Mineralogistas e seus estudos sobre os minerais úteis nas Minas Gerais dos períodos colonial e imperial 

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Luciano Emerich Faria
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/SFSA-BAHUCK
Resumo: O atual Estado de Minas Gerais e várias de suas cidades tiveram em sua história uma forte ligação com o surgimento e evolução de descobertas científicas, principalmente aquelas voltadas aos estudos minerais e sua extração. Esta tese irá demonstrar como os sertões de Minas Gerais foram o palco de mineralogistas que esquadrinhavam os horizontes em busca de minerais que pudessem oferecer uma alternativa econômica à região a partir do final do século XVIII, quando a extração de ouro e diamantes não era mais rentável. Antes mesmo do fim da extração desses bens minerais, o salitre prometia ser uma das alternativas mais viáveis de exploração comercial, uma vez que a abundância de salitreiras naturais, as cavernas calcárias, cheias de terras salitrosas, ofereciam-se como fonte quase inesgotável de nitratos, que eram usados estrategicamente no fabrico de pólvora, assim como na purificação de metais e na medicina tradicional. Nota-se que tal produção, ao contrário do que ocorreu com o ouro e os diamantes, cujo escoamento rumava sobretudo para o Rio de Janeiro, o salitre primeiramente foi produzido no interior da Bahia e depois no norte de Minas. Em consequência, ele era enviado no início preferentemente a Salvador, até que a Fábrica de Pólvora da Lagoa Rodrigo de Freitas no Rio de Janeiro fosse inaugurada. Esta fábrica surgiu após a transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro e a elevação dessa cidade a capital de fato do Império Português. Esses acontecimentos de enorme importância também causaram a vinda de vários mineralogistas e metalurgistas estrangeiros, como o alemão Barão de Eschwege, e alguns anos depois do afamado cientista brasileiro José Bonifácio de Andrada e Silva. Homens como esses foram responsáveis pelo início de um novo processo de prospecção e mineração em Minas Gerais. Eschwege, por exemplo, seguiu os passos do mineralogista brasileiro José Vieira Couto, tornando-se responsável por abrir estradas, definir fronteiras e explorar o minério de chumbo (sob a forma de galena, ou sulfeto de chumbo) nos sertões do Rio Abaeté. Ao mesmo tempo Eschwege também fundou e operou por vários anos uma fábrica de ferro, a Fábrica Patriótica, em Congonhas do Campo, a qual não será tratada aqui. Após cerca de uma década em seus muitos empreendimentos, Eschwege se vê desestimulado em continuar o trabalho e deixa para outro europeu o trabalho de extração de chumbo e prata do minério extraído, deixando o Brasil e retornando à Europa. O francês Jean Monlevade seguiu os passos de Eschwege e tornou-se o primeiro metalurgista a obter chumbo metálico do minério de galena. Após transportar a galena até Vila Rica, Monlevade procedeu a trabalhos de copelação para também obter prata como sub-produto. Outra tentativa de exploração da galena e obtenção de prata foi mais uma vez tentada sem sucesso pelo brasileiro Francisco de Paula Oliveira. Além da prata, descreve-se aqui também a descoberta do metal paládio, feita pelo químico e metalurgista inglês William H. Wollaston. A descoberta deste metal ocorreu através da técnica desenvolvida por Wollaston de purificação da platina a partir de minerais oriundos de colônias espanholas na América do Sul, notadamente Nueva Granada, hoje Colômbia. Contudo, a confirmação da ocorrência de paládio metálico em forma nativa foi obtida de uma amostra levada do Brasil até a Inglaterra. A descoberta do paládio não ocorreu anteriormente em virtude da frequente confusão causada pela natural falta de conhecimento de exploradores e bandeirantes que exploravam os sertões brasileiros. Eles acreditavam estar lidando com prata ou mesmo platina ao descobrirem metais nativos de cor branca, os quais também poderiam estar contaminando amostras de ouro, que dessa forma podiam ganhar colorações diferentes. Finalmente, nem tudo o que se afirmava existir nos sertões de Minas Gerais pôde mostrar-se digno de confiança. Havia também bastante charlatanice assim como análises químicas inadequadas por parte de muitos mineralogistas. Isto pode ser ilustrado nos muitos anúncios das descobertas de cobre, cobalto e estanho, que ora eram descobertos em poucos veios e em pequenas quantidades para suprir algum tipo de pequena indústria, ou que tiveram sua exploração motivada por fins pessoais, na busca da autopromoção de alguns dos envolvidos. 
