Itinerários terapêuticos de pessoas trans: como se dá a busca pelo cuidado?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Miguel de Castro Santos
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/49353
Resumo: Pessoas trans sofrem diversas formas de exclusão, uma vez que não se enquadram no modelo social vigente, cuja lógica é a do reconhecimento da legitimidade apenas aos indivíduos que apresentam uma continuidade entre sexo, gênero e desejo. No campo da saúde, essa situação não é diferente. Ainda que os determinantes sociais contribuam para que essas pessoas apresentem condições de saúde piores que a população geral, a busca pelo cuidado é marcada por desafios e barreiras muitas vezes intransponíveis. O objetivo desta pesquisa foi traçar os Itinerários Terapêuticos de pessoas trans em sua busca por cuidados à saúde, através das narrativas de sujeitos que utilizam o serviço do Ambulatório Trans Anyky Lima, no Hospital Eduardo de Menezes, em Minas Gerais. Foram entrevistadas 3 pessoas a partir de um roteiro semiestruturado que fomentou narrativas que contemplassem como se dá a produção de cuidado, envolvendo tanto os aparelhos formais quanto informais. Além disso, experiências vivenciadas pelo pesquisador no campo foram trazidas à discussão. As análises aconteceram através da busca cuidadosa pelas singularidades de cada história, assim como pela localização de pontos de convergência e ineditismos a partir da análise de conteúdo na perspectiva de Bardin. Os resultados foram debatidos à luz do referencial teórico proveniente de estudos das Ciências Sociais e Saúde Coletiva. Em relação aos serviços formais, as narrativas apontam para várias barreiras ao acesso, como a autorização de um “não-saber”, a burocratização dos fluxos, o preconceito e má qualidade da assistência, indicando como a violência institucional se encontra presente no cotidiano dos serviços de saúde. Como alternativas a esses entraves, há a criação de uma rede própria a partir do social, a desestabilização dos fluxos pré-estabelecidos e a procura por um serviço especializado como forma de suprir carências da rede, entre outros. A busca por cuidado, nesse contexto, acaba se tornando uma luta por reconhecimento em um discurso, de saída, segregador. Ainda assim, as pessoas trans seguem denunciando, com suas existências, todo um dispositivo de produção de saber e poder sobre quais corpos são considerados inteligíveis e quais não são. As políticas públicas para mudança desse panorama, ao enquadrarem essas experiências em modelos historicamente patologizantes, pouco contribuem para melhoria do acesso em saúde. Entendemos, assim, que uma transformação ética e efetiva no cuidado dessas pessoas só será possível quando houver, de fato, uma mudança nas partidas e nos discursos dos profissionais e gestores da saúde.
id UFMG_1134c5c47f32b428a4abf4b60176899a
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/49353
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Paulo Roberto Ceccarellihttp://lattes.cnpq.br/6109293223271452Alexandre Costa ValAisllan Diego AssisCristiane Freitas CunhaElza Machado de Melo (suplente)http://lattes.cnpq.br/1837394269603847Miguel de Castro Santos2023-02-01T13:31:02Z2023-02-01T13:31:02Z2020-08-21http://hdl.handle.net/1843/49353Pessoas trans sofrem diversas formas de exclusão, uma vez que não se enquadram no modelo social vigente, cuja lógica é a do reconhecimento da legitimidade apenas aos indivíduos que apresentam uma continuidade entre sexo, gênero e desejo. No campo da saúde, essa situação não é diferente. Ainda que os determinantes sociais contribuam para que essas pessoas apresentem condições de saúde piores que a população geral, a busca pelo cuidado é marcada por desafios e barreiras muitas vezes intransponíveis. O objetivo desta pesquisa foi traçar os Itinerários Terapêuticos de pessoas trans em sua busca por cuidados à saúde, através das narrativas de sujeitos que utilizam o serviço do Ambulatório Trans Anyky Lima, no Hospital Eduardo de Menezes, em Minas Gerais. Foram entrevistadas 3 pessoas a partir de um roteiro semiestruturado que fomentou narrativas que contemplassem como se dá a produção de cuidado, envolvendo tanto os aparelhos formais quanto informais. Além disso, experiências vivenciadas pelo pesquisador no campo foram trazidas à discussão. As análises aconteceram através da busca cuidadosa pelas singularidades de cada história, assim como pela localização de pontos de convergência e ineditismos a partir da análise de conteúdo na perspectiva de Bardin. Os resultados foram debatidos à luz do referencial teórico proveniente de estudos das Ciências Sociais e Saúde