Heterogeneidade cognitiva nas dificuldades de aprendizagem da matemática: mecanismos específicos e gerais

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Larissa de Souza Salvador
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-A5BFZG
Resumo: O interesse pelo estudo sobre a heterogeneidade presente no perfil cognitivo da dificuldade de aprendizagem da matemática (DAM) vem crescendo, entretanto, a literatura sobre o tema apresenta-se de forma pouco conclusiva. A presente dissertação investiga os mecanismos cognitivos subjacentes aos diversos perfis envolvidos na DAM. Primeiramente, um estudo realizado com uma amostra de 244 crianças com idade entre 8 a 11 anos, classificadas através de uma análise de conglomerados, buscou investigar a formação de perfis neuropsicológicos relacionados à DAM. A análise resultou em uma solução de 4 clusters, sendo um com dificuldades mais proeminentes nas habilidades visuoespaciais, outro com dificuldades somente na memória de trabalho fonológica, um terceiro com dificuldades em todas as variáveis, incluindo o senso numérico. Por fim, um cluster sem dificuldades, considerado grupo controle. Os 3 primeiros clusters, com déficits neuropsicológicos apresentaram desempenho inferior na aritmética, quando comparados ao cluster controle. O pior desempenho na matemática foi verificado no cluster que apresentou um déficit de domínio específico, no senso numérico. Todos os clusters apresentaram diferentes prejuízos relacionados aos cálculos aritméticos de adição, subtração e multiplicação, caracterizando diferentes perfis de prejuízos na DAM. Posteriormente, um estudo de caso foi realizado, com uma paciente de 16 anos, com inteligência igual à média, déficits na memória de trabalho e funções executivas, sem comprometimento de outros domínios, como linguagem, habilidades visuoespaicias e habilidades numéricas básicas, porém, com uma dificuldade persistente em tarefas que envolvem cálculos aritméticos. Foi investigada a hipótese de que algum outro fator poderia mediar a relação entre um déficit de domínio geral, de caráter executivo, e a aprendizagem da matemática. Após avaliação comportamental, através de questionários padronizados, verificou-se altos índices de ansiedade matemática, baixa auto-eficácia e problemas internalizantes. Foi realizada uma intervenção de 12 semanas em grupo com a adolescente, utilizando-se técnicas cognitivo-comportamentais para manejo de ansiedade. Após a intervenção, houve melhora estatisticamente significativa no desempenho na tarefa de Aritmética do WICS IV e em questionários de auto-eficácia, auto-regulação e ansiedade matemática. Porém, não foram observadas alterações significativas no desempenho na bateria de avaliação da memória de trabalho e nas tarefas que avaliaram o desempenho na tabuada de multiplicação. O estudo concluiu que déficits cognitivos gerais, como na memória de trabalho, podem ser influenciados por outros fatores, como a ansiedade matemática, resultando em uma especificidade de prejuízos relacionados à DAM. Entretanto, a ansiedade matemática não foi capaz de explicar o baixo desempenho em aritmética, caracterizando um quadro de Discalculia do Desenvolvimento. Os estudos realizados ainda têm caráter exploratório, contudo, os achados corroboram a hipótese da existência perfis distintos que contribuem para a heterogeneidade na DAM, ressaltando questões importantes sobre fatores relacionados às diversas etiologias envolvidas neste transtorno.
