Polêmicas no funcionamento do "Pré-PEC-G": análise de discursos dos sujeitos envolvidos no Programa de Estudantes-Convênio de Graduação

• Autor(a) principal: Verônica Vinecký
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/57832
• topic: Português como Língua Adicional; Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G); Análise do Discurso; Política Linguística; Soft Power; Polêmica discursiva; Língua portuguesa – Estudo e ensino – Falantes estrangeiros; Aquisição da segunda linguagem; Política linguística – Brasil

O Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) é o mais antigo programa de cooperação educacional do Brasil voltado para um público internacional, por meio do qual se oferecem vagas de graduação para estudantes vindos de diferentes países do Sul global. Atualmente, é gerido pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) e pelo Ministério da Educação (MEC) em parceria com Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras. No caso de candidatos oriundos de países onde o Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-Bras) – pré-requisito para o ingresso na graduação – não é aplicado, é possível realizar, antes do início do Ensino Superior, um curso de Português como Língua Adicional (PLA) em uma das IES brasileiras credenciadas, frequentemente conhecido como curso Pré-PEC-G. A presente tese de doutorado objetiva analisar as polêmicas discursivas em jogo – explicitamente formuladas ou não – no funcionamento do Programa, buscando visibilizar as vozes dos agentes envolvidos no Pré-PEC-G, isto é: (1) gestores do Programa no MRE e no MEC; (2) coordenadores e/ou professores de PLA para o Pré-PEC-G; (3) corpo discente do curso de PLA para o Pré-PEC-G. Para tanto, filiamo-nos à Linguística Aplicada Indisciplinar e à Análise do Discurso francesa, a partir de uma abordagem qualitativa e interpretativista. Construímos nosso corpus de pesquisa a partir de três conjuntos de materiais: (i) documentação oficial que trata do PEC-G, desde o seu início até os dias de hoje; (ii) trabalhos acadêmicos sobre o programa, bem como uma carta endereçada ao MEC e ao MRE, redigida por docentes e coordenadores de cursos de PLA no âmbito do Pré-PEC-G; (iii) entrevistas com gestores do MRE, MEC e estudantes do Pré-PEC-G e PEC-G. Quatro aspectos polêmicos emergiram em nosso percurso analítico: (1) “Estudante Pré-PEC-G” x “estudante PEC-G”: mesmo estatuto?; (2) o Pré-PEC-G: possíveis violações de direitos humanos x iniciativa de sucesso; (3) a diversidade dos cursos de PLA no Pré- PEC-G nas IES: razão de “desespero” ou de “enriquecimento”?; (4) "É óbvio que a gente não tem meios para deliberar sobre isso": jogos de (des)responsabilização. Tais aspectos polêmicos evidenciam que os discursos emergem de posições discursivas antagônicas: de um lado, gestores do MEC e do MRE; de outro, coordenadores e professores de PLA, e estudantes do Pré-PEC-G e PEC-G. Concluímos que, no lugar de silenciá-las, as polêmicas aqui focalizadas – marcadas, inclusive, pelo funcionamento da interincompreensão discursiva (MAINGUENEAU, 2008) – precisam ser cada vez mais visibilizadas, como condição sine qua non para o fortalecimento do PEC-G como uma política pública de internacionalização das IES, de diplomacia cultural e de diálogo entre o Brasil e outros países do Sul Global.