Relação entre acesso a medicamentos no Sistema Único de Saúde e a gestão do ciclo da assistência farmacêutica no contexto da pesquisa nacional sobre acesso, utilização e promoção do uso racional de medicamentos.

• Autor(a) principal: Luisa Duarte Nogueira
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/60569
• topic: Disponibilidade; Acesso a medicamentos essenciais e tecnologias de saúde; Assistência farmacêutica; Atenção primária à saúde; Sistema Único de Saúde

A avaliação contínua dos indicadores de acesso a medicamentos e dos fatores a ele associados é importante para o monitoramento e análise das políticas públicas com vistas à equidade e ampliação do acesso. O objetivo deste estudo foi medir, por meio de um indicador único, o acesso a medicamentos em uma amostra da população brasileira, usuária do Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, busca avaliar quais são os fatores associados ao acesso, do ponto de vista do usuário, prescritor e aspectos relacionados à organização dos serviços farmacêuticos municipais, e busca encontrar subsídios que auxiliem no desenho e efetividade das políticas públicas de saúde, principalmente as relacionadas ao medicamento. Estudo transversal, exploratório, de natureza avaliativa, integrante da Pesquisa Nacional Sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos – Serviços, 2015. A avaliação do acesso a medicamentos utilizou conceitos propostos por Penshansky e Thomas (1981), segundo as dimensões: disponibilidade, aqui tratada por obtenção, acessibilidade geográfica, adequação, aceitabilidade e acessibilidade financeira. O indicador único foi considerada a variável resposta e foi calculada por meio das médias ponderadas de cada dimensão. Variáveis categóricas foram apresentadas como frequências absolutas e relativas e testes qui-quadrado foram realizados para variáveis categóricas. A amostra foi constituída de 2.430 usuários. A média encontrada para o indicador único foi 0.64, sendo que 26,9% dos usuários mostram que não tem nenhum acesso aos medicamentos enquanto 28,5% possuem acesso total. As internações, procuras por serviços de emergência e autopercepção de saúde apresentaram piores resultados no grupo que não tem acesso a medicamentos (p<0,001). Para as etapas de seleção, programação e aquisição de medicamentos, é possível dizer que há p<0,001, o que pode indicar alguma associação entre essas etapas e o acesso aos medicamentos. Os que relatam possuir lista padronizada, CFT e programação de compra geram melhores resultados no acesso. Os resultados de disponibilidade e períodos de desabastecimento nas farmácias mostra haver uma possível relação com o acesso, sendo maior a disponibilidade para os grupos de acesso parcial e total. O Brasil tem investido em políticas públicas que visam melhorar o acesso a medicamentos e a qualidade AF, apesar disso foram encontrados dados preocupantes aos pacientes que relatam não ter acesso aos seus medicamentos. A gestão dos recursos pelos secretários municipais de saúde e pelos responsáveis pela AF no município influencia diretamente no acesso aos medicamentos. É preciso que a autonomia dos munícipios sobre a gestão de verbas seja revista para que a verba seja utilizada de maneira a cobrir as necessidades municipais na AF. A provisão de sistemas informatizados que auxiliem com o fornecimento de dados de consumo, séries históricas e sazonalidades podem ser fundamentais para melhoria desse processo. É necessário que a avaliação do acesso aos medicamentos seja constante e que haja reestruturação das políticas existentes, proporcionando aumento no acesso aos medicamentos, assim financiamento sustentado e adequado sistema de suprimento são importantes ferramentas para promoção do acesso.