id UFMG_8f249387a97eca51be28c3ab29d8b63c
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/SFSA-BAHUCK
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Carlos Alberto Lombardi FilgueirasFernando Jose Gomes Landgraffrancisco javier riosFriedrich Ewald RengerLuiz Claudio de Almeida BarbosaJose Israel VargasLuciano Emerich Faria2019-08-09T21:04:11Z2019-08-09T21:04:11Z2019-02-22http://hdl.handle.net/1843/SFSA-BAHUCKO atual Estado de Minas Gerais e várias de suas cidades tiveram em sua história uma forte ligação com o surgimento e evolução de descobertas científicas, principalmente aquelas voltadas aos estudos minerais e sua extração. Esta tese irá demonstrar como os sertões de Minas Gerais foram o palco de mineralogistas que esquadrinhavam os horizontes em busca de minerais que pudessem oferecer uma alternativa econômica à região a partir do final do século XVIII, quando a extração de ouro e diamantes não era mais rentável. Antes mesmo do fim da extração desses bens minerais, o salitre prometia ser uma das alternativas mais viáveis de exploração comercial, uma vez que a abundância de salitreiras naturais, as cavernas calcárias, cheias de terras salitrosas, ofereciam-se como fonte quase inesgotável de nitratos, que eram usados estrategicamente no fabrico de pólvora, assim como na purificação de metais e na medicina tradicional. Nota-se que tal produção, ao contrário do que ocorreu com o ouro e os diamantes, cujo escoamento rumava sobretudo para o Rio de Janeiro, o salitre primeiramente foi produzido no interior da Bahia e depois no norte de Minas. Em consequência, ele era enviado no início preferentemente a Salvador, até que a Fábrica de Pólvora da Lagoa Rodrigo de Freitas no Rio de Janeiro fosse inaugurada. Esta fábrica surgiu após a transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro e a elevação dessa cidade a capital de fato do Império Português. Esses acontecimentos de enorme importância também causaram a vinda de vários mineralogistas e metalurgistas estrangeiros, como o alemão Barão de Eschwege, e alguns anos depois do afamado cientista brasileiro José Bonifácio de Andrada e Silva. Homens como esses foram responsáveis pelo início de um novo processo de prospecção e mineração em Minas Gerais. Eschwege, por exemplo, seguiu os passos do mineralogista brasileiro José Vieira Couto, tornando-se responsável por abrir estradas, definir fronteiras e explorar o minério de chumbo (sob a forma de galena, ou sulfeto de chumbo) nos sertões do Rio Abaeté. Ao mesmo tempo Eschwege também fundou e operou por vários anos uma fábrica de ferro, a Fábrica Patriótica, em Congonhas do Campo, a qual não será tratada aqui. Após cerca de uma década em seus muitos empreendimentos, Eschwege se vê desestimulado em continuar o trabalho e deixa para outro europeu o trabalho de extração de chumbo e prata do minério extraído, deixando o Brasil e retornando à Europa. O francês Jean Monlevade seguiu os passos de Eschwege e tornou-se o primeiro metalurgista a obter chumbo metálico do minério de galena. Após transportar a galena até Vila Rica, Monlevade procedeu a trabalhos de copelação para também obter prata como sub-produto. Outra tentativa de exploração da galena e obtenção de prata foi mais uma vez tentada sem sucesso pelo brasileiro Francisco de Paula Oliveira. Além da prata, descreve-se aqui também a descoberta do metal paládio, feita pelo químico e metalurgista inglês William H. Wollaston. A descoberta deste metal ocorreu através da técnica desenvolvida por Wollaston de purificação da platina a partir de minerais oriundos de colônias espanholas na América do Sul, notadamente Nueva Granada, hoje Colômbia. Contudo, a confirmação da ocorrência de paládio metálico em forma nativa foi obtida de uma amostra levada do Brasil até a Inglaterra. A descoberta do paládio não ocorreu anteriormente em virtude da frequente confusão causada pela natural falta de conhecimento de exploradores e bandeirantes que exploravam os sertões brasileiros. Eles acreditavam estar lidando com prata ou mesmo platina ao descobrirem metais nativos de cor branca, os quais também poderiam estar contaminando amostras de ouro, que dessa forma podiam ganhar colorações diferentes. Finalmente, nem tudo o que se afirmava existir nos sertões de Minas Gerais pôde mostrar-se digno de confiança. Havia também bastante charlatanice assim como análises químicas inadequadas por parte de muitos mineralogistas. Isto pode ser ilustrado nos muitos