Vastos subúrbios da nova capital: formação do espaço urbano na primeira periferia de Belo Horizonte

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Tito Flavio Rodrigues de Aguiar
Data de Publicação: 2006
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/VCSA-6X4NU4
Resumo: Entre 1891 e 1898, o governo do Estado empreendeu a mudança da capital de Minas Gerais, buscando integrar as várias regiões do estado e promover a modernização regional. A construção de uma nova capital, a Cidade de Minas, hoje Belo Horizonte, procurou criar um centro urbano para estimular a modernização do estado através da industrialização. O plano da Cidade de Minas, elaborado por Aarão Reis em 1895, expressou esse projeto de modernização, propondo uma cidade organizada em bases técnicas apuradas, com infra-estrutura urbana sofisticada para as condições brasileiras do fim do século XIX. No plano de Aarão Reis, os subúrbios foram pensados como transição entre campo e cidade, recebendo arranjo espacial peculiar, que articulava a área urbana e a zona rural. Esse plano não foi rigorosamente seguido na implantação dos subúrbios, cedendo lugar, em 1898 e 1899, a outra iniciativa do governo mineiro voltada para a modernização regional, a criação da zona colonial. Esse empreendimento de colonização associou ao projeto da Cidade de Minas um outro projeto de desenvolvimento do estado, em bases agrárias. Os resultados dessa articulação de empreendimentos modernizadores foram diversos. Por um lado, em 1920, Belo Horizonte já era o centro da mais dinâmica e próspera região mineira, apoiada sobre a industrialização da cidade e de seu hinterland. Por outro lado, a zona colonial de Belo Horizonte fracassou como modernização agrária, ainda que em 1911, quando foram emancipadas, as colônias suburbanas fossem estabelecimentos agrícolas razoavelmente prósperos. A incorporação das chamadas ex-colônias à zona suburbana, em 1912, não transformou de imediato esses espaços rurais em bairros da cidade. Porém, nos anos 1920, áreas das colônias suburbanas próximas ao centro da cidade passaram por processos de transformação que converteram o espaço rural em espaço urbano, com afluxo de novos moradores e com o abandono dos trabalhos de cultivo do campo. Com o crescimento de Belo Horizonte, ao longo dos anos 1920 e 1930, a formação dos espaços da primeira periferia da cidade se fez de três diferentes modos. Bairros implantados na zona suburbana da cidade nos termos do plano de Aarão Reis foram transformados pelo adensamento e pela a subdivisão dos grandes lotes suburbanos. Espaços rurais das antigas colônias agrícolas foram convertidos em espaços suburbanos a partir da divisão dos lotes coloniais. Finalmente, o parcelamento de glebas na zona rural deu origem a vilas periféricas, sem infra-estrutura urbana, fora dos limites da área destinada em 1895 à Cidade de Minas. Nos anos 1920, o crescimento da cidade se fez desordenadamente, atendendo apenas a interesses privados e sem controle da municipalidade. Surgiram, então, as demandas por mecanismos de gestão que ordenassem o crescimento urbano. Nos anos 1930, retomou-se o processo de planejamento da cidade, ainda que em bases pouco consistentes e já sem articulação com os projetos de modernização regional que continuaram a ser promovidos pelo governo mineiro.
