Investigação fitoquímica e avaliação da potencial atividade tripanocida dos ramos finos de Fusaea longifólia (Aubl.) Saff. (Annonaceae)

• Autor(a) principal: Ferreira, Vinícius de Souza
• Data de Publicação: 2017
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Monografias da UFMT
• Texto Completo: http://bdm.ufmt.br/handle/1/1407
• topic: CNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::FARMACIA; Annonaceae; Fusaea longifólia; Diterpenos; Cauranos; Trypanosoma cruzi

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a doença de Chagas como uma doença negligenciada, sendo um problema de saúde no continente americano, causado pelo parasita Trypanosoma cruzi. Atualmente, para o tratamento desta doença somente dois fármacos são licenciados, o benzonidazol e o nifurtimox. Com o fato de não existirem vacinas para combater a doença e os fármacos disponíveis serem de elevado teor de toxicidade há uma necessidade nas buscas por novas substâncias ativas que combatam o parasita. Os produtos naturais são uma alternativa na busca de substâncias ativas, inclusive substâncias com atividade tripanocida. O objetivo deste trabalho foi avaliar a potencial atividade tripanocida dos extratos, frações e substâncias isoladas a partir dos ramos de Fusaea longifolia (Aubl.) Saff. (Annonaceae). Os ramos finos foram coletados no município de Sinop-MT, posteriormente secos e moído. Amostras testemunhas foram depositadas no Herbário Centro-Norte-MatoGrossense/UFMT/CUS. Os extratos foram obtidos por maceração, exaustiva, obedecendo a relação droga:solvente de 1:5 (m/v), utilizando hexano, acetato de etila e metanol sucessivamente. Os extratos hexânicos, acetato de etila e metanólico, obtidos após a evaporação dos solventes, as frações e as substâncias isoladas foram avaliados em relação a potencial atividade tripanocida contra as formas amastigotas intracelulares de Trypanosoma cruzi expressando β-galactosidase. Também foi avaliada a citotoxicidade destes extratos frente às células THP-1, através do ensaio colorimétrico com sal de tetrazólio. Para os extratos, frações ou substâncias isoladas ativos foram calculados os valores da Concentração Inibitória a 50 % (CI50), a Concentração Citotóxica a 50% (CC50) e o Índice de Seletividade (IS=CC50/CI50). O extrato hexânico dos ramos de F. longifólia mostrou-se ativo contra as formas amastigotas intracelulares de T. cruzi apresentando um valor de IS=18. Os demais extratos apresentaram baixos valores de inibição ou não inibiram o crescimento do parasito. Através do fracionamento cromatográfico do extrato hexânico obteve-se a substância T1 que apresentou atividade tripanocida com um valor de IS=75,64. Através do fracionamento cromatográfico da fração FH119 do extrato hexânico obtido em estudo anterior obteve-se a fração F10 e a substância T3 que apresentaram atividade tripanocida com um valore de IS igual a 8,47 e 97,27, respectivamente. As frações FH119 e F10 e as substâncias T1 e T3 que foram ativas contra as formas amastigotas de T. cruzi expressando β-galactosidase apresentaram a mesma substância terpênica quando analisadas por Cromatografia de camada delgada. As substâncias T1 e T3, presentes nos extratos hexânicos dos ramos de F. longifólia, são a mesma substância considerando as análises dos dados espectroscópicos por Ressonância Magnética Nuclear e foram identificadas como sendo um diterpeno da classe dos cauranos. Assim, o presente estudo resultou no isolamento de um diterpeno da classe dos cauranos que apresentou promissora e seletividade atividade tripanocida in vitro, o que o torna interessante candidato para testes contra o parasito in vivo.