Marcas de oralidade e de escriptualidade em documentos setecentistas: uma forma de caracterização do escrevente e de reconstrução da oralidade pretérita

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Shirlene Ferreira Coelho
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/56559
https://orcid.org/0000-0001-8828-7058
Resumo: Um dos grandes desafios para aqueles que desejam enveredar pela pesquisa em linguística histórica, sobretudo as de cunho variacionista, é dispor de arquivos que possam propiciar a verificação das diversas características sociais dos escribas. Soma-se a isso a impossibilidade de reunir dados orais, uma vez que podemos contar apenas com documentos escritos. Apesar desse contexto, mantém-se viável o resgate de marcas que possam remeter à oralidade em tempos pretéritos, numa tentativa de se reconstruir a língua falada de outrora. Nesse sentido, o estudo proposto visa à análise de marcas de oralidade, bem como de escriptualidade, em corpus do século XVIII, mais especificamente no dialeto mineiro. Por se respaldar nos pressupostos da sociolinguística, nosso trabalho pode se configurar como um recurso adicional para a avaliação acerca do perfil do escrevente, haja vista que, nem sempre, temos à disposição informações que denotem qual seria o seu grau de domínio da habilidade escrita. Nossa hipótese é a de que a escolha por determinadas grafias pode indicar o estágio de aquisição da escrita, revelando, consequentemente, o nível de letramento do escrevente. Desse modo, exploramos a hipótese de que pessoas de níveis sociais mais populares tenderiam a reproduzir uma escrita mais fonética, ao passo que pessoas de classes sociais mais abastadas adotariam grafias etimológicas. Para a verificação da viabilidade de nossa hipótese inicial, selecionamos aproximadamente duas mil e quinhentas palavras de quatro documentos, relativos à atual cidade de Diamantina, que se configuram, no nosso entendimento, como representativos da elite cultural dos setecentos e da classe social menos abastada, a saber, Termos de Devassas (1750), Estatuto da Ordem Terceira de São Francisco (1778), Livro de Compromisso da Irmandade de Nossa Senhora do Amparo (1781) e Livro de Compromisso da Irmandade de Nossa Senhora das Mercês (1782). Identificadas as variáveis ortográficas, elegemos cinco fenômenos que pudessem nos fornecer pistas quanto ao perfil desses escreventes no trato para a linguagem escrita, quais sejam: (i) a geminação de consoantes; (ii) a representação de nasalidade; (iii) a representação surda vs sonora para /s/ e /z/; (iv) o abaixamento de vogais; e (v) o alçamento de vogais. Dos fenômenos selecionados, a representação da sibilante surda foi a que mais impactou em nossos resultados, seguida da representação de nasalidade, que apresentaram altas taxas de desvios, principalmente entre os escreventes representantes das classes sociais mais elevadas. A geminação de consoantes, o abaixamento e o alçamento de vogais, apesar de apontarem para algumas dificuldades dos escreventes, foram avaliados como fenômenos menos complexos. O que observamos, ao final, é que não apenas a análise quantitativa é suficiente para averiguarmos o nível de letramento desses escribas, sendo necessário recorrer a questões históricas, sociais, normativas, além de estudos contemporâneos sobre aquisição da escrita e sobre a descrição de fenômenos afins ao que elegemos, para, assim, avaliarmos nossa hipótese. Em conclusão, verificamos uma escrita mais arcaizante nos Livros de Compromisso, ao passo que os clérigos demonstraram maior autonomia com a tecnologia escrita, ainda que esse comportamento reflita em desvios ortográficos.
