Facebook e a plataformização do jornalismo : uma cartografia das disputas, parcerias e controvérsias entre 2014 e 2019

• Autor(a) principal: Amanda Chevtchouk Jurno
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/33955; https://orcid.org/0000-0002-2192-8161
• topic: Plataforma; Algoritmos; Controvérsias algoritmicas; Jornalismo; Facebook

O objetivo desta tese de doutorado é analisar o processo de "plataformização" do jornalismo pelo Facebook, com foco nas disputas e controvérsias em torno das parcerias comerciais, tecnológicas e editoriais estabelecidas entre a plataforma e instituições jornalísticas. Por plataformização entende-se o processo de imbricamento e mútua moldagem entre a lógica das plataformas online e diferentes setores sociais. No caso do jornalismo, o Facebook se oferece como infraestrutura que promete soluções e demanda ajustes nas práticas e lógicas de funcionamento das instituições. Nosso estudo se concentra entre os meses de janeiro de 2014 e julho de 2019. Neste período, identificamos dois momentos principais deste processo de plataformização: o primeiro está centrado na implementação da ferramenta Instant Articles, através da qual, desde 2015, a plataforma procura se estabelecer como infraestrutura para a produção, circulação e monetização do conteúdo jornalístico; o segundo se organiza em torno do Facebook Journalism Project, iniciativa lançada em 2017 a fim de estreitar os laços e fomentar o setor jornalístico através de iniciativas como financiamento de projetos, treinamentos, e parcerias com agências de fact-checking. A pesquisa também se dedica a analisar dois momentos de crise: a seleção de conteúdo no Trending Topics e a exclusão da fotografia “The Terror of War”. Tomadas como “controvérsias algorítmicas”, estas situações ocorridas em 2016 nos permitem compreender como um crescente questionamento da suposta neutralidade das agências do Facebook foi decisivo nos ajustes propostos para a plataformização do jornalismo. Nosso referencial teórico é composto por conceitos vinculados aos Science and Technology Studies, mais especificamente aos Estudos de Plataforma, aos Estudos Críticos de Algoritmos e à Teoria Ator-Rede. A cartografia de controvérsias e o modelo “the connective approach” (VAN DIJCK, 2013a) são nossas principais inspirações metodológicas. Dentre os autores com os quais dialogamos estão Van Dijck et al. (2018), Helmond (2015), Helmond et al. (2018), Bucher (2012 e 2018), Bucher e Helmond (2017), Plantin et. al (2018), Nieborg e Poell (2018), Gillespie (2010, 2018), Napoli e Caplan (2018).