Das histórias de violências em uma empresa júnior à reprodução da ideologia da administração

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Renata de Almeida Bicalho Pinto
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9BGGMC
Resumo: O objetivo desta dissertação é analisar as violências vivenciadas pelos sujeitos durante o período de atuação em uma Empresa Júnior (EJ). Para tanto, resgatamos parte da literatura em Ciências Humanas e Sociais sobre violência e os seus correlatos processos de naturalização e banalização. Criticamos as abordagens que se sobrelevam no debate sobre violência, especificamente os trabalhos de Marie-France Hirigoyen e Pierre Bourdieu. Propusemos uma concepção de violência fundamentada em duas categorias: violência interpessoal e violênciasimbólica. Aventamos, então, com base na demarcação da violência simbólica, o seu arrolamento com o mundo administrado, a ideologia da administração e a participação das empresas juniores no processo formativo de graduandos. Apresentamos o objeto de pesquisa (a EJ) e discorremos sobre a epistemologia e a metodologia que nortearam a investigação. Demarcamos que o estudo empírico foi desenvolvido por meio de uma pesquisa qualitativa, galgada num estudo de caso desenvolvido por intermédio de vinte entrevistas de história oral e três entrevistas destinadas à contextualização histórica. Os resultados da pesquisa foram analisados por meio da abordagem hermenêutica-dialética, com vistas a uma crítica imanente do real em duas direções. Por um lado, as violências vivenciadas foram tomadas como particular e, por outro, a reprodução da ideologia da administração na formação dos administradores e economistas, como universal. Concluímos que, por intermédio das falsas projeção e identificação e da pseudo-individualidade, eles naturalizam as violências de que são vítimas e as difundem, seja na própria EJ ou em outro lócus de oficio. Destarte, crêem eles que o estabelecimento de violências é necessário para que o aprendizado ocorra, verdadeira e profundamente, pois tal tirocínio propicia o confrontamento prévio com a sua realidade profissional que é opressiva, em seus termos, por natureza. Mesmo quando não reproduzem tais violências, os graduandos e bacharéis compactuam com elas e as justificam pela mesma razão. O foco desvia-se da educação para a constituição de um sujeito pleno para a educação dele como mercadoria, que cede a sua própria liberdade por certo preço, em busca do acolhimento entre os socialmente eleitos.
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Apresentamos o objeto de pesquisa (a EJ) e discorremos sobre a epistemologia e a metodologia que nortearam a investigação. Demarcamos que o estudo empírico foi desenvolvido por meio de uma pesquisa qualitativa, galgada num estudo de caso desenvolvido por intermédio de vinte entrevistas de história oral e três entrevistas destinadas à contextualização histórica. Os resultados da pesquisa foram analisados por meio da abordagem hermenêutica-dialética, com vistas a uma crítica imanente do real em duas direções. Por um lado, as violências vivenciadas foram tomadas como particular e, por outro, a reprodução da ideologia da administração na formação dos administradores e economistas, como universal. Concluímos que, por intermédio das falsas projeção e identificação e da pseudo-individualidade, eles naturalizam as violências de que são vítimas e as difundem, seja na própria EJ ou em outro lócus de oficio. Destarte, crêem eles que o estabelecimento de violências é necessário para que o aprendizado ocorra, verdadeira e profundamente, pois tal tirocínio propicia o confrontamento prévio com a sua realidade profissional que é opressiva, em seus termos, por natureza. Mesmo quando não reproduzem tais violências, os graduandos e bacharéis compactuam com elas e as justificam pela mesma razão. O foco desvia-se da educação para a constituição de um sujeito pleno para a educação dele como mercadoria, que cede a sua própria liberdade por certo preço, em busca do acolhimento entre os socialmente eleitos.The objective of this dissertation is to analyze the forms of violence experienced by the students during the period at the Junior Enterprise (JE). Thus, we bring up the part of discussion about violence in Social and Human Sciences and the processes of naturalization and banalization. We criticize the more relevant approaches in the debate about violence, specially the works of Marie-France Hirigoyen and Pierre Bourdieu. We proposed a conception of violence based on two categories: interpersonal violence and symbolic violence. In the sequence, we expose the symbolic violence as the base of discussion and its relationship with the managed world, the ideology of the administration and the participation of the junior enterprises in the formative process of undergraduate students. We present the research object (the JE) and expose the epistemology and the methodology that had guided the inquiry. We demarcated that the empirical study was developed by means of a qualitative research, based in a study of case done through twenty interviews of verbal history and through three interviews destined to the historical contextualization. The results of thisresearch were analyzed by hermeneutics-dialectic approach, in search for an immanent critic of the reality in two directions. In one hand, the experienced violence was taken as particular and, in the other hand, the reproduction of the ideology of the administration in the formation of students at JE as universal. We conclude that, by intermediation of false projection, false identification and the pseudo-individuality, the students naturalize the violence of which they are victims and they spread out it either in the JE or in another place of work. Thus, they believe that the establishment of violence is necessary to the success of learning, truly and deeply, therefore this learning offers the previous experience before the professional reality that is naturally overwhelming. When they dont reproduce such forms of violence, the undergraduate students and the students already graduated consent with such violence, justifying it for the same reason. The focus is turned from the education for the constitution of a complete person for the education of himself as commodity. This student yields his/her proper freedom for certain price, in search of the shelter among the socially elected people.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGViolência no local de trabalhoEstudos organizacionaisAdministraçãoDesenvolvimento organizacionalIdeologia da administraçãoFormaçãoViolênciaEmpresa júniorDas histórias de violências em uma empresa júnior à reprodução da ideologia da administraçãoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdisserta__o_renata_de_almeida_bicalho_pinto.pdfapplication/pdf568754https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9BGGMC/1/disserta__o_renata_de_almeida_bicalho_pinto.pdf3adb33f8a46ea30d84cdd67da704eea7MD51TEXTdisserta__o_renata_de_almeida_bicalho_pinto.pdf.txtdisserta__o_renata_de_almeida_bicalho_pinto.pdf.txtExtracted texttext/plain0https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9BGGMC/2/disserta__o_renata_de_almeida_bicalho_pinto.pdf.txtd41d8cd98f00b204e9800998ecf8427eMD521843/BUBD-9BGGMC2019-11-14 17:10:09.262oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-9BGGMCRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T20:10:09Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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