id UFMG_611f4ad1537eb53212453d97aa4f3902
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/56559
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Sueli Maria Coelhohttp://lattes.cnpq.br/5669784115573629Leonardo Lennertz MarcotulioDaniela Mara Lima Oliveira GuimarãesCésar Nardelli CambraiaFábio César Montanheirohttp://lattes.cnpq.br/7458932776133748Shirlene Ferreira Coelho2023-07-18T14:16:22Z2023-07-18T14:16:22Z2023-05-26http://hdl.handle.net/1843/56559https://orcid.org/0000-0001-8828-7058Um dos grandes desafios para aqueles que desejam enveredar pela pesquisa em linguística histórica, sobretudo as de cunho variacionista, é dispor de arquivos que possam propiciar a verificação das diversas características sociais dos escribas. Soma-se a isso a impossibilidade de reunir dados orais, uma vez que podemos contar apenas com documentos escritos. Apesar desse contexto, mantém-se viável o resgate de marcas que possam remeter à oralidade em tempos pretéritos, numa tentativa de se reconstruir a língua falada de outrora. Nesse sentido, o estudo proposto visa à análise de marcas de oralidade, bem como de escriptualidade, em corpus do século XVIII, mais especificamente no dialeto mineiro. Por se respaldar nos pressupostos da sociolinguística, nosso trabalho pode se configurar como um recurso adicional para a avaliação acerca do perfil do escrevente, haja vista que, nem sempre, temos à disposição informações que denotem qual seria o seu grau de domínio da habilidade escrita. Nossa hipótese é a de que a escolha por determinadas grafias pode indicar o estágio de aquisição da escrita, revelando, consequentemente, o nível de letramento do escrevente. Desse modo, exploramos a hipótese de que pessoas de níveis sociais mais populares tenderiam a reproduzir uma escrita mais fonética, ao passo que pessoas de classes sociais mais abastadas adotariam grafias etimológicas. Para a verificação da viabilidade de nossa hipótese inicial, selecionamos aproximadamente duas mil e quinhentas palavras de quatro documentos, relativos à atual cidade de Diamantina, que se configuram, no nosso entendimento, como representativos da elite cultural dos setecentos e da classe social menos abastada, a saber, Termos de Devassas (1750), Estatuto da Ordem Terceira de São Francisco (1778), Livro de Compromisso da Irmandade de Nossa Senhora do Amparo (1781) e Livro de Compromisso da Irmandade de Nossa Senhora das Mercês (1782). Identificadas as variáveis ortográficas, elegemos cinco fenômenos que pudessem nos fornecer pistas quanto ao perfil desses escreventes no trato para a linguagem escrita, quais sejam: (i) a geminação de consoantes; (ii) a representação de nasalidade; (iii) a representação surda vs sonora para /s/ e /z/; (iv) o abaixamento de vogais; e (v) o alçamento de vogais. Dos fenômenos selecionados, a representação da sibilante surda foi a que mais impactou em nossos resultados, seguida da representação de nasalidade, que apresentaram altas taxas de desvios, principalmente entre os escreventes representantes das classes sociais mais elevadas. A geminação de consoantes, o abaixamento e o alçamento de vogais, apesar de apontarem para algumas dificuldades dos escreventes, foram avaliados como fenômenos menos complexos. O que observamos, ao final, é que não apenas a análise quantitativa é suficiente para averiguarmos o nível de letramento desses escribas, sendo necessário recorrer a questões históricas, sociais, normativas, além de estudos contemporâneos sobre aquisição da escrita e sobre a descrição de fenômenos afins ao que elegemos, para, assim, avaliarmos nossa hipótese. Em conclusão, verificamos uma escrita mais arcaizante nos Livros de Compromisso, ao passo que os clérigos demonstraram maior autonomia com a tecnologia escrita, ainda que esse comportamento reflita em desvios ortográficos.One of the problems for those who wish to research in historical linguistics, especially the variationist sociolinguistics, is to have archives that can provide the verification of the various social characteristics of scribes. Furthermore, we have a difficulty to rescue the orality data, because we can only have written documents. Despite this context, the rescue of marks that can refer to orality in preterit times remains viable, in an attempt to reconstruct the spoken language of the past from these documents. In this sense, the proposed study aims to analyze orality marks in a corpus 18th century, more specifically in the Minas Gerais dialect. Furthermore, as it is based on the assumptions of sociolinguistics, our work can be configured as an additional resource for the evaluation of the writer's profile, in view of that we do not always have available information that denote what would be their level of mastery of writing skills. Our hypothesis is that the choice of certain spellings may indicate the stage of acquisition of writing, thus revealing the level of literacy of the writer. Thus, we believe that people from more popular social levels would tend to reproduce more phonetic writing, while people from more affluent social classes would adopt etymological spellings. In order to verify the feasibility of our initial hypothesis, we selected approximately two thousand and five hundred words from four documents related to the current city of Diamantina, which in our understanding represent the cultural elite of the 1700s and the less affluent social class, namely, Termos de Devassas (1750), Estatuto da