Rojava e democracia radical: entre o estado de exceção e o poder desinstituinte

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ana Clara Abrantes Simões
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/35979
https://orcid.org/0000-0002-6469-5951
Resumo: Rojava localiza-se no norte da Síria, habitada por grupos de maioria étnica curda. Em 2011, em meio à Guerra Síria, os moradores da região começaram a se organizar em comunas e em assembleias com a finalidade de resistir ao regime opressor de Bashar al-Assad e de criar espaços mais democráticos. Dessa iniciativa, surgiram pela região organizações de resistência multiétnicas e feministas. O movimento expandiu-se para outras cidades e regiões. Ainda em 2012, Rojava se declarou região autônoma. Apesar dos constantes ataques sofridos por diferentes agentes e grupos, como o Estado Turco e o Daesh, Rojava cotidianamente constrói experiências desinstituintes como, por exemplo, a redistribuição de mecanismos de defesa (forças populares de autoproteção) e as comunas feministas (conectando-se com a longa luta de resistência das mulheres curdas e com o ensino da Jinealogia). Diante da abertura e complexidade desse movimento, a presente dissertação propõe a leitura de Rojava enquanto uma experiência democrática radical. A democracia radical, desenvolvida a partir das ideias de Andityas Matos, consiste em pensar um espaço político no qual o poder desinstituinte e o poder constituinte se manifestam e se relacionam constantemente na medida em que recusam o poder constituído fundamentado no estado de exceção econômico permanente que o sustenta. Desse modo, observamos que construir e viver uma experiência democrático-radical, baseada em uma filosofia radical e contra-estatal, leva a pensar/praticar uma comunidade a-nômica e an-árquica pautada pela ausência de governo e de espaços separadores assim como pela ruptura com as estruturas hierárquicas, representativas e patriarcais. A democracia radical aponta, pois, para uma crítica e uma reação geral contra o atual sistema exceptivo do capital, no qual o poder econômico suspende indefinidamente a normalidade das ordens jurídicas nacionais e internacionais, fazendo com que as principais decisões políticas sejam necessariamente decisões do capital. Assim, a partir da análise de Rojava e de suas (des)instituições, pretendemos demonstrar que um espaço político radicalmente democrático nega a exceção do capital e do Estado que o sustente na medida em que atua instituindo uma experiência política an-árquica e a-nômica.
id UFMG_8a3ddff03e5e44cde09092a207fb1201
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/35979
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Andityas Soares de Moura Costa Matoshttp://lattes.cnpq.br/0041020568775520Joyce Karine de Sá SouzaKarina Junqueira BarbosaMarco Antônio Sousa Alveshttp://lattes.cnpq.br/3363769210243276Ana Clara Abrantes Simões2021-05-14T20:10:44Z2021-05-14T20:10:44Z2021-02-26http://hdl.handle.net/1843/35979https://orcid.org/0000-0002-6469-5951Rojava localiza-se no norte da Síria, habitada por grupos de maioria étnica curda. Em 2011, em meio à Guerra Síria, os moradores da região começaram a se organizar em comunas e em assembleias com a finalidade de resistir ao regime opressor de Bashar al-Assad e de criar espaços mais democráticos. Dessa iniciativa, surgiram pela região organizações de resistência multiétnicas e feministas. O movimento expandiu-se para outras cidades e regiões. Ainda em 2012, Rojava se declarou região autônoma. Apesar dos constantes ataques sofridos por diferentes agentes e grupos, como o Estado Turco e o Daesh, Rojava cotidianamente constrói experiências desinstituintes como, por exemplo, a redistribuição de mecanismos de defesa (forças populares de autoproteção) e as comunas feministas (conectando-se com a longa luta de resistência das mulheres curdas e com o ensino da Jinealogia). Diante da abertura e complexidade desse movimento, a presente dissertação propõe a leitura de Rojava enquanto uma experiência democrática radical. A democracia radical, desenvolvida a partir das ideias de Andityas Matos, consiste em pensar um espaço político no qual o poder desinstituinte e o poder constituinte se manifestam e se relacionam constantemente na medida em que recusam o poder constituído fundamentado no estado de exceção econômico permanente que o sustenta. Desse modo, observamos que construir e viver uma experiência democrático-radical, baseada em uma filosofia radical e contra-estatal, leva a pensar/praticar uma comunidade a-nômica e an-árquica pautada pela ausência de governo e de espaços separadores assim como pela ruptura com as estruturas hierárquicas, representativas e patriarcais. A democracia radical aponta, pois, para uma crítica e uma reação geral contra o atual sistema exceptivo do capital, no qual o poder econômico suspende indefinidamente