A superação da ilegalidade urbana: o que é legal no espaço urbano

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Geruza Lustosa de Andrade Tibo
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/RAAO-8MLK6Z
Resumo: O arcabouço jurídico exerce influência inegável na produção do espaço urbano das cidades brasileiras, afetando diretamente a forma, a organização e a ocupação socioespacial da cidade. Grande parte das cidades brasileiras é conformada por espaços ilegais do ponto de vista do direito urbanístico e da legislação urbanística, podendo alcançar até 80% do território ocupado. Esta pesquisa insere-se nessa discussão, com base na legislação urbanística e no ponto cego de sua aplicação: a sua não aplicação na cidade e a consequente geração da ilegalidade urbana. Parte-se da identificação dos agentes produtores do espaço urbano e de suas evidentes lógicas de atuação: o Estado, a indústria imobiliária e o morador da cidade. As três lógicas não são lineares, sendo que algumas desenvolvem-se de forma isoladas e em outros momentos fundem-se em parcerias. Contudo, possuem formas específicas e legítimas de produzirem o espaço urbano, sempre inseridas no modo de produção capitalista. Nesse sentido, o papel do Estado no processo de formação da ilegalidade urbana deve ser entendido para além de um problema de controle ou regulação, mas como, em muitos casos, indutor da produção dessa realidade. As contradições entre o papel do Estado e seus instrumentos de atuação denunciam a situação predominante do status quo na maioria das cidades brasileiras. A pesquisa revela a abordagem da ilegalidade ainda obscura e não menos importante de outros processos geradores de conflitos entre o direito urbanístico e a produção das cidades: a ilegalidade na cidade dita formal. Aborda-se aqui a ilegalidade urbana gerada em razão do desrespeito aos parâmetros urbanísticos da legislação municipal de Belo Horizonte em contraponto à legalidade. A investigação é feita a partir dos processos de aprovação na Prefeitura Municipal de Belo Horizonte e do questionamento da intenção individual dos cidadãos que procuram a Prefeitura para aprovar legalmente a sua edificação e ou o parcelamento do solo em suas propriedades. Além disso, as características e os parâmetros da legislação urbanística e os processos administrativos de aprovação são também explicitados,revelando o descompasso entre a dinâmica urbana e a sobreposição de ilegalidades, que, quase sempre, invalidam a intenção do indivíduo de se enquadrar na lei. Ao fim, a investigação aponta dois caminhos importantes de reflexão. A primeira contempla as legislações urbanísticas, que ao longo do tempo foram se alterando, sobretudo, no que diz respeito a seu conteúdo, e não em suas formas de aplicação. Tal fato tem favorecido o distanciamento entre as leis urbanas e a dinâmica de ocupação de grande parte da cidade, uma vez que não é gerado a partir apenas da rigidez dos parâmetros urbanísticos, mas também do desconhecimento dos moradores a respeito do conteúdo e das formas de aplicação da legislação urbanística. A segunda é feita a partir da cidade real de Belo Horizonte, a qual já possui quase que completamente todo o seu território ocupado. Nesse sentido, qual a validade de legalizar toda a massa construtiva ilegal da cidade? Outra pergunta ainda mais instigante: Como enquadrar toda a massa construtiva que já está alheia aos requisitos mínimos das normas urbanísticas?