Coletiva. Em relação aos serviços formais, as narrativas apontam para várias barreiras ao acesso, como a autorização de um “não-saber”, a burocratização dos fluxos, o preconceito e má qualidade da assistência, indicando como a violência institucional se encontra presente no cotidiano dos serviços de saúde. Como alternativas a esses entraves, há a criação de uma rede própria a partir do social, a desestabilização dos fluxos pré-estabelecidos e a procura por um serviço especializado como forma de suprir carências da rede, entre outros. A busca por cuidado, nesse contexto, acaba se tornando uma luta por reconhecimento em um discurso, de saída, segregador. Ainda assim, as pessoas trans seguem denunciando, com suas existências, todo um dispositivo de produção de saber e poder sobre quais corpos são considerados inteligíveis e quais não são. As políticas públicas para mudança desse panorama, ao enquadrarem essas experiências em modelos historicamente patologizantes, pouco contribuem para melhoria do acesso em saúde. Entendemos, assim, que uma transformação ética e efetiva no cuidado dessas pessoas só será possível quando houver, de fato, uma mudança nas partidas e nos discursos dos profissionais e gestores da saúde.Trans people suffer different forms of exclusion, in order to be out of current social model, whose logic is that of legitimacy only to individuals who have a continuity between sex, gender and desire. In this context, only certain bodies enjoy the status of subjects, and all people that escape this binary structure remains in the place of rejection. The objective of this research was to trace the Therapeutic Itineraries of trans individuals in their search for health care, through the narratives of people who use the service of the Trans Anyky Lima Ambulatory, at Eduardo de Menezes Hospital, in Minas Gerais. For this, 3 people who were being followed up at the reference service were interviewed. I used the narratives in order to understand the Therapeutic Itineraries, to understand how care is produced, using both formal and informal devices. In addition, experiences in the field were brought up for discussion. The analysis was made from the search for points of convergence between the narratives. The studies of Social Sciences and Collective Health were the theoretical basis. In relation to formal services, the narratives show us several barriers to access, such as the authorization of “not knowing”, the bureaucratization of flows, prejudice and poor quality of care, indicating how institutional violence is present in the daily lives of health services. As alternatives to these obstacles, I saw the creation of their own network based on the social, the destabilization of pre-established flows and the search for a specialized service as a way to supply the network's needs, among others. Therefore, the search for care becomes a struggle for recognition in a segregating discourse. Trans people continue to denounce, with their existences, a whole device of production of knowledge and power over which bodies are considered intelligible and which are not. Public policies to change this scenario cannot include these experiences in historically pathological models. An ethical and effective transformation is only possible if there is a discursive change.porUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em Promoção de Saúde e Prevenção da ViolênciaUFMGBrasilMEDICINA - FACULDADE DE MEDICINATransexualidadeAcesso aos Serviços de SaúdePerformatividade de GêneroTerapêuticaTransexualidadeCuidados à saúdeTeoria QueerItinerários terapêuticos de pessoas trans: como se dá a busca pelo cuidado?info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALDISSERTAÇÃO DE MESTRADO MIGUEL DE CASTRO SANTOS.pdfDISSERTAÇÃO DE MESTRADO MIGUEL DE CASTRO SANTOS.pdfapplication/pdf1734439https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/49353/3/DISSERTA%c3%87%c3%83O%20DE%20MESTRADO%20MIGUEL%20DE%20CASTRO%20SANTOS.pdf42a9154fe5b0ac42a605af844a5ae575MD53LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82118https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/49353/4/license.txtcda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272MD541843/493532023-02-01 10:31:02.741oai:repositorio.ufmg.br:1843/49353TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2023-02-01T13:31:02Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Itinerários terapêuticos de pessoas trans: como se dá a busca pelo cuidado?
title Itinerários terapêuticos de pessoas trans: como se dá a busca pelo cuidado?
spellingShingle Itinerários terapêuticos de pessoas trans: como se dá a busca pelo cuidado?