a normalidade das ordens jurídicas nacionais e internacionais, fazendo com que as principais decisões políticas sejam necessariamente decisões do capital. Assim, a partir da análise de Rojava e de suas (des)instituições, pretendemos demonstrar que um espaço político radicalmente democrático nega a exceção do capital e do Estado que o sustente na medida em que atua instituindo uma experiência política an-árquica e a-nômica.Rojava is in northern Syria, a region mostly inhabited by Kurdish ethnic groups. In 2011, during the Syrian War, residents of the region began organizing into communes and assemblies as a way to resist the oppressive Bashar al-Assad regime in Syria and to think of new and more democratic experiences. From this initiative, multiethnic and feminist and organizations have sprung up throughout the region. The movement expanded to other cities and regions. In 2012, Rojava declared itself an autonomous region. Despite the constant attacks suffered by different agents and groups, as the Turkish State and ISIS, Rojava daily builds des-instituting experiences, for example, the redistribution of defense mechanisms (popular self-protection forces) and the feminists communes (connecting with the impressive historical resistance of Kurdish women and the teaching of Jinealogy). Given the openness and complexity of this movement, this dissertation intends to conduct the analysis of Rojava as a radical democratic experience. Radical democracy, based on Andityas Matos’ theory, is to think of a new political experience, in which the des-instituting power and the constituent power are constantly manifesting and relating, denying the constituted power founded on the state of permanent economic exception. Therefore, to conceive and build radically democratic experience, based on a radical and counter-State philosophy is to think of an a-nomic and an-archic community based on the absence of government and separating spaces and on the rupture with hierarchical, representative and patriarchal structures. Radical democracy, thus, points to a criticism and general reaction to the current exceptive capital system, in which economic power indefinitely suspends the normality of national and international legal orders and the capital approves the main political decisions. Thus, from the analysis of Rojava and its (des)institutions, we intended to demonstrate that a radically democratic political experience denies the exceptive capital and state system that sustains it to the extent that it acts by instituting an an-archic and a-nomic political experiment.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorporUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em DireitoUFMGBrasilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/pt/info:eu-repo/semantics/openAccessDireitoRojavaEstado de exceçãoDemocraciaPoder constituinteRojavaEstado de exceção econômico permanentedemocracia radicalpoder constituintepoder desinstituinteRojava e democracia radical: entre o estado de exceção e o poder desinstituinteRojava and radical democracy: between the state of exception and the des-instituting powerinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGLICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82119https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/35979/6/license.txt34badce4be7e31e3adb4575ae96af679MD56CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; charset=utf-8811https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/35979/2/license_rdfcfd6801dba008cb6adbd9838b81582abMD52ORIGINALANA CLARA ABRANTES SIMÕES_ROJAVA E DEMOCRACIA RADICAL_DISSERTAÇÃO.pdfANA CLARA ABRANTES SIMÕES_ROJAVA E DEMOCRACIA RADICAL_DISSERTAÇÃO.pdfapplication/pdf3056679https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/35979/5/ANA%20CLARA%20ABRANTES%20SIM%c3%95ES_ROJAVA%20E%20DEMOCRACIA%20RADICAL_DISSERTA%c3%87%c3%83O.pdf833a09128e1af93f6d069cdd8570650fMD551843/359792021-05-14 17:10:44.068oai:repositorio.ufmg.br:1843/35979TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KCg==Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2021-05-14T20:10:44Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Rojava e democracia radical: entre o estado de exceção e o poder desinstituinte
dc.title.alternative.pt_BR.fl_str_mv Rojava and radical democracy: between the state of exception and the des-instituting power
title Rojava e democracia radical: entre o estado de exceção e o poder desinstituinte
spellingShingle Rojava e democracia radical: entre o estado de exceção e o poder desinstituinte
Ana Clara Abrantes Simões
Rojava
Estado de exceção econômico permanente
democracia radical
poder constituinte
poder desinstituinte
Direito
Rojava
Estado de exceção
Democracia
Poder constituinte
title_short Rojava e democracia radical: entre o estado de exceção e o poder desinstituinte