id UFMG_1aa6a150bf34a76e108e3d1179b054fa
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/RAAO-8MLK6Z
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Denise Morado NascimentoRoberto Luís de Melo Monte-mórHeloisa Soares de Moura CostaGeruza Lustosa de Andrade Tibo2019-08-11T16:37:48Z2019-08-11T16:37:48Z2011-08-24http://hdl.handle.net/1843/RAAO-8MLK6ZO arcabouço jurídico exerce influência inegável na produção do espaço urbano das cidades brasileiras, afetando diretamente a forma, a organização e a ocupação socioespacial da cidade. Grande parte das cidades brasileiras é conformada por espaços ilegais do ponto de vista do direito urbanístico e da legislação urbanística, podendo alcançar até 80% do território ocupado. Esta pesquisa insere-se nessa discussão, com base na legislação urbanística e no ponto cego de sua aplicação: a sua não aplicação na cidade e a consequente geração da ilegalidade urbana. Parte-se da identificação dos agentes produtores do espaço urbano e de suas evidentes lógicas de atuação: o Estado, a indústria imobiliária e o morador da cidade. As três lógicas não são lineares, sendo que algumas desenvolvem-se de forma isoladas e em outros momentos fundem-se em parcerias. Contudo, possuem formas específicas e legítimas de produzirem o espaço urbano, sempre inseridas no modo de produção capitalista. Nesse sentido, o papel do Estado no processo de formação da ilegalidade urbana deve ser entendido para além de um problema de controle ou regulação, mas como, em muitos casos, indutor da produção dessa realidade. As contradições entre o papel do Estado e seus instrumentos de atuação denunciam a situação predominante do status quo na maioria das cidades brasileiras. A pesquisa revela a abordagem da ilegalidade ainda obscura e não menos importante de outros processos geradores de conflitos entre o direito urbanístico e a produção das cidades: a ilegalidade na cidade dita formal. Aborda-se aqui a ilegalidade urbana gerada em razão do desrespeito aos parâmetros urbanísticos da legislação municipal de Belo Horizonte em contraponto à legalidade. A investigação é feita a partir dos processos de aprovação na Prefeitura Municipal de Belo Horizonte e do questionamento da intenção individual dos cidadãos que procuram a Prefeitura para aprovar legalmente a sua edificação e ou o parcelamento do solo em suas propriedades. Além disso, as características e os parâmetros da legislação urbanística e os processos administrativos de aprovação são também explicitados,revelando o descompasso entre a dinâmica urbana e a sobreposição de ilegalidades, que, quase sempre, invalidam a intenção do indivíduo de se enquadrar na lei. Ao fim, a investigação aponta dois caminhos importantes de reflexão. A primeira contempla as legislações urbanísticas, que ao longo do tempo foram se alterando, sobretudo, no que diz respeito a seu conteúdo, e não em suas formas de aplicação. Tal fato tem favorecido o distanciamento entre as leis urbanas e a dinâmica de ocupação de grande parte da cidade, uma vez que não é gerado a partir apenas da rigidez dos parâmetros urbanísticos, mas também do desconhecimento dos moradores a respeito do conteúdo e das formas de aplicação da legislação urbanística. A segunda é feita a partir da cidade real de Belo Horizonte, a qual já possui quase que completamente todo o seu território ocupado. Nesse sentido, qual a validade de legalizar toda a massa construtiva ilegal da cidade? Outra pergunta ainda mais instigante: Como enquadrar toda a massa construtiva que já está alheia aos requisitos mínimos das normas urbanísticas?The urban set of legal order has undeniable influences in the production of the urban space in the Brazilian cities, directly affecting its forms, organization and sociospatial distribution. From the legal point of view of the urban law and its legislation, a great number of Brazilian cities are composed of illegal spaces, reaching in some cases 80% of the citys occupied territory. The article inserts itself in this discussion through the urban law and its applications blind side; in other words, the nonexistent application in the city and the consequently generation of urban illegality. We start from the identification of the urban space production agents and its evident logic developments: the state, the real estate industry and the citys habitants. The three logic developments are not linear, sometimes developing themselves in an isolated form, and other times, in