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A análise resultou em uma solução de 4 clusters, sendo um com dificuldades mais proeminentes nas habilidades visuoespaciais, outro com dificuldades somente na memória de trabalho fonológica, um terceiro com dificuldades em todas as variáveis, incluindo o senso numérico. Por fim, um cluster sem dificuldades, considerado grupo controle. Os 3 primeiros clusters, com déficits neuropsicológicos apresentaram desempenho inferior na aritmética, quando comparados ao cluster controle. O pior desempenho na matemática foi verificado no cluster que apresentou um déficit de domínio específico, no senso numérico. Todos os clusters apresentaram diferentes prejuízos relacionados aos cálculos aritméticos de adição, subtração e multiplicação, caracterizando diferentes perfis de prejuízos na DAM. Posteriormente, um estudo de caso foi realizado, com uma paciente de 16 anos, com inteligência igual à média, déficits na memória de trabalho e funções executivas, sem comprometimento de outros domínios, como linguagem, habilidades visuoespaicias e habilidades numéricas básicas, porém, com uma dificuldade persistente em tarefas que envolvem cálculos aritméticos. Foi investigada a hipótese de que algum outro fator poderia mediar a relação entre um déficit de domínio geral, de caráter executivo, e a aprendizagem da matemática. Após avaliação comportamental, através de questionários padronizados, verificou-se altos índices de ansiedade matemática, baixa auto-eficácia e problemas internalizantes. Foi realizada uma intervenção de 12 semanas em grupo com a adolescente, utilizando-se técnicas cognitivo-comportamentais para manejo de ansiedade. Após a intervenção, houve melhora estatisticamente significativa no desempenho na tarefa de Aritmética do WICS IV e em questionários de auto-eficácia, auto-regulação e ansiedade matemática. Porém, não foram observadas alterações significativas no desempenho na bateria de avaliação da memória de trabalho e nas tarefas que avaliaram o desempenho na tabuada de multiplicação. O estudo concluiu que déficits cognitivos gerais, como na memória de trabalho, podem ser influenciados por outros fatores, como a ansiedade matemática, resultando em uma especificidade de prejuízos relacionados à DAM. Entretanto, a ansiedade matemática não foi capaz de explicar o baixo desempenho em aritmética, caracterizando um quadro de Discalculia do Desenvolvimento. Os estudos realizados ainda têm caráter exploratório, contudo, os achados corroboram a hipótese da existência perfis distintos que contribuem para a heterogeneidade na DAM, ressaltando questões importantes sobre fatores relacionados às diversas etiologias envolvidas neste transtorno.The interest on the study of the heterogeneity regarding the cognitive profile of the mathematical learning disabilities (MLD) is growing, however, the literature on the topic is not conclusive. This dissertation investigates the cognitive mechanisms underlying the different profiles of MLD. At first, we conducted a study with a sample of 244 children aged 8 to 11 years old, classified with a cluster analysis, which aimed to investigate the formation of different MLD subtypes. The analysis resulted in a solution of 4 clusters, one with the most prominent difficulties in visuospatial skills, another with specific deficits in phonological working memory, a third with difficulties in all variables, including number sense. Finally, a cluster without neuropsychological difficulties, considered to be the control group. The first 3 clusters with neuropsychological deficits showed lower performance in arithmetic, compared to the control cluster. The worst performance in mathematics was found in the cluster that presented a domain specific deficit, in number sense. All clusters showed different impairments in arithmetic calculations of addition, subtraction and multiplication, constituting different profiles of MLD. Subsequently, a case study was conducted with a 16-year-old patient with high intelligence, deficits in working memory and executive functions, without impairments in other areas such as language, visuospatial skills and basic numerical skills, however, with a persistent difficulty in arithmetic tasks. The possibility that some other factor could mediate the relationship between a general domain deficit, such as executive functions, and mathematics learning, was investigated. After behavioral assessment with standardized questionnaires, we found high levels of math anxiety, low self-efficacy and internalizing problems. An 8-week intervention was carried out in groups with adolescents, using cognitive-behavioral techniques to manage anxiety. After the intervention, there was a statistically significant improvement in performance of arithmetic calculations and self-efficacy and mathematics anxiety questionnaires. However, there were no significant changes in performance regarding working memory. We concluded that general cognitive deficits, such as working memory, may be mediated by other factors, such as math anxiety, resulting in a specificity of MLD impairments. Studies are still exploratory, however, the findings corroborate the hypothesis that distinct profiles contribute to heterogeneity in MLD, highlighting important questions about factors related to the various etiologies involved in this disorder.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGNeurociênciasDificuldade de aprendizagem da matemáticaHabilidades visuoespaciaisCognição numéricaMemória de trabalhoAnsiedade matemáticaHeterogeneidadeHeterogeneidade cognitiva nas dificuldades de aprendizagem da matemática: mecanismos específicos e geraisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdisserta__o_mestradoufmg_larissa_salvador_2015.pdfapplication/pdf1895521https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-A5BFZG/1/disserta__o_mestradoufmg_larissa_salvador_2015.pdf9fae43a99d13570eb1b5e3b309df2967MD51TEXTdisserta__o_mestradoufmg_larissa_salvador_2015.pdf.txtdisserta__o_mestradoufmg_larissa_salvador_2015.pdf.txtExtracted texttext/plain194764https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-A5BFZG/2/disserta__o_mestradoufmg_larissa_salvador_2015.pdf.txt0e385e4ef31419fc9ad1fe8488700114MD521843/BUBD-A5BFZG2019-11-14 04:07:40.998oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-A5BFZGRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T07:07:40Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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