anúncios das descobertas de cobre, cobalto e estanho, que ora eram descobertos em poucos veios e em pequenas quantidades para suprir algum tipo de pequena indústria, ou que tiveram sua exploração motivada por fins pessoais, na busca da autopromoção de alguns dos envolvidos. The Province of Minas Gerais and several of its cities have had in their history a strong connection with the emergence of scientific discoveries, particularly those linked with mineral studies and extraction. This thesis will demonstrate how the sertões (hinterland) played a crucial role in the search for minerals that could offer a viable economic alternativein the late eighteenth century when the extraction of gold and diamonds were no longer profitable. Even before the depletion of those precious minerals, saltpeter seemed to be one of the most interesting replacements for commercial exploitation since the abundanceof possible nitrate deposits, the limestone caves, promised to be an almost inexhaustible source of nitrates, which were needed in the manufacture of gunpowder as well as in metal purification and in traditional medicine. It is noteworthy that this production, contrary to whathad occurred during the time of the gold and diamond mining, did not flow to the coast of Rio de Janeiro. Saltpeter was first produced in the interior of Bahia and in the north of Minas Gerais. As a consequence its natural destination was the port city of Salvador until the opening of the Fábrica de Pólvora da Lagoa Rodrigo de Freitas in Rio de Janeiro. Thisfactory came about after the transfer of the Portuguese court to Rio and the consequent elevation of that city to capital of the Portuguese empire. These important moves also caused the arrival of several foreign mineralogists and metallurgists, such as the German Baron Eschwege and a few years later of the famed Brazilian scientist José Bonifácio deAndrada e Silva. Men such as these were responsible for the initiation of a process of prospection and mining in Minas Gerais. Eschwege, for example, followed on the steps of the Brazilian mineralogist José Vieira Couto, thus being able to open new roadways, define boundaries and explore the occurrence of lead ore (galena, or lead sulfide) in the sertões of the River Abaeté. At the same time, Eschwege also founded and operated for many years an iron factory, the Fabrica Patriótica, in Congonhas do Campo. After spending little more than a decade on his many enterprises, Eschwege left Brazil and returned to Europe.Another European, the Frenchman Jean Monlevade, followed on his steps and became the first metallurgist to obtain lead metal from the galena ore, and also silver (as a byproduct) after cupelation of the lead in Vila Rica. Another attempt to obtain lead and silver from galena also took place later, led by the Brazilian Francisco de Paula Oliveira. The discoveryof an additional precious metal, palladium, is also related to Brazil. Palladium was discovered by the English chemist and metallurgist William H. Wollaston, by the purification of minerals brought from the Spanish colonies in South America, notably Nueva Granada,todays Colombia. However, the confirmation of the occurrence of palladium metal in native form was produced from a sample taken to England from Brazil. The discovery of palladium did not occur earlier due to the frequent confusion caused by the lack of familiarity of thebandeirantes, who explored the Brazilian sertões and believed to be in the presence of silver or even platinum, whenever they came across metals of a white color which might contaminate samples of gold, imparting to them a whitish tinge, in different degrees and coloration. Finally, not all reports of what existed in the backlands of Minas Gerais proved to be trustworthy. There was also plenty of quackery as well as inadequate chemical analyses performed by several mineralogists. This can be shown by the announcement in the nineteenth century of the discovery of copper, cobalt and tin, when these consisted of nomore than a few veins, which could only supply small quantities in very limited proportions or even feed the self-promotion of some individuals.