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No plano de Aarão Reis, os subúrbios foram pensados como transição entre campo e cidade, recebendo arranjo espacial peculiar, que articulava a área urbana e a zona rural. Esse plano não foi rigorosamente seguido na implantação dos subúrbios, cedendo lugar, em 1898 e 1899, a outra iniciativa do governo mineiro voltada para a modernização regional, a criação da zona colonial. Esse empreendimento de colonização associou ao projeto da Cidade de Minas um outro projeto de desenvolvimento do estado, em bases agrárias. Os resultados dessa articulação de empreendimentos modernizadores foram diversos. Por um lado, em 1920, Belo Horizonte já era o centro da mais dinâmica e próspera região mineira, apoiada sobre a industrialização da cidade e de seu hinterland. Por outro lado, a zona colonial de Belo Horizonte fracassou como modernização agrária, ainda que em 1911, quando foram emancipadas, as colônias suburbanas fossem estabelecimentos agrícolas razoavelmente prósperos. A incorporação das chamadas ex-colônias à zona suburbana, em 1912, não transformou de imediato esses espaços rurais em bairros da cidade. Porém, nos anos 1920, áreas das colônias suburbanas próximas ao centro da cidade passaram por processos de transformação que converteram o espaço rural em espaço urbano, com afluxo de novos moradores e com o abandono dos trabalhos de cultivo do campo. Com o crescimento de Belo Horizonte, ao longo dos anos 1920 e 1930, a formação dos espaços da primeira periferia da cidade se fez de três diferentes modos. Bairros implantados na zona suburbana da cidade nos termos do plano de Aarão Reis foram transformados pelo adensamento e pela a subdivisão dos grandes lotes suburbanos. Espaços rurais das antigas colônias agrícolas foram convertidos em espaços suburbanos a partir da divisão dos lotes coloniais. Finalmente, o parcelamento de glebas na zona rural deu origem a vilas periféricas, sem infra-estrutura urbana, fora dos limites da área destinada em 1895 à Cidade de Minas. Nos anos 1920, o crescimento da cidade se fez desordenadamente, atendendo apenas a interesses privados e sem controle da municipalidade. Surgiram, então, as demandas por mecanismos de gestão que ordenassem o crescimento urbano. Nos anos 1930, retomou-se o processo de planejamento da cidade, ainda que em bases pouco consistentes e já sem articulação com os projetos de modernização regional que continuaram a ser promovidos pelo governo mineiro.Between 1891 and 1898, the state government moved the capital of Minas Gerais in order to unite the diverse state regions, and to promote regional modernization. The construction of a new capital, the Cidade de Minas, today Belo Horizonte, was originally conceived to create an urban center to foster state modernization through industrialization. Aarão Reis designed the plan of the Cidade de Minas in 1895. According to regional modernization project, the city was organized in elaborate technical bases, with up-to-date municipal services and public utilities, which were very sophisticated for the late nineteenth century Brazil. Aarão Reis planned the new capitals suburbs as a transition between the country and the city, with particular design connecting urban core and rural zone. That plan was not followed out in suburbs, and soon was replaced by another initiative of state government, also directed toward regional modernization: the creation of the colonial zone in 1898 and 1899. This settlement combined a governmental project of economic growth and agrarian modernization to Cidade de Minass urban project.The results of these modernizing enterprises had been different. By 1920, Belo Horizonte already was the center of the most dynamic and prosperous region of Minas Gerais, based upon city's industrialization and its hinterland's economic growth. But colonial zone of Belo Horizonte failed as agrarian modernization enterprise. In 1911, when the colonial zone had been released from governments control, suburban colonies were fair prosperous agricultural establishments. In 1912, the incorporation to suburban zone of the so called ex-colônias did not immediately transform these agricultural spaces in citywards. However, in the 1920s, areas of the suburban colonies next to urban core had faced processes of transformation that had converted the rural space into suburban space. With the growth of Belo Horizonte, in the 1920s and 1930s, the forming of first peripherys spaces was made in three different ways. First, spaces of suburban zone settled according to Aarão Reiss design became densely peopled as great suburban lots were parceled out. Second, rural spaces of old agricultural colonies had been converted into suburban spaces by division of colonial lots. Third, farms were divided in the rural zone, originating several vilas without urban infrastructure, beyond the boundary laid out in 1895 to the Cidade de Minas. In the 1920s, the urban growth was disorderly, without municipalitys control and chiefly promoted by private developers. Then appeared demands for rules to manage the pace of urban growth. In the 1930s, the process of planning of the city was initiated again, although in very little solid bases and not connected with the projects of regional modernization that had continued to be promoted by state government.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGBelo Horizonte (MG) HistoriaEspaço urbanoHistóriaEspaço urbanoPeriferiaBelo HorizonteVastos subúrbios da nova capital: formação do espaço urbano na primeira periferia de Belo Horizonteinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtito_fl_vio_de_aguiar__tese_completa__com_ilustra__es.pdfapplication/pdf16540631https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/VCSA-6X4NU4/1/tito_fl_vio_de_aguiar__tese_completa__com_ilustra__es.pdf64d838c7e2ba2e46416b4e63315d0ec6MD511843/VCSA-6X4NU42019-09-13 12:18:44.802oai:repositorio.ufmg.br:1843/VCSA-6X4NU4Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-09-13T15:18:44Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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