partnership. However, they have specific and legitimate methods to create the urban space, always working with the capitalism way of production. In this sense, the states role in the urban illegality formations process should be understood not only as a control or regulation problem, but, in many cases, as an inductor of this reality. The existent contradictions between the states role and its instruments denunciate the predominant situation of the status quo noticed in the majority of the Brazilian cities. The study reveals an approach of the illegality still obscure and not less important than the other onflict-makers between the urban laws and the citys production: the illegality in the said formal city. This way, we approach here the urban illegality caused by disrespect to the urban parameters from Belo Horizontes municipal legislation in counterpoint to the legality. The investigation is done from Belo Horizontes City Hall approved processes and the questioning of individual intentions of citizens that are seeking the City Hall to legally approve their developments and/or their properties land subdivisions. Besides this, the urban legislations characteristics and parameters as well as the administrative processes of approval are also apparent, exposing the mismatch between the urban system and the illegalities overlap that, almost always, invalidate a persons intention to follow the law. At the end, the investigation points us to two important observations: the first one is that the urban legislation has beenmodifying itself especially in respect of its contents and not its application. This fact has been favoring the distance between the urban law and the occupation system in the majority of the city, since these distance is not generated from the rigidity urbanistic parameters but from the habitants lack of knowledge about the urban laws content and applications. The second observation is done from the real city of Belo Horizonte, which has its territory almost completely occupied. Thinking along this line, is it worth to legalize the volume of illegal constructions in the city? And another provocative question is how to frame all the constructions that dont meet the urban norms minimum requirements?Universidade Federal de Minas GeraisUFMGDireito urbanisticoPlanejamento urbano LegislaçãoIndústria imobiliáriaLegislação urbanaMercado ImobiliárioIlegalidade UrbanaEstadoA superação da ilegalidade urbana: o que é legal no espaço urbanoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALa_supera__o_da_ilegalidade_urbana__o_que_e_legal_no_espaco_u.pdfapplication/pdf6822348https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/RAAO-8MLK6Z/1/a_supera__o_da_ilegalidade_urbana__o_que_e_legal_no_espaco_u.pdf7ff799ebdf337f3f810dbe6cd7e1d56dMD51TEXTa_supera__o_da_ilegalidade_urbana__o_que_e_legal_no_espaco_u.pdf.txta_supera__o_da_ilegalidade_urbana__o_que_e_legal_no_espaco_u.pdf.txtExtracted texttext/plain472761https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/RAAO-8MLK6Z/2/a_supera__o_da_ilegalidade_urbana__o_que_e_legal_no_espaco_u.pdf.txtff7bba8d12330dc9adc5b7608b73a9bdMD521843/RAAO-8MLK6Z2019-11-14 10:54:31.913oai:repositorio.ufmg.br:1843/RAAO-8MLK6ZRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T13:54:31Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv A superação da ilegalidade urbana: o que é legal no espaço urbano
title A superação da ilegalidade urbana: o que é legal no espaço urbano
spellingShingle A superação da ilegalidade urbana: o que é legal no espaço urbano
Geruza Lustosa de Andrade Tibo
Indústria imobiliária
Legislação urbana
Mercado Imobiliário
Ilegalidade Urbana
Estado
Direito urbanistico
Planejamento urbano Legislação
title_short A superação da ilegalidade urbana: o que é legal no espaço urbano
title_full A superação da ilegalidade urbana: o que é legal no espaço urbano
title_fullStr A superação da ilegalidade urbana: o que é legal no espaço urbano
title_full_unstemmed A superação da ilegalidade urbana: o que é legal no espaço urbano
title_sort A superação da ilegalidade urbana: o que é legal no espaço urbano
author Geruza Lustosa de Andrade Tibo
author_facet Geruza Lustosa de Andrade Tibo
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Denise Morado Nascimento
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Roberto Luís de Melo Monte-mór
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Heloisa Soares de Moura Costa
dc.contributor.author.fl_str_mv Geruza Lustosa de Andrade Tibo
