As inspirações estoicas da filosofia da natureza e do conhecimento de Margaret Cavendish

• Autor(a) principal: Matheus Tonani Marques Pereira
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/52048; https://orcid.org/0000-0002-0075-6663
• topic: Margaret Cavendish; Estoicismo; Sensibilidade e razão; Teoria da percepção; Vitalismo; Materialismo; Filosofia - Teses; Cavendish, Margaret, Duquesa de Newcastle,1623-1673; Vitalismo - Teses; Materialismo - Teses

A tese de doutorado debruça-se sobre os textos de epistemologia e filosofia natural de Margaret Cavendish, pensadora e literata inglesa do século XVII, buscando empreender paralelos entre a sua teoria e a teoria do primeiro estoicismo grego do período helenista. Argumento que muito da sua filosofia bebe na fonte dos estoicos, mais do que é normalmente reconhecido pela literatura especializada. Busca-se defender que, na física e na gnosiologia cavendishiana de maturidade, podemos ler, com muitos ganhos hermenêuticos, uma influência considerável da primeira stoá. Quanto à epistemologia, analiso o pensamento do pórtico nas figuras de seus três primeiros escolarcas – Zenão, Cleantes e Crisipo, tentando apresentar uma interpretação de alguns de seus conceitos principais sobre o assunto, especial atenção sendo dada à questão da percepção e da impressão compreensiva. Apresento, em sequência, a filosofia do conhecimento de Cavendish, propondo aproximações e distanciamentos entre os dois sistemas e teorias sobre a percepção e sobre o mundo. Para mostrar o alcance da tese, um capítulo é, então, dedicado à crítica que a duquesa de Newcastle realiza contra a filosofia experimental da Royal Society, em prol de mostrar que, ao ler nas entrelinhas da pensadora moderna uma influência estoica, podemos compreender de maneira mais completa sua investida contra os experimentos mediados por instrumentos óticos. Na segunda unidade da tese, é abordada a questão da física estoica e cavendishiana, além das aproximações e distanciamentos em suas caracterizações do cosmos como um ser vivente, sensível e racional. Tópicos de ontologia, cosmologia e mecânica são analisados tanto em sua vertente da stoá quanto na versão da filosofia de Lady Margaret, de modo a desenvolver o cotejamento entre os dois pontos de vista sobre o universo, mostrando a influência intensa exercida pelo pensamento estoico na teoria física cavendishana. Por fim, apresenta-se um capítulo dedicado à pesquisa histórica acerca da maneira através da qual a filósofa teria tido contato com a epistemologia e a física dos primeiros estoicos, encontrando como elo entre as duas teorias a robusta História da Filosofia de Thomas Stanley. Busca-se, como um todo, afirmar que mais claro fica o texto cavendishiano se nele considerarmos que há uma inspiração estoica que alimenta a proposta original da filósofa. Ademais, outro importante objetivo da tese encontra-se ao que é confrontado o posicionamento no qual Cavendish teria simplesmente apresentado fantasias impensadas como a sua filosofia, de modo que é defendido nestas páginas que o sistema intelectual da pensadora britânica moderna deve ser levado a sério e possui uma robustez filosófica considerável, contrariando as leituras que querem ver em Cavendish somente a designação de “Mad Madge”.