Habitar no espectro: uma investigação acerca de espaços domésticos inclusivos a crianças com transtorno do espectro autista
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR |
Texto Completo: | https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/129143 |
Resumo: | O ambiente construído impacta diretamente no comportamento de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), facilitando ou limitando suas interações sociais e oportunidades de aprendizagem. Embora haja pesquisas internacionais sobre essa temática, no Brasil não há recomendações de projeto específicas para a concepção de ambientes inclusivos ao TEA. Em resposta a essa questão, a presente pesquisa objetivou identificar de que maneira as características físicas do ambiente doméstico influenciam o comportamento e o desenvolvimento psicoemocional, cognitivo e motor de crianças com TEA, do ponto de vista de seus pais e/ou cuidadores. Foram realizados três estudos. O primeiro estudo analisou a produção científica publicada sobre sugestões espaciais para a concepção de ambientes inclusivos a crianças com TEA. Realizou-se uma revisão integrativa da literatura, com o levantamento de estudos publicados em inglês entre 2011 e 2021, no Portal de Periódicos CAPES. Aplicados os critérios de exclusão, incluíram-se 22 artigos no escopo da revisão, e categorizaram-se seus resultados em cinco recomendações de projeto: legibilidade espacial; organização em compartimentos; zoneamento sensorial; diversidade de configurações espaciais; e segurança. Tais diretrizes subsidiaram a coleta e a análise de dados dos estudos posteriores. O segundo estudo consistiu em uma pesquisa mista, de abordagem descritiva e exploratória, que objetivou investigar a percepção de famílias brasileiras acerca da maneira pela qual as características físicas do ambiente doméstico influenciam no comportamento de crianças com TEA. Contou-se com amostra composta por 204 cuidadores de crianças com TEA, que responderam a um questionário on-line com perguntas fechadas e abertas, respectivamente analisadas por estatística descritiva e análise de conteúdo. Os resultados destacaram a necessidade, no espaço doméstico, de acesso à iluminação e ventilação natural, uso de estratégias de segurança, contato com áreas verdes, presença de espaços de armazenamento, e existência de áreas de escape para a autorregulação emocional da criança. O terceiro estudo, de abordagem qualitativa, descritiva e exploratória, possibilitou o aprofundamento da temática abordada no estudo anterior, objetivando a descrição das principais dificuldades físicas e emocionais enfrentadas em decorrência das inadequações do ambiente doméstico, assim como das modificações físicas empreendidas pelos cuidadores para promover maior adequação da casa às necessidades de suas crianças. Nesse estudo, participaram 10 cuidadores de crianças com TEA residentes no estado do Ceará, e foram realizados questionários, entrevistas semiestruturadas e registros fotográficos de diferentes cômodos do ambiente doméstico. Os participantes relataram como principais dificuldades o medo relativo à preservação da integridade física da criança, a ocorrência de episódios de crise advindos de quadros de sobrecarga sensorial, a falta de autonomia da criança na realização de atividades instrumentais cotidianas, e a ausência de oportunidades de estimulação sensorial. As principais modificações objetivaram proporcionar maior segurança, legibilidade, 9 organização, controle e estimulação sensorial ao espaço da casa. Observou-se concordância entre a maioria das diretrizes espaciais citadas pelos participantes dos estudos empíricos com os achados da literatura internacional. Concluiu-se que os dados coletados e analisados podem orientar recomendações para a concepção de ambientes domésticos inclusivos, contribuindo para o avanço de políticas públicas nacionais de acessibilidade a pessoas com deficiência. Palavras-chave: Transtorno do Espectro Autista; Ambiente Construído; Psicologia Ambiental; Alterações Sensoriais; Acessibilidade Arquitetônica. |
id |
UFOR_94c4ce0553cb2bd4fdb50051d0f8ba7a |
---|---|
oai_identifier_str |
oai::129143 |
network_acronym_str |
UFOR |
network_name_str |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR |
repository_id_str |
|
spelling |
Habitar no espectro: uma investigação acerca de espaços domésticos inclusivos a crianças com transtorno do espectro autistaAutismoPsicologia ambientalO ambiente construído impacta diretamente no comportamento de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), facilitando ou limitando suas interações sociais e oportunidades de aprendizagem. Embora haja pesquisas internacionais sobre essa temática, no Brasil não há recomendações de projeto específicas para a concepção de ambientes inclusivos ao TEA. Em resposta a essa questão, a presente pesquisa objetivou identificar de que maneira as características físicas do ambiente doméstico influenciam o comportamento e o desenvolvimento psicoemocional, cognitivo e motor de crianças com TEA, do ponto de vista de seus pais e/ou cuidadores. Foram realizados três estudos. O primeiro estudo analisou a produção científica publicada sobre sugestões espaciais para a concepção de