Normalizar... Resistir... Normalizar...: o jogo de poder em uma organização pública, a partir de um grupo de discussão on-line

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Paula Fernandes Furbino Bretas
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9ZSHF9
Resumo: A partir da análise de entrevistas, e-mails, relatórios de gestão, reportagens e artigos científicos, objetivo nesta pesquisa compreender como um grupo de discussão on-line (doravante, GRUPO) aparece, do final da década de 1990 a 2013, como uma prática de poderresistência em uma organização pública. Para tanto, busco traçar uma genealogia, uma história de acontecimentos cotidianos que surgem como rupturas e que auxiliam no intento de fazer uma analítica do poder, de fornecer um diagrama de lutas que erigem regimes de verdades. Regimes tais que se sustentam em relações de poder disciplinar, utilizando diversas tecnologias, como a sanção normalizadora, o exame e a vigilância, cujos efeitos produzem saber, discursos e, também, o próprio homem. A analítica do poder permitiu a visualização de um movimento na história no qual o discurso do GRUPO surge como uma prática de resistência combativa à administração, aos políticos e a concepções político-partidárias que, após uma rearticulação da rede de poder disciplinar, transformou-se em uma prática de resistência normalizada que restringe a figura do servidor público à de um trabalhador despolitizado, ancorado nos conceitos de meritocracia, eficiência e especialização, e menos à de interesse público e bem comum. O fio condutor descontínuo que acompanha essa história mostra que os picos de ação resistente do grupo em questão estava sempre ligado a um interesse imediato: aspectos financeiros. Dessa forma, problemas sociais mais amplos por vezes inseridos no GRUPO não repercutiram, não se configurando, assim, como acontecimentos nessa genealogia. Essa analítica também possibilitou o entendimento do GRUPO como um panóptico duplo, em que os participantes se vigiam e os não participantes vigiam quem está participando e a configuração de um dispositivo da nova gestão pública cujo principal efeito é a despolitização do trabalhador, que inclui enunciados científicos da Administração, da Administração Pública e do Direito, medidas administrativas, leis, proposições morais do neoliberalismo, instituições como as organizações públicas e privadas, mídia e controle virtual, entre outros elementos discursivos e não discursivos.
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A analítica do poder permitiu a visualização de um movimento na história no qual o discurso do GRUPO surge como uma prática de resistência combativa à administração, aos políticos e a concepções político-partidárias que, após uma rearticulação da rede de poder disciplinar, transformou-se em uma prática de resistência normalizada que restringe a figura do servidor público à de um trabalhador despolitizado, ancorado nos conceitos de meritocracia, eficiência e especialização, e menos à de interesse público e bem comum. O fio condutor descontínuo que acompanha essa história mostra que os picos de ação resistente do grupo em questão estava sempre ligado a um interesse imediato: aspectos financeiros. Dessa forma, problemas sociais mais amplos por vezes inseridos no GRUPO não repercutiram, não se configurando, assim, como acontecimentos nessa genealogia. Essa analítica também possibilitou o entendimento do GRUPO como um panóptico duplo, em que os participantes se vigiam e os não participantes vigiam quem está participando e a configuração de um dispositivo da nova gestão pública cujo principal efeito é a despolitização do trabalhador, que inclui enunciados científicos da Administração, da Administração Pública e do Direito, medidas administrativas, leis, proposições morais do neoliberalismo, instituições como as organizações públicas e privadas, mídia e controle virtual, entre outros elementos discursivos e não discursivos.Through analysis of interviews, e-mails, management reports, news, and scientific papers I aim in this research to understand how an on-line discussion group (henceforth GRUPO) appears, from late 1990 to 2013, as a power-resistance practice in a public organization. To do so, I seek to trace a genealogy, a story of everyday events that arise as ruptures and that aid me in my attempt to carry on an analytic of power, to provide a diagram of struggles erecting regimes of truth. Such regimes are supported by disciplinary power relations, using various technologies, such as normalizing sanction, examination, and surveillance, whose effects produce knowledge, discourses and also the man himself. The analytic of power allowed the visualization of a movement in the story in which the GRUPO's discourse came out as a practice of militant resistance to the management, politicians, and party-political conceptions that, after a re-articulation of the disciplinary power network, turned out into a practice of normalized resistance that restrains the civil servant figure to a depoliticized worker, anchored in the concepts of meritocracy, efficiency, specialization and less to the public and common interests. The discontinuous conductive wire accompanying this story shows that the peaks of resistant action of the group in question was always related to an immediate interest: financial aspects. Therefore, broader social problems sometimes sent to the GRUPO did not draw the attention meant and, because of that, were not included as events in this genealogy. This analytic allowed as well to understand the GRUPO as a double panopticon, in which participants watch themselves and non-participants watch the participants, then setting up a new public management's dispositive, whose main effect is the worker's depoliticization, which includes scientific statements Administration, Public Administration and Law, administrative measures, laws, moral propositions of neoliberalism, institutions such as public and private organizations, media, virtual control, among other discursive and non-discursive elements.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGPoder (Filosofia)OrganizaçãoAdministração públicaGrupos de discussões pela InternetResistênciasRelações de PoderDiscursosNormalizar... Resistir... Normalizar...: o jogo de poder em uma organização pública, a partir de um grupo de discussão on-lineinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALbretas___disserta__o___cd_cepead.pdfapplication/pdf2003926https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9ZSHF9/1/bretas___disserta__o___cd_cepead.pdf52c79a3e16edaf4b0d98f6416d226140MD51TEXTbretas___disserta__o___cd_cepead.pdf.txtbretas___disserta__o___cd_cepead.pdf.txtExtracted texttext/plain289507https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9ZSHF9/2/bretas___disserta__o___cd_cepead.pdf.txt4e95820152580c8ebebdb6f5e8caefa1MD521843/BUBD-9ZSHF92019-11-14 21:55:23.374oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-9ZSHF9Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-15T00:55:23Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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