A lingüística na escolarização do português: referências de uma obra didática construída entre 1965 e 2002

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Tany Mara Monfredini Cordeiro de Moura
Data de Publicação: 2005
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/FAEC-85RJHS
Resumo: Buscamos apresentar, aqui, hipóteses interpretativas para a compreensão da trajetória das referências da Lingüística na escolarização do português. Para isso, estudamos o caso de uma mesma autoria, representada por cinco coleções didáticas, editadas ou reformuladas entre 1965 e 2002. Nesse período, destacamos dois movimentos paralelos: de um lado, a abertura da escola às camadas populares, quando assistimos a redefinições do estatuto da linguagem e do objeto de ensino de Língua Portuguesa; e, de outro, o desenvolvimento da área de estudos da linguagem, quando assistimos à entrada e a sucessivas derivas e refluxos nas formulações teóricas e metodológicas da, então, jovem Lingüística. Na interseção desses movimentos, as referências da Lingüística vão aumentando progressivamente nas coleções analisadas, até figurar como uma espécie de vocabulário técnico, necessário e pressuposto para o uso da coleção. O status flutuante do conhecimento sobre a língua constitui o foco de nossa hipótese interpretativa: inicialmente, apresentado como conhecimento novo, introduzido no livro didático pelo seu potencial explicativo, elucidativo e orientador, o saber sobre a língua vai assumindo contornos de um conhecimento tácito, especialmente com a entrada de referências da Lingüística. Para nós, essa é uma posição cara à escolarização do português, opressiva até, na medida em que inclui apenas os já iniciados. Nas investidas sobre o material empírico, considerando que o livro didático é um instrumento produzido não para ser lido, mas, sobretudo, par ser usado, levantamos o vocabulário técnico e conceitual, computando quais eram as referências da Lingüística presentes na cena didática, distinguindo aquelas que eram apresentadas das que eram pressupostas. O contato com o material empírico no levou a reconsiderar o lugar originariamente destacado à Lingüística: como um objeto de cultura, o português é escolarizado em função das demandas sociais e do retorno que a escola pode dar ao qualificar esse objeto como seu. Aqui, as referências da Lingüística têm papel fundamental, mas não exclusivo, nem automático.
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