Quilombolas do Pará e mídias digitais: sociabilidade, conflito e mobilização online nas lutas por reconhecimento

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Janine de Kássia Rocha Bargas
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B9DHN6
Resumo: Esta é uma pesquisa sobre as práticas comunicativas de comunidades remanescentes de quilombos do Pará. Investiga a relação entre as apropriações de mídias digitais, especificamente o papel das interações online, no Facebook e no Whatsapp, em suas lutas sobre o direito territorial, entendidas como partes das lutas mais amplas por reconhecimento. Fundamentada na teoria do reconhecimento de Axel Honneth e em outros teóricos sociais, como Mead, Simmel e Melluci, e no diálogo com teóricas feministas, como Allen, Fraser, Crenshaw e Carneiro, analisa as formas de apropriação das mídias digitais e as interações online dos quilombolas, com o intuito de observar, por dentro, como esses aspectos se tocam e onde eles se diferenciam. Assim, as seguintes questões são examinadas: 1) quais as formas de sociabilidade, conflito e mobilização são desempenhadas pelos quilombolas, no Facebook e no Whatsapp, em relação ao território? 2) Quais as similaridades e diferenças entre a ocorrência da sociabilidade, do conflito e da mobilização no que se refere às características de cada plataforma? 3) Sob quais circunstâncias sociabilidade, conflito e mobilização se imbricam ou se distanciam nas interações online? De que maneira a sociabilidade, o conflito e a mobilização no Facebook e no Whatsapp contribuem ou dificultam as ações políticas dos quilombolas acerca do território? Para desenvolver a análise, realizei uma etnografia virtual e utilizei técnicas complementares, como questionários e entrevistas. Parte da colaboração desta pesquisa reside na análise conjunta de categorias consideradas relevantes na literatura sobre movimentos sociais, no entanto mais comumente analisadas de forma ampla ou separada. Entre os principais resultados destacam-se: a mobilidade da conexão às duas mídias, que têm como função principal atribuída pelos quilombolas a troca de informações de forma rápida e atualizada; a dinâmica interna da luta, constituída intersubjetivamente, que revelou a existência de unidades sociais online e territorialidades online específicas; o forte imbricamento entre os padrões de interação relacionados à sociabilidade, ao conflito e à mobilização. Destacam-se, nesse sentido, as imbricações entre sociabilidade, conflito e mobilização ocorridas nas unidades sociais online dos estudantes quilombolas universitários e das mulheres negras quilombolas. Essas especificidades fazem referência ao protagonismo que ambos os grupos têm reivindicado no movimento quilombola, seja em suas demandas específicas, ou em pautas amplas, como as do território. Nas duas mídias digitais, portanto, as interações online conformam-se como canais pelos quais sentimentos, seja de pertencimento, de injustiças ou de engajamento em lutas, são formulados, ajustados, reajustados e compartilhados. Dessa forma, outras vias de articulação política podem emergir como particularmente importantes para as lutas dos quilombolas, seja por meio do ajustamento interno, da auto-expressão, da visibilidade ou da constituição de redes mais amplas.
id UFMG_daed769b0bb21d2dd88bfe6c0472325b
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-B9DHN6
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Rousiley Celi Moreira MaiaDanila Gentil Rodriguez Cal LageAna Carolina Soares Costa VimieiroMaria Aparecida MouraJanine de Kássia Rocha Bargas2019-08-10T03:19:39Z2019-08-10T03:19:39Z2018-06-18http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B9DHN6Esta é uma pesquisa sobre as práticas comunicativas de comunidades remanescentes de quilombos do Pará. Investiga a relação entre as apropriações de mídias digitais, especificamente o papel das interações online, no Facebook e no Whatsapp, em suas lutas sobre o direito territorial, entendidas como partes das lutas mais amplas por reconhecimento. Fundamentada na teoria do reconhecimento de Axel Honneth e em outros teóricos sociais, como Mead, Simmel e Melluci, e no diálogo com teóricas feministas, como Allen, Fraser, Crenshaw e Carneiro, analisa as formas de apropriação das mídias digitais e as interações online dos quilombolas, com o intuito de observar, por dentro, como esses aspectos se tocam e onde eles se diferenciam. Assim, as seguintes questões são examinadas: 1) quais as formas de sociabilidade, conflito e mobilização são desempenhadas pelos quilombolas, no Facebook e no Whatsapp, em relação ao território? 2) Quais as similaridades e diferenças entre a ocorrência da sociabilidade, do conflito e da mobilização no que se refere às características de cada plataforma? 