contributor_str_mv Denise Morado Nascimento
Roberto Luís de Melo Monte-mór
Heloisa Soares de Moura Costa
dc.subject.por.fl_str_mv Indústria imobiliária
Legislação urbana
Mercado Imobiliário
Ilegalidade Urbana
Estado
topic Indústria imobiliária
Legislação urbana
Mercado Imobiliário
Ilegalidade Urbana
Estado
Direito urbanistico
Planejamento urbano Legislação
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Direito urbanistico
Planejamento urbano Legislação
description O arcabouço jurídico exerce influência inegável na produção do espaço urbano das cidades brasileiras, afetando diretamente a forma, a organização e a ocupação socioespacial da cidade. Grande parte das cidades brasileiras é conformada por espaços ilegais do ponto de vista do direito urbanístico e da legislação urbanística, podendo alcançar até 80% do território ocupado. Esta pesquisa insere-se nessa discussão, com base na legislação urbanística e no ponto cego de sua aplicação: a sua não aplicação na cidade e a consequente geração da ilegalidade urbana. Parte-se da identificação dos agentes produtores do espaço urbano e de suas evidentes lógicas de atuação: o Estado, a indústria imobiliária e o morador da cidade. As três lógicas não são lineares, sendo que algumas desenvolvem-se de forma isoladas e em outros momentos fundem-se em parcerias. Contudo, possuem formas específicas e legítimas de produzirem o espaço urbano, sempre inseridas no modo de produção capitalista. Nesse sentido, o papel do Estado no processo de formação da ilegalidade urbana deve ser entendido para além de um problema de controle ou regulação, mas como, em muitos casos, indutor da produção dessa realidade. As contradições entre o papel do Estado e seus instrumentos de atuação denunciam a situação predominante do status quo na maioria das cidades brasileiras. A pesquisa revela a abordagem da ilegalidade ainda obscura e não menos importante de outros processos geradores de conflitos entre o direito urbanístico e a produção das cidades: a ilegalidade na cidade dita formal. Aborda-se aqui a ilegalidade urbana gerada em razão do desrespeito aos parâmetros urbanísticos da legislação municipal de Belo Horizonte em contraponto à legalidade. A investigação é feita a partir dos processos de aprovação na Prefeitura Municipal de Belo Horizonte e do questionamento da intenção individual dos cidadãos que procuram a Prefeitura para aprovar legalmente a sua edificação e ou o parcelamento do solo em suas propriedades. Além disso, as características e os parâmetros da legislação urbanística e os processos administrativos de aprovação são também explicitados,revelando o descompasso entre a dinâmica urbana e a sobreposição de ilegalidades, que, quase sempre, invalidam a intenção do indivíduo de se enquadrar na lei. Ao fim, a investigação aponta dois caminhos importantes de reflexão. A primeira contempla as legislações urbanísticas, que ao longo do tempo foram se alterando, sobretudo, no que diz respeito a seu conteúdo, e não em suas formas de aplicação. Tal fato tem favorecido o distanciamento entre as leis urbanas e a dinâmica de ocupação de grande parte da cidade, uma vez que não é gerado a partir apenas da rigidez dos parâmetros urbanísticos, mas também do desconhecimento dos moradores a respeito do conteúdo e das formas de aplicação da legislação urbanística. A segunda é feita a partir da cidade real de Belo Horizonte, a qual já possui quase que completamente todo o seu território ocupado. Nesse sentido, qual a validade de legalizar toda a massa construtiva ilegal da cidade? Outra pergunta ainda mais instigante: Como enquadrar toda a massa construtiva que já está alheia aos requisitos mínimos das normas urbanísticas?
publishDate 2011
dc.date.issued.fl_str_mv 2011-08-24
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-08-11T16:37:48Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-08-11T16:37:48Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/RAAO-8MLK6Z
url http://hdl.handle.net/1843/RAAO-8MLK6Z
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/RAAO-8MLK6Z/1/a_supera__o_da_ilegalidade_urbana__o_que_e_legal_no_espaco_u.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/RAAO-8MLK6Z/2/a_supera__o_da_ilegalidade_urbana__o_que_e_legal_no_espaco_u.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 7ff799ebdf337f3f810dbe6cd7e1d56d
ff7bba8d12330dc9adc5b7608b73a9bd
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1797970948769447936