title_full Rojava e democracia radical: entre o estado de exceção e o poder desinstituinte
title_fullStr Rojava e democracia radical: entre o estado de exceção e o poder desinstituinte
title_full_unstemmed Rojava e democracia radical: entre o estado de exceção e o poder desinstituinte
title_sort Rojava e democracia radical: entre o estado de exceção e o poder desinstituinte
author Ana Clara Abrantes Simões
author_facet Ana Clara Abrantes Simões
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Andityas Soares de Moura Costa Matos
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/0041020568775520
dc.contributor.advisor-co1.fl_str_mv Joyce Karine de Sá Souza
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Karina Junqueira Barbosa
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Marco Antônio Sousa Alves
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/3363769210243276
dc.contributor.author.fl_str_mv Ana Clara Abrantes Simões
contributor_str_mv Andityas Soares de Moura Costa Matos
Joyce Karine de Sá Souza
Karina Junqueira Barbosa
Marco Antônio Sousa Alves
dc.subject.por.fl_str_mv Rojava
Estado de exceção econômico permanente
democracia radical
poder constituinte
poder desinstituinte
topic Rojava
Estado de exceção econômico permanente
democracia radical
poder constituinte
poder desinstituinte
Direito
Rojava
Estado de exceção
Democracia
Poder constituinte
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Direito
Rojava
Estado de exceção
Democracia
Poder constituinte
description Rojava localiza-se no norte da Síria, habitada por grupos de maioria étnica curda. Em 2011, em meio à Guerra Síria, os moradores da região começaram a se organizar em comunas e em assembleias com a finalidade de resistir ao regime opressor de Bashar al-Assad e de criar espaços mais democráticos. Dessa iniciativa, surgiram pela região organizações de resistência multiétnicas e feministas. O movimento expandiu-se para outras cidades e regiões. Ainda em 2012, Rojava se declarou região autônoma. Apesar dos constantes ataques sofridos por diferentes agentes e grupos, como o Estado Turco e o Daesh, Rojava cotidianamente constrói experiências desinstituintes como, por exemplo, a redistribuição de mecanismos de defesa (forças populares de autoproteção) e as comunas feministas (conectando-se com a longa luta de resistência das mulheres curdas e com o ensino da Jinealogia). Diante da abertura e complexidade desse movimento, a presente dissertação propõe a leitura de Rojava enquanto uma experiência democrática radical. A democracia radical, desenvolvida a partir das ideias de Andityas Matos, consiste em pensar um espaço político no qual o poder desinstituinte e o poder constituinte se manifestam e se relacionam constantemente na medida em que recusam o poder constituído fundamentado no estado de exceção econômico permanente que o sustenta. Desse modo, observamos que construir e viver uma experiência democrático-radical, baseada em uma filosofia radical e contra-estatal, leva a pensar/praticar uma comunidade a-nômica e an-árquica pautada pela ausência de governo e de espaços separadores assim como pela ruptura com as estruturas hierárquicas, representativas e patriarcais. A democracia radical aponta, pois, para uma crítica e uma reação geral contra o atual sistema exceptivo do capital, no qual o poder econômico suspende indefinidamente a normalidade das ordens jurídicas nacionais e internacionais, fazendo com que as principais decisões políticas sejam necessariamente decisões do capital. Assim, a partir da análise de Rojava e de suas (des)instituições, pretendemos demonstrar que um espaço político radicalmente democrático nega a exceção do capital e do Estado que o sustente na medida em que atua instituindo uma experiência política an-árquica e a-nômica.
publishDate 2021
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2021-05-14T20:10:44Z
dc.date.available.fl_str_mv 2021-05-14T20:10:44Z
dc.date.issued.fl_str_mv 2021-02-26
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/35979
dc.identifier.orcid.pt_BR.fl_str_mv https://orcid.org/0000-0002-6469-5951
url http://hdl.handle.net/1843/35979
https://orcid.org/0000-0002-6469-5951
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/pt/
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/pt/
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.program.fl_str_mv Programa de Pós-Graduação em Direito
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/35979/6/license.txt
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/35979/2/license_rdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/35979/5/ANA%20CLARA%20ABRANTES%20SIM%c3%95ES_ROJAVA%20E%20DEMOCRACIA%20RADICAL_DISSERTA%c3%87%c3%83O.pdf
bitstream.checksum.fl_str_mv 34badce4be7e31e3adb4575ae96af679
cfd6801dba008cb6adbd9838b81582ab
833a09128e1af93f6d069cdd8570650f
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589271321313280