3) Sob quais circunstâncias sociabilidade, conflito e mobilização se imbricam ou se distanciam nas interações online? De que maneira a sociabilidade, o conflito e a mobilização no Facebook e no Whatsapp contribuem ou dificultam as ações políticas dos quilombolas acerca do território? Para desenvolver a análise, realizei uma etnografia virtual e utilizei técnicas complementares, como questionários e entrevistas. Parte da colaboração desta pesquisa reside na análise conjunta de categorias consideradas relevantes na literatura sobre movimentos sociais, no entanto mais comumente analisadas de forma ampla ou separada. Entre os principais resultados destacam-se: a mobilidade da conexão às duas mídias, que têm como função principal atribuída pelos quilombolas a troca de informações de forma rápida e atualizada; a dinâmica interna da luta, constituída intersubjetivamente, que revelou a existência de unidades sociais online e territorialidades online específicas; o forte imbricamento entre os padrões de interação relacionados à sociabilidade, ao conflito e à mobilização. Destacam-se, nesse sentido, as imbricações entre sociabilidade, conflito e mobilização ocorridas nas unidades sociais online dos estudantes quilombolas universitários e das mulheres negras quilombolas. Essas especificidades fazem referência ao protagonismo que ambos os grupos têm reivindicado no movimento quilombola, seja em suas demandas específicas, ou em pautas amplas, como as do território. Nas duas mídias digitais, portanto, as interações online conformam-se como canais pelos quais sentimentos, seja de pertencimento, de injustiças ou de engajamento em lutas, são formulados, ajustados, reajustados e compartilhados. Dessa forma, outras vias de articulação política podem emergir como particularmente importantes para as lutas dos quilombolas, seja por meio do ajustamento interno, da auto-expressão, da visibilidade ou da constituição de redes mais amplas.This research investigates the communicative practices of quilombos remnants communities in Pará. It investigates the relationship between appropriations of digital media, specifically the role of online interactions, in Facebook and Whatsapp, in their struggles over territorial rights, understood as parts of the struggles recognition. Based on the recognition theory of Axel Honneth and other social theorists, such as Mead, Simmel and Melluci, and in the dialogue with feminist theorists, such as Allen, Fraser, Crenshaw and Carneiro, I analyze the forms of appropriation of digital media and the online interactions of quilombolas, with the intention of observing, inside, how these aspects touch each other and where they differ. Thus, the following questions are examined: 1) what forms of sociability, conflict and mobilization are carried out by quilombolas, on Facebook and Whatsapp, in relation to the territory? 2) What are the similarities and differences between the occurrence of sociability, conflict and mobilization regarding the characteristics of each platform? 3) Under what circumstances do sociability, conflict, and mobilization intertwine or distance themselves in online interactions? How do sociability, conflict and mobilization on Facebook and Whatsapp contribute to or hamper the quilombolas' political actions about the territory? To develop the analysis, I performed a virtual ethnography and used complementary techniques, such as questionnaires and interviews. Part of the collaboration of this research resides in the joint analysis of categories considered relevant in the literature on social movements, however more commonly analyzed in a broad or separate way. Among the main results are: the mobility of the connection to the two media, whose main function is attributed by the quilombolas the exchange of information in a fast and updated way; the internal dynamics of the struggle, constituted intersubjectively, which revealed the existence of online social units and specific online territorialities; the strong interweaving of patterns of interaction related to sociability, conflict, and mobilization. In this sense, the imbrications between sociability, conflict and mobilization occurred in the online social units of the university quilombola students and the black quilombola women. These specificities make reference to the protagonism that both groups have claimed in the quilombola movement, either in their specific demands, or in broad guidelines, as those of the territory. In both digital media, therefore, online interactions are shaped as channels through which feelings, whether of belonging, of injustice or of engagement in struggles, are formulated, adjusted, readjusted and shared. In this way, other ways of political articulation can emerge as particularly important for quilombola struggles, either through internal adjustment, self-expression, visibility or the constitution of broader networks.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGQuilombos ParáMídia digitalComunicaçãoTerritórioQuilombolasMídias DigitaisReconhecimentoQuilombolas do Pará e mídias digitais: sociabilidade, conflito e mobilização online nas lutas por reconhecimentoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtese___janine_bargas___vers_o_final.pdfapplication/pdf3842317https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-B9DHN6/1/tese___janine_bargas___vers_o_final.pdffd07d87f4305a8754cc647a6c6593521MD51TEXTtese___janine_bargas___vers_o_final.pdf.txttese___janine_bargas___vers_o_final.pdf.txtExtracted texttext/plain492570https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-B9DHN6/2/tese___janine_bargas___vers_o_final.pdf.txt10807a4f6347f74b15f2edf5edd94ebbMD521843/BUOS-B9DHN62019-11-14 11:41:23.99oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-B9DHN6Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T14:41:23Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Quilombolas do Pará e mídias digitais: sociabilidade, conflito e mobilização online nas lutas por reconhecimento
title Quilombolas do Pará e mídias digitais: sociabilidade, conflito e mobilização online nas lutas por reconhecimento