Ordem Terceira de São Francisco (1778), Livro de Compromisso da Irmandade de Nossa Senhora do Amparo (1781) e Livro de Compromisso da Irmandade de Nossa Senhora das Mercês (1782). Once the spelling variables were identified, we chose five phenomena that could provide us with clues as to the profile of these writers in dealing with written language: (i) consonant twinning; (ii) the representation of nasality; (iii) voiceless vs voiced representation for /s/ and /z/; (iv) the lowering of vowels; and (v) the raising of vowels. Of the selected phenomena, the representation of the voiceless sibilant was the one that most impacted our results, followed by the representation of nasality, which showed high rates of deviations, especially among writers representing higher social classes. The twinning of consonants, the lowering and raising of vowels, despite pointing to some difficulties of the writers, were evaluated as less complex phenomena. What we observed, in the end, is that not only the quantitative analysis is enough to verify the level of literacy of these scribes, it is necessary to resort to historical, social, normative issues, in addition to contemporary studies on the acquisition of writing and on the description of phenomena related to what we chose, in order to evaluate our hypothesis. In conclusion, we verified a more archaic writing in the Livros de Compromisso, while the clerics demonstrated greater autonomy with the written technology, even if this behavior reflects in spelling deviations.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorporUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em Estudos LinguísticosUFMGBrasilFALE - FACULDADE DE LETRASLíngua portuguesa – VariaçãoLíngua portuguesa – Minas Gerais – HistóriaLíngua portuguesa – Minas Gerais – Português escritoLinguística históricaSociolinguísticaManuscritos brasileiros – Minas Gerais – Séc. XVIIISociolinguística históricaDocumentos mineiros setecentistasEtimologizaçõesEscrita fonética-fonológicaGraus de letramentoMarcas de oralidade e de escriptualidade em documentos setecentistas: uma forma de caracterização do escrevente e de reconstrução da oralidade pretéritainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALmarcas de oralidade e de escriptualidade em documentos setecentistas-uma forma de caracterização do escrevente e de reconstrução da oralidade pretérita.pdfmarcas de oralidade e de escriptualidade em documentos setecentistas-uma forma de caracterização do escrevente e de reconstrução da oralidade pretérita.pdfapplication/pdf2310871https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/56559/3/marcas%20de%20oralidade%20e%20de%20escriptualidade%20em%20documentos%20setecentistas-uma%20forma%20de%20caracteriza%c3%a7%c3%a3o%20do%20escrevente%20e%20de%20reconstru%c3%a7%c3%a3o%20da%20oralidade%20pret%c3%a9rita.pdf1a6ba3bcda9203a93e780fc6b80ff483MD53LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82118https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/56559/4/license.txtcda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272MD541843/565592023-07-18 11:16:22.966oai:repositorio.ufmg.br:1843/56559TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2023-07-18T14:16:22Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Marcas de oralidade e de escriptualidade em documentos setecentistas: uma forma de caracterização do escrevente e de reconstrução da oralidade pretérita
title Marcas de oralidade e de escriptualidade em documentos setecentistas: uma forma de caracterização do escrevente e de reconstrução da oralidade pretérita
spellingShingle Marcas de oralidade e de escriptualidade em documentos setecentistas: uma forma de caracterização do escrevente e de reconstrução da oralidade pretérita
Shirlene Ferreira Coelho
Sociolinguística histórica
Documentos mineiros setecentistas
Etimologizações
Escrita fonética-fonológica
Graus de letramento
Língua portuguesa – Variação
Língua portuguesa – Minas Gerais – História
Língua portuguesa – Minas Gerais – Português escrito
Linguística histórica
Sociolinguística
Manuscritos brasileiros – Minas Gerais – Séc. XVIII
title_short Marcas de oralidade e de escriptualidade em documentos setecentistas: uma forma de caracterização do escrevente e de reconstrução da oralidade pretérita
title_full Marcas de oralidade e de escriptualidade em documentos setecentistas: uma forma de caracterização do escrevente e de reconstrução da oralidade pretérita
title_fullStr Marcas de oralidade e de escriptualidade em documentos setecentistas: uma forma de caracterização do escrevente e de reconstrução da oralidade pretérita
title_full_unstemmed Marcas de oralidade e de escriptualidade em documentos setecentistas: uma forma de caracterização do escrevente e de reconstrução da oralidade pretérita
title_sort Marcas de oralidade e de escriptualidade em documentos setecentistas: uma forma de caracterização do escrevente e de reconstrução da oralidade pretérita
author Shirlene Ferreira Coelho
author_facet Shirlene Ferreira Coelho
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Sueli Maria Coelho
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/5669784115573629
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Leonardo Lennertz Marcotulio
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Daniela Mara Lima Oliveira Guimarães
dc.contributor.referee3.fl_str_mv César Nardelli Cambraia
dc.contributor.referee4.fl_str_mv Fábio César Montanheiro
