Diversidade carnavalizada: experiência e luta LGBT+ na e pela cidade.

• Autor(a) principal: Carolina Rodrigues Chaves Nogueira
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/37755
• topic: Carnaval de rua; Direito à cidade; Espaços públicos; Experiência urbana; LGBT; Planejamento urbano; Espaço urbano; Carnaval; Direito urbanístico; Minorias sexuais

Os espaços públicos, ainda que pretensamente acessíveis de modo igualitário, oferecem possibilidades de usufruto e ocupação mais ou menos restritivas. A cidade, enquanto reflexo das ideias e valores sociais dominantes, tem na heterossexualidade a norma legítima e moralmente constituída, que conforma não apenas modos de pensar, mas também os comportamentos expostos nos espaços públicos, sendo a vida urbana reflexo da cultura. A partir desses entendimentos, toma-se o contexto espaço-temporal da década de 2010, quando uma série de manifestações sócio-espaciais de caráter cultural e político, como a Praia da Estação e o Carnaval de Rua, ganharam força na cidade Belo Horizonte a partir do uso e ocupação dos espaços públicos em nome de um direito à cidade. A dissertação, então, tem como objetivo analisar as formas de uso e apropriação do espaço público pela comunidade LGBT+ e propõe analisar diferentes formas de experiência urbana, tratadas a partir de três eixos de debate. O primeiro, a experiência urbana ordenada, envolve a discussão sobre os espaços públicos, compostos por ideologias políticas, conformadas através do processo de urbanização das cidades; o segundo se trata da experiência urbana restringida e se relaciona com a imposição da cultura heteronormativa, que contribui para uma limitação sobre a vivência de pessoas LGBT+ em espaços públicos urbanos; e, por fim, a experiência urbana transformada aborda a festa de Carnaval de Rua de Belo Horizonte como potencializadora de outras experiências e imaginários de cidade e criadora de territórios flexíveis passíveis de alterar a ordenação submetida aos espaços públicos e subverter as restrições impostas pela heteronormatividade. A metodologia proposta para desenvolver esse imaginário de cidade transformada é uma cartografia de vivências urbanas, contada através de narrativas contra-hegemônicas de memórias, experiências, sentimentos e sensações de pessoas LGBT+ que vivenciam a festa carnavalesca. A Internacional Situacionista (IS), movimento europeu artístico, político e cultural atuante a partir de 1957, tem importante papel na construção dessa cartografia, ao alimentar discussão que visa à superação de passividade e alienação em nome de uma produção do espaço urbano ativa, apaixonada, de transformação da realidade, inspirando novas práticas e procedimentos para a experiência de uma outra cidade possível.