As nossas Áfricas: população escrava e identidades africanas nas Minas Setecentistas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rodrigo Castro Rezende
Data de Publicação: 2006
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/VGRO-6YEG9U
Resumo: Esta dissertação tem por objetivo analisar a composição populacional e as identidades dos escravos africanos nas Minas Gerais do século XVIII. Para tanto, o estudo do tráfico de escravos para a Capitania mineira se fez necessário. Primeiro porque a partir de sua análise pode-se perceber as questões relativas a oferta e a demanda, permitindo assim uma melhor compreensão da composição da escravaria em Minas. Segundo, as relações fomentadas por portugueses e luso-brasileiros na África repercutiram diretamente nas representações atribuídas aos escravos das Gerais. Assim, determinadas nações africanas ganharam representações que as fizeram ser vistas como mais próximas culturalmente dos luso-brasileiros, ou mais afastadas. Estas representações, não raro, expressaram a visão de mundo do Eu. Ou seja, era, na verdade, como o Eu não-africano apreendeu os diversos códigos e valores culturais dos africanos. A essas representações, denominados de Identidades representadas. Por outro lado, os africanos se apropriavam dessas representações, as utilizando na sociedade mineira, pois quisessem ou não, tinham que se adequar a esta sociedade. Em outras palavras, ao se apropriarem dessas representações, os africanos construíam suas identidades de sobrevivência. Por último, deve-se ressaltar que os códigos e valores culturais dos africanos não desapareceram no contato com o não-africano. Estes, chamados no trabalho de identidades históricas, não eram decodificados pelos não-africanos, permitindo que os indivíduos da África expressassem suas identidades de forma muito mais autônoma do que a historiografia ressalta. Nesse sentido, pode-se pensar que o processo de aculturação foi e é uma invenção, já que as identidades africanas em Minas Gerais no século XVIII eram múltiplas, manifestando-se diferentemente conforme a interação que ocorria.
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Ou seja, era, na verdade, como o Eu não-africano apreendeu os diversos códigos e valores culturais dos africanos. A essas representações, denominados de Identidades representadas. Por outro lado, os africanos se apropriavam dessas representações, as utilizando na sociedade mineira, pois quisessem ou não, tinham que se adequar a esta sociedade. Em outras palavras, ao se apropriarem dessas representações, os africanos construíam suas identidades de sobrevivência. Por último, deve-se ressaltar que os códigos e valores culturais dos africanos não desapareceram no contato com o não-africano. Estes, chamados no trabalho de identidades históricas, não eram decodificados pelos não-africanos, permitindo que os indivíduos da África expressassem suas identidades de forma muito mais autônoma do que a historiografia ressalta. Nesse sentido, pode-se pensar que o processo de aculturação foi e é uma invenção, já que as identidades africanas em Minas Gerais no século XVIII eram múltiplas, manifestando-se diferentemente conforme a interação que ocorria.This Thesis attempts to analyze the ethnic composition and identities of African slaves in Minas Gerais during the eighteenth century. In order to do so the slave trade into the captaincy is examined since, first, a focus on the effects of supply and demand allows for a better understanding of ethnic make up and, second, the relationships built up among the Portuguese and Luso-Brazilians in Africa had a direct influence on representations attributed to slaves in Minas. Thus, certain African nations (nações) took on representations which made them to be seen as either culturally closer to Luso-Brazilians or more apart. It was not unusual for these representations to express a worldview of the self. That is to say that, in fact, they expressed how the non-African came to understand diverse African cultural codes and values. On the other hand, Africans appropriated these same representations, assuming them within the Minas society for, whatever their real desires, they were forced to adapt to their new reality. In other words, in appropriating these representations Africans constructed their identities of survival. It should be emphasized, however, that African cultural codes and values did not disappear upon making contact with the non-African. These codes and values, referred to here as historical identitities, were never de-codified by non-Africans, thus allowing for African individuals to express their identities in a more autonomous form than the specialized historiography admits. In that sense it can be posited that the so-called process of acculturation was a mere invention, given that there were multiple eighteenth-century African identities in Minas each of which manifested itself in distinct fashion depending upon the circumstances.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGEscravos Minas Gerais HistóriaHistóriaMinas Gerais História Séc, XVIIIMinas GeraisÁfricasHistóriaAs nossas Áfricas: população escrava e identidades africanas nas Minas Setecentistasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALrodrigo_castro_resende__disserta__o_2006_anexos.pdfapplication/pdf884304https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/VGRO-6YEG9U/1/rodrigo_castro_resende__disserta__o_2006_anexos.pdf691795540d14fc169628b52c019a11b9MD51rodrigo_castro_resende__disserta__o_2006_texto.pdfapplication/pdf3097016https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/VGRO-6YEG9U/2/rodrigo_castro_resende__disserta__o_2006_texto.pdff1e7e19081cd915b6d9d455fbf6f962cMD52rodrigo_castro_resende__disserta__o_2006_capa_e_outros.pdfapplication/pdf162231https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/VGRO-6YEG9U/3/rodrigo_castro_resende__disserta__o_2006_capa_e_outros.pdf041ab16853d3fbf13c1a9bbb1b1e38cfMD53rodrigo_castro_resende__disserta__o_2006_capa_e_outros.pdfapplication/pdf162231https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/VGRO-6YEG9U/4/rodrigo_castro_resende__disserta__o_2006_capa_e_outros.pdf041ab16853d3fbf13c1a9bbb1b1e38cfMD54rodrigo_castro_resende__disserta__o_2006_texto.pdfapplication/pdf3097016https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/VGRO-6YEG9U/5/rodrigo_castro_resende__disserta__o_2006_texto.pdff1e7e19081cd915b6d9d455fbf6f962cMD55rodrigo_castro_resende__disserta__o_2006_anexos.pdfapplication/pdf884304https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/VGRO-6YEG9U/6/rodrigo_castro_resende__disserta__o_2006_anexos.pdf691795540d14fc169628b52c019a11b9MD56TEXTrodrigo_castro_resende__disserta__o_2006_anexos.pdf.txtrodrigo_castro_resende__disserta__o_2006_anexos.pdf.txtExtracted texttext/plain20683https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/VGRO-6YEG9U/7/rodrigo_castro_resende__disserta__o_2006_anexos.pdf.txt09eddc50277766cd227a3b1d0d5335e2MD57rodrigo_castro_resende__disserta__o_2006_texto.pdf.txtrodrigo_castro_resende__disserta__o_2006_texto.pdf.txtExtracted texttext/plain385865https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/VGRO-6YEG9U/8/rodrigo_castro_resende__disserta__o_2006_texto.pdf.txt21326ed560fa3338db2909cdeb5a2f85MD58rodrigo_castro_resende__disserta__o_2006_capa_e_outros.pdf.txtrodrigo_castro_resende__disserta__o_2006_capa_e_outros.pdf.txtExtracted texttext/plain19087https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/VGRO-6YEG9U/9/rodrigo_castro_resende__disserta__o_2006_capa_e_outros.pdf.txt9d9cc4d4754a299c2050f5a652eeb169MD591843/VGRO-6YEG9U2019-11-14 08:50:10.843oai:repositorio.ufmg.br:1843/VGRO-6YEG9URepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T11:50:10Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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