução nas duas últimas décadas. Este estudo tem como principal objetivo a identificação do efeito diferenciado da hierarquia urbana sobre os rendimentos de indivíduos de distintos níveis de qualificação (medida pela educação e experiência), assim como a ocorrência de retornos diferenciados, ao longo da hierarquia urbana, a postos de trabalho de diferentes naturezas (ocupações cognitivas, não manuais rotineiras e manuais). Buscou-se, portanto, identificar a existência de um prêmio salarial urbano não apenas à educação e experiência, como também aos postos de trabalho mais qualificados e intensivos em conhecimento, de forma a destacar o papel da inserção ocupacional dos indivíduos na determinação salarial e a importância da hierarquia urbana neste processo. O período analisado caracterizou-se pela progressiva expansão do sistema educacional no país, avanço do processo de transição demográfica e uma importante reestruturação do setor produtivo nacional, com a reconfiguração de vantagens comparativas ao longo do território. Diante de significativas mudanças na oferta e demanda por trabalho no período, a fim de melhor compreender a dimensão espacial do processo de determinação salarial buscou-se integrar à análise regional e urbana referenciais teóricos da área de economia do trabalho, sobretudo os modelos que incorporam o papel das tarefas e ocupações como elemento chave na explicação das recentes mudanças na estrutura salarial. Para tal, foram empregados diferentes métodos de decomposição, o que possibilitou identificar os principais determinantes dos diferenciais interurbanos de rendimento do trabalho não apenas em relação aos diferenciais médios, mas também em distintos pontos da distribuição salarial. Como fonte de dados, recorreu-se aos microdados dos Censos Demográficos de 1991, 2000 e 2010, o que permitiu abranger a totalidade do território nacional. Dentre os principais resultados, identificou-se um importante prêmio salarial urbano à qualificação, em benefício aos indivíduos de mais elevados níveis de educação e experiência, especialmente aqueles inseridos em trabalhos de natureza cognitiva, residentes nos grandes centros. Além disso, observou-se que ao longo do período houve intensa redução das desigualdades interurbanas nos níveis intermediários da curva de rendimentos, permanecendo, no entanto, substanciais diferenciais no topo da distribuição. Por fim, para melhor compreender os fatores de determinação salarial e as mudanças na distribuição de rendimentos ao longo do tempo e do espaço, esta tese demonstrou ser fundamental incorporar à análise elementos que vão além das medidas usuais de habilidade (educação e experiência), sobretudo variáveis relativas à inserção ocupacional dos indivíduos, assim como o perfil setorial e a posição na ocupação.