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/7458932776133748
dc.contributor.author.fl_str_mv Shirlene Ferreira Coelho
contributor_str_mv Sueli Maria Coelho
Leonardo Lennertz Marcotulio
Daniela Mara Lima Oliveira Guimarães
César Nardelli Cambraia
Fábio César Montanheiro
dc.subject.por.fl_str_mv Sociolinguística histórica
Documentos mineiros setecentistas
Etimologizações
Escrita fonética-fonológica
Graus de letramento
topic Sociolinguística histórica
Documentos mineiros setecentistas
Etimologizações
Escrita fonética-fonológica
Graus de letramento
Língua portuguesa – Variação
Língua portuguesa – Minas Gerais – História
Língua portuguesa – Minas Gerais – Português escrito
Linguística histórica
Sociolinguística
Manuscritos brasileiros – Minas Gerais – Séc. XVIII
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Língua portuguesa – Variação
Língua portuguesa – Minas Gerais – História
Língua portuguesa – Minas Gerais – Português escrito
Linguística histórica
Sociolinguística
Manuscritos brasileiros – Minas Gerais – Séc. XVIII
description Um dos grandes desafios para aqueles que desejam enveredar pela pesquisa em linguística histórica, sobretudo as de cunho variacionista, é dispor de arquivos que possam propiciar a verificação das diversas características sociais dos escribas. Soma-se a isso a impossibilidade de reunir dados orais, uma vez que podemos contar apenas com documentos escritos. Apesar desse contexto, mantém-se viável o resgate de marcas que possam remeter à oralidade em tempos pretéritos, numa tentativa de se reconstruir a língua falada de outrora. Nesse sentido, o estudo proposto visa à análise de marcas de oralidade, bem como de escriptualidade, em corpus do século XVIII, mais especificamente no dialeto mineiro. Por se respaldar nos pressupostos da sociolinguística, nosso trabalho pode se configurar como um recurso adicional para a avaliação acerca do perfil do escrevente, haja vista que, nem sempre, temos à disposição informações que denotem qual seria o seu grau de domínio da habilidade escrita. Nossa hipótese é a de que a escolha por determinadas grafias pode indicar o estágio de aquisição da escrita, revelando, consequentemente, o nível de letramento do escrevente. Desse modo, exploramos a hipótese de que pessoas de níveis sociais mais populares tenderiam a reproduzir uma escrita mais fonética, ao passo que pessoas de classes sociais mais abastadas adotariam grafias etimológicas. Para a verificação da viabilidade de nossa hipótese inicial, selecionamos aproximadamente duas mil e quinhentas palavras de quatro documentos, relativos à atual cidade de Diamantina, que se configuram, no nosso entendimento, como representativos da elite cultural dos setecentos e da classe social menos abastada, a saber, Termos de Devassas (1750), Estatuto da Ordem Terceira de São Francisco (1778), Livro de Compromisso da Irmandade de Nossa Senhora do Amparo (1781) e Livro de Compromisso da Irmandade de Nossa Senhora das Mercês (1782). Identificadas as variáveis ortográficas, elegemos cinco fenômenos que pudessem nos fornecer pistas quanto ao perfil desses escreventes no trato para a linguagem escrita, quais sejam: (i) a geminação de consoantes; (ii) a representação de nasalidade; (iii) a representação surda vs sonora para /s/ e /z/; (iv) o abaixamento de vogais; e (v) o alçamento de vogais. Dos fenômenos selecionados, a representação da sibilante surda foi a que mais impactou em nossos resultados, seguida da representação de nasalidade, que apresentaram altas taxas de desvios, principalmente entre os escreventes representantes das classes sociais mais elevadas. A geminação de consoantes, o abaixamento e o alçamento de vogais, apesar de apontarem para algumas dificuldades dos escreventes, foram avaliados como fenômenos menos complexos. O que observamos, ao final, é que não apenas a análise quantitativa é suficiente para averiguarmos o nível de letramento desses escribas, sendo necessário recorrer a questões históricas, sociais, normativas, além de estudos contemporâneos sobre aquisição da escrita e sobre a descrição de fenômenos afins ao que elegemos, para, assim, avaliarmos nossa hipótese. Em conclusão, verificamos uma escrita mais arcaizante nos Livros de Compromisso, ao passo que os clérigos demonstraram maior autonomia com a tecnologia escrita, ainda que esse comportamento reflita em desvios ortográficos.
publishDate 2023
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2023-07-18T14:16:22Z
dc.date.available.fl_str_mv 2023-07-18T14:16:22Z
dc.date.issued.fl_str_mv 2023-05-26
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/56559
dc.identifier.orcid.pt_BR.fl_str_mv https://orcid.org/0000-0001-8828-7058
url http://hdl.handle.net/1843/56559
https://orcid.org/0000-0001-8828-7058
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.program.fl_str_mv Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
dc.publisher.department.fl_str_mv FALE - FACULDADE DE LETRAS
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/56559/3/marcas%20de%20oralidade%20e%20de%20escriptualidade%20em%20documentos%20setecentistas-uma%20forma%20de%20caracteriza%c3%a7%c3%a3o%20do%20escrevente%20e%20de%20reconstru%c3%a7%c3%a3o%20da%20oralidade%20pret%c3%a9rita.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/56559/4/license.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 1a6ba3bcda9203a93e780fc6b80ff483
cda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589386522066944