Uso do Ciprofloxacino em diferentes doses incorporado em dispositivo de quitosana na prevenção da infecção em modelo de fraturas expostas em ratos

• Autor(a) principal: Silvia Iovine Kobata
• Data de Publicação: 2017
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-AW6GSD
• topic: Fraturas ósseas/complicações; Osteomielite/tratamento; 99mTc-CFT; Fratura exposta; Osteomielite/cintilografia; Osteomielite; Fraturas Ósseas/complicações; Ciprofloxacino/uso terapêutico; Medicina

Fraturas expostas são ocasionadas principalmente após traumatismos de alta energia e tem a osteomielite como complicação mais comum. O tratamento preconizado inclui debridamento da fratura exposta associado a altas doses de antibiótico sistêmico, sendo o ciprofloxacino um dos antibióticos utilizados na prática clínica. Apesar dos avanços no desenvolvimento de novos antimicrobianos, as taxas de infecção após fraturas expostas infectadas permanecem inalteradas nos últimos anos o que gera um alto custo econômico e social. A aplicação de dispositivo absorvível, impregnado com ciprofloxacino no material de síntese em fraturas expostas e infectadas poderia prevenir a necessidade de cirurgias adicionais, ao fornecer doses suficientes de antimicrobiano no tecido ósseo infectado para prevenção de osteomielite. Entretanto, não existe consenso na literatura sobre a dose ideal de antimicrobiano a ser aplicado diretamente no local da fratura exposta infectada. Objetivo. Avaliar a eficiência do ciprofloxacino incorporado em polímero absorvível em diferentes doses para controle da infecção óssea após modelo de fratura exposta infectada com Staphylococcus aureus em ratos. Metodologia: Foram utilizados 52 ratos Wistar adultos após cálculo amostral em que se optou por adotar nível de significância de 5% e poder do teste de 90%. Os animais foram divididos aleatoriamente em 6 grupos, foram submetidos a fratura padronizada, unilateral, da diáfise do fêmur. O foco de fratura foi então exposto e contaminado cirurgicamente através da inoculação de 2,6x106 UFC de Staphylococcus aureus. Após 1 hora, a fratura foi estabilizada com implante intramedular de acordo com o grupo a qual pertencia: Grupo A (n=11), tratados apenas com a fixação interna; Grupo B (n=8), tratados com fixação interna e ciprofloxacino na dose de 10mg/kg por via intramuscular a cada 12horas, durante 72 horas; Grupo C (n=8), tratados com fixação interna com implante impregnado com filme de quitosana; Grupo D (n=7), tratados com fixação interna com implante impregnado com filme de quitosana com 10% de ciprofloxacino; Grupo E (n=8), tratados com fixação interna e implante impregnado com filme de quitosana com 25% de ciprofloxacino; Grupo F (n=10), tratados com fixação interna e implante impregnado com filme de quitosana com 50% de ciprofloxacino. Após 4 semanas do tratamento cirúrgico, os animais foram submetidos a imagens cintilográficas utilizando radiofármaco com ceftizoxima marcada com tecnécio-99m (99mTc-CFT) para quantificação da infecção residual e, a seguir, avaliação macroscópica da área da fratura, mensuração do calo ósseo e avaliação histológica do foco de fratura. Para análise estatística foram utilizados teste ANOVA, t-Student e Kruskal Wallis para as variáveis quantitativas, e teste qui quadrado com correção de Fisher para as variáveis qualitativas. Resultados: Não houve diferença na formação do calo ósseo entre os grupos (p>0,05), apesar da histologia mostrar retardo na formação da matriz óssea no grupo em que foi utilizado ciprofloxacino a 50%. Houve predomínio de matriz óssea em formação no grupo A (p<0,05), enquanto no grupo F houve leve quantidade de matriz óssea em formação (p<0,05). A avaliação da persistência da contaminação avaliada pela cintilografia com 99mTc-CFT não mostrou diferença significativa entre os grupos A e C (p>0,05), demonstrando que a quitosana não apresentou efeito antibiótico significativo. Houve diferença quando comparados os grupos C e E (p<0,05), mostrando que o dispositivo de quitosana com ciprofloxacino na concentração de 25% foi eficaz no controle da infecção óssea aguda, o que também foi visto no dispositivo de quitosana com ciprofloxacino na concentração de 50%, com diferença entre os grupos A e F (p<0,05) e entre os grupos C e F (p<0,05). Conclusão: o uso tópico do antibiótico ciprofloxacino a 25% e a 50% foi eficaz no tratamento da infecção óssea em fraturas expostas infectadas com Staphylococcus aureus. Por outro lado, na dose de 50% de ciprofloxacino houve redução histológica na cicatrização, porém sem repercussão do ponto de vista macroscópico em termos de formação do calo ósseo após 4 semanas da fratura.