Abordagem da geomorfologia em planos de manejo de parques nacionais: análise e perspectivas

• Autor(a) principal: Mariana Fonseca Mauro
• Data de Publicação: 2018
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B7LNTT
• topic: Conservação; Plano de Manejo; Geomorfologia; Parques Nacionais; Politica ambiental Brasil; Recursos naturais Conservação; Geomorfologia Brasil; Parques nacionais Brasil

Os parques nacionais são considerados territórios de suma importância à conservação dos recursos naturais do país, para os quais o plano de manejo apresenta-se como o instrumento de planejamento e gestão, que visa ordenar as atividades no interior da unidade por meio de seu zoneamento. Para tanto, a etapa de diagnóstico deve subsidiar a construção de objetivos e ações em uma perspectiva espaço-temporal na unidade de conservação. Por acreditar na relevância da geomorfologia como detentora de amplo potencial integrador no entendimento da paisagem em estudos ambientais no contexto citado, tem-se como objetivo principal nesta pesquisa investigar de que forma a abordagem da geomorfologia tem sido desenvolvida em diagnósticos de planos de manejo de Parques Nacionais no Brasil, bem como sua contribuição para o entendimento da paisagem e utilização como subsídio na etapa de planejamento. Com base nisto, trilhou-se no sentido de refletir sobre caminhos possíveis na produção do conhecimento sob a ótica da geomorfologia que pode responder aos problemas e desafios necessários à conservação dos atributos alvos e, por fim, qual é a geomorfologia necessária, diferentes daquela elaborada na perspectiva de inventários. O processo de investigação foi desenvolvido a partir da seleção e análise documental de 37 planos de manejo de parques nacionais, sob o critério de recorte temporal pós promulgação do SNUC e Roteiro Metodológico de Planejamento Parque Nacional, Reserva Biológica e Estação Ecológica, proposto em 2002. A análise, portanto do como se faz, constatou que (i) a abordagem geomorfológica está restrita à descrição e é tomada sem a delimitação de um problema, o que dificulta sobremaneira o direcionamento de análises pertinentes aos desafios da gestão; (ii) o roteiro metodológico estabelece um conteúdo mínimo que não evoca análises pertinentes ao plano de manejo; (iii) a produção dos diagnósticos geomorfológicos nos planos se relaciona à experiência/intimidade do pesquisador com determinado aspecto da geomorfologia; (iv) a escala tempo-espaço eleita e adotada torna-se um desafio à geração de dados aplicáveis; (v) o tipo de dado incorporado ao diagnóstico possui relação com a produção do conhecimento vigente à época, sendo ausente atualização ou incorporação de novos dados, informações e procedimentos metodológicos; (vi) o diagnóstico geomorfológico auxilia, junto aos demais elementos do meio físico, no reconhecimento de áreas de relevância para a conservação dos recursos hídricos e as belezas cênicas dos parques; e, por fim, que (vii) a restrição da base de dados ao RADAMBRASIL e a não produção de uma compartimentação geomorfológica integrada, a posteriori, aos demais elementos do diagnóstico reforça a distância deste em relação ao planejamento. Apoiado nestas percepções, advoga-se pela mudança de concepção do fazer geomorfologia, comprometida com o objeto e os objetivos da unidade de conservação, onde o trânsito escalar, tão caro à geografia, não deve ser preterido.