Qualidade do cuidado na perspectiva das Equipes de Saúde da Família e dos usuários: uma análise considerando o contexto socioeconômico.

• Autor(a) principal: Maiara Magalhães Marchetti Silva
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/32325
• topic: Atenção Primária à Saúde; Qualidade, Acesso e Avaliação da Assistência à Saúde; Satisfação do Paciente; Análise de Vulnerabilidade; Fatores Socioeconômicos; Atenção Primária à Saúde; Qualidade, Acesso e Avaliação da Assistência à Saúde; Satisfação do Paciente; Análise de Vulnerabilidade; Fatores Socioeconômicos; Qualidade da Assistência à Saúde; Garantia da Qualidade dos Cuidados de Saúde

Introdução: Para o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde (APS) é importante criar mecanismos para avaliação dos serviços ofertados. Nesse intuito, o Ministério da Saúde criou em 2011 o Programa de Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB). Esse programa tem como objetivo principal ampliar o acesso e melhorar a qualidade da APS, tendo ainda como propósito final o usuário. A satisfação dos usuários pode ser influenciada por diversos fatores. Dentre esses, os fatores socioeconômicos ainda não estão totalmente estabelecidos pela literatura. Objetivo: Verificar a associação entre a qualidade do cuidado na APS na perspectiva das equipes de saúde da família (eSF), dos usuários e o Índice de Vulnerabilidade Social (IVS). Metodologia: Estudo transversal que utilizou dados secundários obtidos do 2° ciclo do PMAQ-AB, relativos à parte da Avaliação Externa. Na primeira etapa do estudo ocorreu a identificação e análise descritiva das variáveis similares entre os módulos I e II com o módulo III e as variáveis identificadas como muito relacionadas à satisfação dos usuários com as Dimensões II e IV. Fez-se a somatória das notas das variáveis, por bloco temático, criando Índices de Qualidade categorizados. Ainda foi verificado a correlação existente por bloco. Na 2ª etapa, houve seleção da amostra através dos municípios que apresentavam representatividade dos usuários pesquisados (IC=90%) e que tinham adesão maior que 80% das eSF (n=106). Foi realizado a análise da qualidade do cuidado na perspectiva das eSF e dos usuários, observou-se ainda a correlação existente. A 3ª etapa, que utilizou a mesma amostra da etapa anterior, teve como variável independente o IVS. Verificou-se a influência do IVS na qualidade do cuidado segundo as eSF e usuários. Essa influência foi medida através da análise de associação. Resultados: Todas as análises de correlação na 1ª e 2ª etapa foram significativas e positivas (Valor-p <0,001). Na 2ª etapa, os dados apontam que para maioria das eSF, dos municípios avaliados, a qualidade do cuidado é considerada média (71,7%), os usuários demostraram serem mais exigentes, sendo que a grande prevalência (92,5%) retrataram a qualidade como baixa. Na 3ª etapa, a maioria dos municípios foi classificado com média/alta qualidade para as Dimensões I e IV e baixa qualidade nas Dimensões II e III. O “Índice de Satisfação do Usuário” foi considerado para maioria (67%) dos usuários como média/alta qualidade. Algumas associações foram consideradas significativas: Dimensão I e Região (p = 0,020), Dimensão III e Cobertura AB (p = 0,039) e Região (p = 0,037), qualidade do cuidado na perspectiva da eSF e o IVS (p = 0,031) e satisfação do usuário e o IVS (p = 0,047) e Região (p = 0,014). Discussão: Esse estudo demostrou que existe disparidade na avalição da qualidade do cuidado oferecida pelas eSF e a percepção desse cuidado pelos usuários. Os usuários apontam os problemas existentes no processo de trabalho das eSF, porém são considerados satisfeitos. Há uma tendência de melhora da satisfação quando se melhora o cuidado. A associação da qualidade do cuidado pela perspectiva das eSF demostrou que as equipes pertencentes a municípios com baixas taxas de IVS parecem ter melhor qualidade ao comparar com os municípios com alto IVS. Os usuários que vivem em municípios considerados mais vulneráveis, classificam pior a qualidade do cuidado. Indivíduos residentes em municípios com médio e baixo IVS foram mais satisfeitos. Considerações Finais: O estudo possibilitou uma análise global e generalizada da percepção dos profissionais e usuários. A pouca quantidade de estudos nacionais sobre o tema garante a relevância dos achados. As diferenças encontradas entre o contexto socioeconômico e sociogeográfico reforçam as inequidades presentes no Brasil.