A natureza da relação entre escolaridade materna e mortalidade infantil e na infância no Brasil

• Autor(a) principal: Luciana Conceicao de Lima
• Data de Publicação: 2013
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/AMSA-9D8PJT
• topic: Threshold model; Mortalidade infantil; Mortalidade na infância; Escolaridade materna; Gradiente socioeconômico; Mortalidade infantil Brasil; Mulheres Brasil Condições sociais

Essa tese discutiu o formato do relacionamento entre escolaridade materna e mortalidade infantil (mortalidade neonatal precoce, neonatal, pós-neonatal) e mortalidade na infância, no Brasil, utilizando dados provenientes das rodadas do programa mundial Measure Demographic and Health Survey (DHS). Foram analisadas informações de nascidos vivos únicos na PNSMIPF 1986 (n=3.573), PNDS 1996 (n=5.045) e PNDS 2006 (n=6.054). A escolaridade materna representa um dos determinantes socioeconômicos da sobrevivência da criança mais estudados em todo o mundo, porém, estudos voltados para natureza dessa relação ainda são escassos. Com base nos modelos teóricos do gradiente socioeconômico e do threshold model foram estabelecidas duas hipóteses para o formato do relacionamento entre escolaridade materna e mortalidade infantil e na infância: retornos graduados aos anos de estudo da mãe na sobrevivência da criança e existência de pelo menos um threshold na curva que descreve a relação entre essas duas dimensões. Foram conduzidas três análises, tendo sido empregados na Análise 1 modelos de regressão de Poisson para oito modelos multivariados ajustados por características maternas, da criança, do histórico reprodutivo da mãe e da assistência pré-natal, da exposição à mídia, do domicílio e do mercado de casamentos. A variável dependente foi a resposta binária à ocorrência/não ocorrência do óbito infantil e na infância e os anos de estudo discretos completados pela mãe constituíram a variável independente de interesse. A Análise 2 empregou os mesmos modelos de regressão de Poisson, porém, foram utilizados níveis de anos de ensino para expressar a escolaridade da mãe. Na Análise 3 foram utilizados modelos de regressão de Poisson ajustados pela função spline linear para a obtenção de threshold(s) nos efeitos de anos discretos da mãe na mortalidade infantil e na infância. Os resultados encontrados na primeira análise indicaram efeitos nulos dos anos de estudo maternos na sobrevivência da criança em todas as componentes analisadas, tendo sido esse um quadro que se repetiu nas três amostras, refutando a hipótese derivada do gradiente socioeconômico. Já dentre os principais resultados obtidos na Análise 2, verificou-se predomínio de efeitos nulos da escolaridade materna até o grupo Graduação ou mais, que na maior parte das vezes, desempenhou um papel protetor à ocorrência do óbito infantil e na infância, sobretudo na PNDS 2006. Na Análise 3 os resultados indicaram tendência de mudança no tempo de um formato linear para um formato contendo pelo menos um threshold na relação entre escolaridade materna e mortalidade infantil e na infância. Foram encontrados pontos de quebra na curva elevados (dez e onze anos de estudo) e que contrastam com os poucos anos de educação formal que têm sido referenciados na literatura como necessários para que a educação materna comece a afetar a sobrevivência da criança. No geral, a distinção de formatos encontrados por segmentos da mortalidade infantil e mortalidade na infância podem ser explicados pela mudança no tempo da estrutura de causas desses óbitos e a capacidade da escolaridade materna em afetá-los, bem como a introdução de novas tecnologias médicas em saúde infantil e o padrão de desigualdades entre grupos sociais no acesso a esses recursos.