As artes e práticas cotidianas de viver, cuidar, resistir e fazer das empregadas domésticas
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFMG |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1843/BUBD-A5AHWB |
Resumo: | O objetivo principal desta tese é conhecer, por meio de uma perspectiva pós-estruturalista, as práticas cotidianas de empregadas domésticas que representem suas artes de viver, cuidar, resistir e fazer. As expressões artes de viver, cuidar e resistir são retiradas de Foucault (1980; 1992; 2006a; 2006b), pois guardam relações com a analítica foucaultiana do poder e com sua abordagem do cuidado de si (e dos outros). Já a expressão artes de fazer é retirada de Certeau (1998), autor que fala sobre as invenções cotidianas dos sujeitos. Foram estabelecidas quatro questões orientadoras: 1) como o trabalho doméstico atua como um processo de subjetivação que afeta a constituição subjetiva das empregadas domésticas? (estudo das artes de viver e de cuidar); 2) quais são as influências das categorias gênero e raça nas artes das empregadas domésticas? (estudo das artes de viver e de cuidar); 3) as práticas cotidianas das empregadas domésticas refletem o aspecto relacional do poder (permitindo o entendimento de que elas exercem poder, sofrem com sua ação e também a ele resistem)? (estudo das artes de resistir e artes de fazer); 4) que saberes cotidianos e ordinários circulam entre as práticas das empregadas domésticas? (estudo das artes de fazer e artes de resistir). A pesquisa é qualitativa. A produção dos dados envolveu a realização de entrevistas com empregadas domésticas que trabalham na cidade de Belo Horizonte (MG) e a analítica teórico-metodológica utilizada foi a Análise Crítica do Discurso. Os resultados da pesquisa permitiram a análise de que o trabalho doméstico atua como processo que afeta a constituição subjetiva das empregadas por ele funcionar como um dispositivo de poder. Funcionando dessa maneira, afeta sua constituição por meio de processos de objetivação, subjetivação e, também, por meio das noções de ética e cuidado de si. Em relação à categoria gênero, ela se liga às trajetórias dessas mulheres afetando sua constituição subjetiva por meio de uma prática cotidiana de fazer gênero que atravessa suas performances, que se ligam a identidades de gênero caracterizadas por construções sociais que disciplinam seus corpos para a prática cotidiana de atividades historicamente associadas às mulheres, como o cuidado da casa, dos filhos e dos maridos. Já, em relação à categoria raça, ela influencia a constituição subjetiva das empregadas por meio do estabelecimento de relações ambíguas, complexas e contraditórias dessas com essa noção socialmente construída. Essas duas categorias gênero e raça influenciam suas artes de viver e de cuidar por meio de processos de identificação e desidentificação subjetiva a identidades sociais de gênero; por meio de um fazer gênero extremamente ligado a performances de cuidado dos outros; por meio de uma ligação subjetiva quase sempre negativa com uma identidade racializada e construída como negra, em contraste com uma possibilidade de vivência de uma identidade racializada e construída como branca, que elimina barreiras e abre portas de interação social. As práticas cotidianas das empregadas refletem também o aspecto relacional do poder, resultado esse obtido por meio da abordagem de suas artes de resistir e de fazer. Além disso, vários saberes cotidianos e ordinários foram apreendidos na abordagem das práticas dessas empregadas, os quais se ligam a um saber amplo: o de saber gerir e participar da gestão de uma vida social organizada. |
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