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGEstanho Minas e mineraçãoPrata Minas e mineraçãoCobalto Minas e mineraçãoPaládio BrasilCiencia História Minas GeraisMinas e recursos minerais Minas GeraisPesquisa mineralogica Minas GeraisCobre Minas e mineraçãoMinérios de chumbo Minas Geraiscobalto e estanho em Minas Geraispratapaládio no BrasilMinerais e mineralogistashistória das ciências em Minas GeraissalitrechumbocobreMineralogistas e seus estudos sobre os minerais úteis nas Minas Gerais dos períodos colonial e imperial info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtese_luciano_emerich_faria_corrigido.pdfapplication/pdf9116519https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/SFSA-BAHUCK/1/tese_luciano_emerich_faria_corrigido.pdf9097d349284ceeb7617ff06be9e23a0aMD51TEXTtese_luciano_emerich_faria_corrigido.pdf.txttese_luciano_emerich_faria_corrigido.pdf.txtExtracted texttext/plain614860https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/SFSA-BAHUCK/2/tese_luciano_emerich_faria_corrigido.pdf.txt06f8e6d7fd1dd952f331f2d713da4d7aMD521843/SFSA-BAHUCK2019-11-14 07:20:29.555oai:repositorio.ufmg.br:1843/SFSA-BAHUCKRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T10:20:29Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Mineralogistas e seus estudos sobre os minerais úteis nas Minas Gerais dos períodos colonial e imperial 
title Mineralogistas e seus estudos sobre os minerais úteis nas Minas Gerais dos períodos colonial e imperial 
spellingShingle Mineralogistas e seus estudos sobre os minerais úteis nas Minas Gerais dos períodos colonial e imperial 
Luciano Emerich Faria
cobalto e estanho em Minas Gerais
prata
paládio no Brasil
Minerais e mineralogistas
história das ciências em Minas Gerais
salitre
chumbo
cobre
Estanho Minas e mineração
Prata Minas e mineração
Cobalto Minas e mineração
Paládio Brasil
Ciencia História Minas Gerais
Minas e recursos minerais Minas Gerais
Pesquisa mineralogica Minas Gerais
Cobre Minas e mineração
Minérios de chumbo Minas Gerais
title_short Mineralogistas e seus estudos sobre os minerais úteis nas Minas Gerais dos períodos colonial e imperial 
title_full Mineralogistas e seus estudos sobre os minerais úteis nas Minas Gerais dos períodos colonial e imperial 
title_fullStr Mineralogistas e seus estudos sobre os minerais úteis nas Minas Gerais dos períodos colonial e imperial 
title_full_unstemmed Mineralogistas e seus estudos sobre os minerais úteis nas Minas Gerais dos períodos colonial e imperial 
title_sort Mineralogistas e seus estudos sobre os minerais úteis nas Minas Gerais dos períodos colonial e imperial 
author Luciano Emerich Faria
author_facet Luciano Emerich Faria
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Carlos Alberto Lombardi Filgueiras
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Fernando Jose Gomes Landgraf
dc.contributor.referee2.fl_str_mv francisco javier rios
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Friedrich Ewald Renger
dc.contributor.referee4.fl_str_mv Luiz Claudio de Almeida Barbosa
dc.contributor.referee5.fl_str_mv Jose Israel Vargas
dc.contributor.author.fl_str_mv Luciano Emerich Faria
contributor_str_mv Carlos Alberto Lombardi Filgueiras
Fernando Jose Gomes Landgraf
francisco javier rios
Friedrich Ewald Renger
Luiz Claudio de Almeida Barbosa
Jose Israel Vargas
dc.subject.por.fl_str_mv cobalto e estanho em Minas Gerais
prata
paládio no Brasil
Minerais e mineralogistas
história das ciências em Minas Gerais
salitre
chumbo
cobre
topic cobalto e estanho em Minas Gerais
prata
paládio no Brasil
Minerais e mineralogistas
história das ciências em Minas Gerais
salitre
chumbo
cobre
Estanho Minas e mineração
Prata Minas e mineração
Cobalto Minas e mineração
Paládio Brasil
Ciencia História Minas Gerais
Minas e recursos minerais Minas Gerais
Pesquisa mineralogica Minas Gerais
Cobre Minas e mineração
Minérios de chumbo Minas Gerais
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Estanho Minas e mineração
Prata Minas e mineração
Cobalto Minas e mineração
Paládio Brasil
Ciencia História Minas Gerais
Minas e recursos minerais Minas Gerais
Pesquisa mineralogica Minas Gerais
Cobre Minas e mineração
Minérios de chumbo Minas Gerais