spellingShingle Quilombolas do Pará e mídias digitais: sociabilidade, conflito e mobilização online nas lutas por reconhecimento
Janine de Kássia Rocha Bargas
Território
Quilombolas
Mídias Digitais
Reconhecimento
Quilombos Pará
Mídia digital
Comunicação
title_short Quilombolas do Pará e mídias digitais: sociabilidade, conflito e mobilização online nas lutas por reconhecimento
title_full Quilombolas do Pará e mídias digitais: sociabilidade, conflito e mobilização online nas lutas por reconhecimento
title_fullStr Quilombolas do Pará e mídias digitais: sociabilidade, conflito e mobilização online nas lutas por reconhecimento
title_full_unstemmed Quilombolas do Pará e mídias digitais: sociabilidade, conflito e mobilização online nas lutas por reconhecimento
title_sort Quilombolas do Pará e mídias digitais: sociabilidade, conflito e mobilização online nas lutas por reconhecimento
author Janine de Kássia Rocha Bargas
author_facet Janine de Kássia Rocha Bargas
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Rousiley Celi Moreira Maia
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Danila Gentil Rodriguez Cal Lage
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Ana Carolina Soares Costa Vimieiro
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Maria Aparecida Moura
dc.contributor.author.fl_str_mv Janine de Kássia Rocha Bargas
contributor_str_mv Rousiley Celi Moreira Maia
Danila Gentil Rodriguez Cal Lage
Ana Carolina Soares Costa Vimieiro
Maria Aparecida Moura
dc.subject.por.fl_str_mv Território
Quilombolas
Mídias Digitais
Reconhecimento
topic Território
Quilombolas
Mídias Digitais
Reconhecimento
Quilombos Pará
Mídia digital
Comunicação
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Quilombos Pará
Mídia digital
Comunicação
description Esta é uma pesquisa sobre as práticas comunicativas de comunidades remanescentes de quilombos do Pará. Investiga a relação entre as apropriações de mídias digitais, especificamente o papel das interações online, no Facebook e no Whatsapp, em suas lutas sobre o direito territorial, entendidas como partes das lutas mais amplas por reconhecimento. Fundamentada na teoria do reconhecimento de Axel Honneth e em outros teóricos sociais, como Mead, Simmel e Melluci, e no diálogo com teóricas feministas, como Allen, Fraser, Crenshaw e Carneiro, analisa as formas de apropriação das mídias digitais e as interações online dos quilombolas, com o intuito de observar, por dentro, como esses aspectos se tocam e onde eles se diferenciam. Assim, as seguintes questões são examinadas: 1) quais as formas de sociabilidade, conflito e mobilização são desempenhadas pelos quilombolas, no Facebook e no Whatsapp, em relação ao território? 2) Quais as similaridades e diferenças entre a ocorrência da sociabilidade, do conflito e da mobilização no que se refere às características de cada plataforma? 3) Sob quais circunstâncias sociabilidade, conflito e mobilização se imbricam ou se distanciam nas interações online? De que maneira a sociabilidade, o conflito e a mobilização no Facebook e no Whatsapp contribuem ou dificultam as ações políticas dos quilombolas acerca do território? Para desenvolver a análise, realizei uma etnografia virtual e utilizei técnicas complementares, como questionários e entrevistas. Parte da colaboração desta pesquisa reside na análise conjunta de categorias consideradas relevantes na literatura sobre movimentos sociais, no entanto mais comumente analisadas de forma ampla ou separada. Entre os principais resultados destacam-se: a mobilidade da conexão às duas mídias, que têm como função principal atribuída pelos quilombolas a troca de informações de forma rápida e atualizada; a dinâmica interna da luta, constituída intersubjetivamente, que revelou a existência de unidades sociais online e territorialidades online específicas; o forte imbricamento entre os padrões de interação relacionados à sociabilidade, ao conflito e à mobilização. Destacam-se, nesse sentido, as imbricações entre sociabilidade, conflito e mobilização ocorridas nas unidades sociais online dos estudantes quilombolas universitários e das mulheres negras quilombolas. Essas especificidades fazem referência ao protagonismo que ambos os grupos têm reivindicado no movimento quilombola, seja em suas demandas específicas, ou em pautas amplas, como as do território. Nas duas mídias digitais, portanto, as interações online conformam-se como canais pelos quais sentimentos, seja de pertencimento, de injustiças ou de engajamento em lutas, são formulados, ajustados, reajustados e compartilhados. Dessa forma, outras vias de articulação política podem emergir como particularmente importantes para as lutas dos quilombolas, seja por meio do ajustamento interno, da auto-expressão, da visibilidade ou da constituição de redes mais amplas.
publishDate 2018
dc.date.issued.fl_str_mv 2018-06-18
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-08-10T03:19:39Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-08-10T03:19:39Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B9DHN6
url http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B9DHN6
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-B9DHN6/1/tese___janine_bargas___vers_o_final.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-B9DHN6/2/tese___janine_bargas___vers_o_final.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv fd07d87f4305a8754cc647a6c6593521
10807a4f6347f74b15f2edf5edd94ebb
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589204889829376