Miguel de Castro Santos
Transexualidade
Cuidados à saúde
Teoria Queer
Transexualidade
Acesso aos Serviços de Saúde
Performatividade de Gênero
Terapêutica
title_short Itinerários terapêuticos de pessoas trans: como se dá a busca pelo cuidado?
title_full Itinerários terapêuticos de pessoas trans: como se dá a busca pelo cuidado?
title_fullStr Itinerários terapêuticos de pessoas trans: como se dá a busca pelo cuidado?
title_full_unstemmed Itinerários terapêuticos de pessoas trans: como se dá a busca pelo cuidado?
title_sort Itinerários terapêuticos de pessoas trans: como se dá a busca pelo cuidado?
author Miguel de Castro Santos
author_facet Miguel de Castro Santos
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Paulo Roberto Ceccarelli
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/6109293223271452
dc.contributor.advisor-co1.fl_str_mv Alexandre Costa Val
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Aisllan Diego Assis
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Cristiane Freitas Cunha
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Elza Machado de Melo (suplente)
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/1837394269603847
dc.contributor.author.fl_str_mv Miguel de Castro Santos
contributor_str_mv Paulo Roberto Ceccarelli
Alexandre Costa Val
Aisllan Diego Assis
Cristiane Freitas Cunha
Elza Machado de Melo (suplente)
dc.subject.por.fl_str_mv Transexualidade
Cuidados à saúde
Teoria Queer
topic Transexualidade
Cuidados à saúde
Teoria Queer
Transexualidade
Acesso aos Serviços de Saúde
Performatividade de Gênero
Terapêutica
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Transexualidade
Acesso aos Serviços de Saúde
Performatividade de Gênero
Terapêutica
description Pessoas trans sofrem diversas formas de exclusão, uma vez que não se enquadram no modelo social vigente, cuja lógica é a do reconhecimento da legitimidade apenas aos indivíduos que apresentam uma continuidade entre sexo, gênero e desejo. No campo da saúde, essa situação não é diferente. Ainda que os determinantes sociais contribuam para que essas pessoas apresentem condições de saúde piores que a população geral, a busca pelo cuidado é marcada por desafios e barreiras muitas vezes intransponíveis. O objetivo desta pesquisa foi traçar os Itinerários Terapêuticos de pessoas trans em sua busca por cuidados à saúde, através das narrativas de sujeitos que utilizam o serviço do Ambulatório Trans Anyky Lima, no Hospital Eduardo de Menezes, em Minas Gerais. Foram entrevistadas 3 pessoas a partir de um roteiro semiestruturado que fomentou narrativas que contemplassem como se dá a produção de cuidado, envolvendo tanto os aparelhos formais quanto informais. Além disso, experiências vivenciadas pelo pesquisador no campo foram trazidas à discussão. As análises aconteceram através da busca cuidadosa pelas singularidades de cada história, assim como pela localização de pontos de convergência e ineditismos a partir da análise de conteúdo na perspectiva de Bardin. Os resultados foram debatidos à luz do referencial teórico proveniente de estudos das Ciências Sociais e Saúde Coletiva. Em relação aos serviços formais, as narrativas apontam para várias barreiras ao acesso, como a autorização de um “não-saber”, a burocratização dos fluxos, o preconceito e má qualidade da assistência, indicando como a violência institucional se encontra presente no cotidiano dos serviços de saúde. Como alternativas a esses entraves, há a criação de uma rede própria a partir do social, a desestabilização dos fluxos pré-estabelecidos e a procura por um serviço especializado como forma de suprir carências da rede, entre outros. A busca por cuidado, nesse contexto, acaba se tornando uma luta por reconhecimento em um discurso, de saída, segregador. Ainda assim, as pessoas trans seguem denunciando, com suas existências, todo um dispositivo de produção de saber e poder sobre quais corpos são considerados inteligíveis e quais não são. As políticas públicas para mudança desse panorama, ao enquadrarem essas experiências em modelos historicamente patologizantes, pouco contribuem para melhoria do acesso em saúde. Entendemos, assim, que uma transformação ética e efetiva no cuidado dessas pessoas só será possível quando houver, de fato, uma mudança nas partidas e nos discursos dos profissionais e gestores da saúde.
publishDate 2020
dc.date.issued.fl_str_mv 2020-08-21
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2023-02-01T13:31:02Z
dc.date.available.fl_str_mv 2023-02-01T13:31:02Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/49353
url http://hdl.handle.net/1843/49353
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.program.fl_str_mv Programa de Pós-Graduação em Promoção de Saúde e Prevenção da Violência
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
dc.publisher.department.fl_str_mv MEDICINA - FACULDADE DE MEDICINA
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/49353/3/DISSERTA%c3%87%c3%83O%20DE%20MESTRADO%20MIGUEL%20DE%20CASTRO%20SANTOS.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/49353/4/license.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 42a9154fe5b0ac42a605af844a5ae575
cda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589211624833024