description O atual Estado de Minas Gerais e várias de suas cidades tiveram em sua história uma forte ligação com o surgimento e evolução de descobertas científicas, principalmente aquelas voltadas aos estudos minerais e sua extração. Esta tese irá demonstrar como os sertões de Minas Gerais foram o palco de mineralogistas que esquadrinhavam os horizontes em busca de minerais que pudessem oferecer uma alternativa econômica à região a partir do final do século XVIII, quando a extração de ouro e diamantes não era mais rentável. Antes mesmo do fim da extração desses bens minerais, o salitre prometia ser uma das alternativas mais viáveis de exploração comercial, uma vez que a abundância de salitreiras naturais, as cavernas calcárias, cheias de terras salitrosas, ofereciam-se como fonte quase inesgotável de nitratos, que eram usados estrategicamente no fabrico de pólvora, assim como na purificação de metais e na medicina tradicional. Nota-se que tal produção, ao contrário do que ocorreu com o ouro e os diamantes, cujo escoamento rumava sobretudo para o Rio de Janeiro, o salitre primeiramente foi produzido no interior da Bahia e depois no norte de Minas. Em consequência, ele era enviado no início preferentemente a Salvador, até que a Fábrica de Pólvora da Lagoa Rodrigo de Freitas no Rio de Janeiro fosse inaugurada. Esta fábrica surgiu após a transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro e a elevação dessa cidade a capital de fato do Império Português. Esses acontecimentos de enorme importância também causaram a vinda de vários mineralogistas e metalurgistas estrangeiros, como o alemão Barão de Eschwege, e alguns anos depois do afamado cientista brasileiro José Bonifácio de Andrada e Silva. Homens como esses foram responsáveis pelo início de um novo processo de prospecção e mineração em Minas Gerais. Eschwege, por exemplo, seguiu os passos do mineralogista brasileiro José Vieira Couto, tornando-se responsável por abrir estradas, definir fronteiras e explorar o minério de chumbo (sob a forma de galena, ou sulfeto de chumbo) nos sertões do Rio Abaeté. Ao mesmo tempo Eschwege também fundou e operou por vários anos uma fábrica de ferro, a Fábrica Patriótica, em Congonhas do Campo, a qual não será tratada aqui. Após cerca de uma década em seus muitos empreendimentos, Eschwege se vê desestimulado em continuar o trabalho e deixa para outro europeu o trabalho de extração de chumbo e prata do minério extraído, deixando o Brasil e retornando à Europa. O francês Jean Monlevade seguiu os passos de Eschwege e tornou-se o primeiro metalurgista a obter chumbo metálico do minério de galena. Após transportar a galena até Vila Rica, Monlevade procedeu a trabalhos de copelação para também obter prata como sub-produto. Outra tentativa de exploração da galena e obtenção de prata foi mais uma vez tentada sem sucesso pelo brasileiro Francisco de Paula Oliveira. Além da prata, descreve-se aqui também a descoberta do metal paládio, feita pelo químico e metalurgista inglês William H. Wollaston. A descoberta deste metal ocorreu através da técnica desenvolvida por Wollaston de purificação da platina a partir de minerais oriundos de colônias espanholas na América do Sul, notadamente Nueva Granada, hoje Colômbia. Contudo, a confirmação da ocorrência de paládio metálico em forma nativa foi obtida de uma amostra levada do Brasil até a Inglaterra. A descoberta do paládio não ocorreu anteriormente em virtude da frequente confusão causada pela natural falta de conhecimento de exploradores e bandeirantes que exploravam os sertões brasileiros. Eles acreditavam estar lidando com prata ou mesmo platina ao descobrirem metais nativos de cor branca, os quais também poderiam estar contaminando amostras de ouro, que dessa forma podiam ganhar colorações diferentes. Finalmente, nem tudo o que se afirmava existir nos sertões de Minas Gerais pôde mostrar-se digno de confiança. Havia também bastante charlatanice assim como análises químicas inadequadas por parte de muitos mineralogistas. Isto pode ser ilustrado nos muitos anúncios das descobertas de cobre, cobalto e estanho, que ora eram descobertos em poucos veios e em pequenas quantidades para suprir algum tipo de pequena indústria, ou que tiveram sua exploração motivada por fins pessoais, na busca da autopromoção de alguns dos envolvidos. 
publishDate 2019
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-08-09T21:04:11Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-08-09T21:04:11Z
dc.date.issued.fl_str_mv 2019-02-22
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/SFSA-BAHUCK
url http://hdl.handle.net/1843/SFSA-BAHUCK
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/SFSA-BAHUCK/1/tese_luciano_emerich_faria_corrigido.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/SFSA-BAHUCK/2/tese_luciano_emerich_faria_corrigido.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 9097d349284ceeb7617ff06be9e23a0a
06f8e6d7fd1dd952f331f2d713da4d7a
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589181831643136