ambientes inclusivos a crianças com TEA. Realizou-se uma revisão integrativa da literatura, com o levantamento de estudos publicados em inglês entre 2011 e 2021, no Portal de Periódicos CAPES. Aplicados os critérios de exclusão, incluíram-se 22 artigos no escopo da revisão, e categorizaram-se seus resultados em cinco recomendações de projeto: legibilidade espacial; organização em compartimentos; zoneamento sensorial; diversidade de configurações espaciais; e segurança. Tais diretrizes subsidiaram a coleta e a análise de dados dos estudos posteriores. O segundo estudo consistiu em uma pesquisa mista, de abordagem descritiva e exploratória, que objetivou investigar a percepção de famílias brasileiras acerca da maneira pela qual as características físicas do ambiente doméstico influenciam no comportamento de crianças com TEA. Contou-se com amostra composta por 204 cuidadores de crianças com TEA, que responderam a um questionário on-line com perguntas fechadas e abertas, respectivamente analisadas por estatística descritiva e análise de conteúdo. Os resultados destacaram a necessidade, no espaço doméstico, de acesso à iluminação e ventilação natural, uso de estratégias de segurança, contato com áreas verdes, presença de espaços de armazenamento, e existência de áreas de escape para a autorregulação emocional da criança. O terceiro estudo, de abordagem qualitativa, descritiva e exploratória, possibilitou o aprofundamento da temática abordada no estudo anterior, objetivando a descrição das principais dificuldades físicas e emocionais enfrentadas em decorrência das inadequações do ambiente doméstico, assim como das modificações físicas empreendidas pelos cuidadores para promover maior adequação da casa às necessidades de suas crianças. Nesse estudo, participaram 10 cuidadores de crianças com TEA residentes no estado do Ceará, e foram realizados questionários, entrevistas semiestruturadas e registros fotográficos de diferentes cômodos do ambiente doméstico. Os participantes relataram como principais dificuldades o medo relativo à preservação da integridade física da criança, a ocorrência de episódios de crise advindos de quadros de sobrecarga sensorial, a falta de autonomia da criança na realização de atividades instrumentais cotidianas, e a ausência de oportunidades de estimulação sensorial. As principais modificações objetivaram proporcionar maior segurança, legibilidade, 9 organização, controle e estimulação sensorial ao espaço da casa. Observou-se concordância entre a maioria das diretrizes espaciais citadas pelos participantes dos estudos empíricos com os achados da literatura internacional. Concluiu-se que os dados coletados e analisados podem orientar recomendações para a concepção de ambientes domésticos inclusivos, contribuindo para o avanço de políticas públicas nacionais de acessibilidade a pessoas com deficiência. Palavras-chave: Transtorno do Espectro Autista; Ambiente Construído; Psicologia Ambiental; Alterações Sensoriais; Acessibilidade Arquitetônica.The built environment impacts directly on the behavior of children with autism spectrum disorder (ASD) making it easier or restricting their social interactions and learning opportunities. Although there is international research on this topic, in Brazil, there are no specific architectural guidelines for inclusive environments concerning people with ASD. Thus, this research project has a goal to identify in which manner the physical characteristics of domestic environments influence the psycho-emotional, cognitive, and motor behavior and development of children with ASD, as far as their parents/caregivers are concerned. This research has included three studies to deal with this question. In the first one, a comprehensive review was made on scientific publications, sorting out the ones which presented suggestions for the conception of inclusive environments for children with ASD. It was accomplished an integrative literature review on CAPES Portal (Portal de Periódicos CAPES) and all related publications in English, between 2011 and 2021, were analyzed. After applying an exclusion criterion, 22 papers were singled out and they were categorized into five project recommendations: spatial legibility; compartment organization; sensory zone distribution; diversity of spatial configurations; and security. Those guidelines made for data collection and analysis for the following studies. In the second study it was carried out a both exploratory and descriptive research to prospect how Brazilian families perceive the influence of the physical home environment on ASD children¿s behavior. A sampler of 204 parents and/or caregivers answered an on-line questionnaire containing both closed and open questions which were processed by using respectively descriptive statistics and content analysis. The results mainly highlighted the need to provide the domestic space with access to natural lighting and ventilation; safety strategies design; contact with green areas; usage of storage spaces; and escape areas for the child's emotional self-regulation. In the third study a qualitative, descriptive and exploratory approach was used to explore deeper the questions of the previous study, which made it possible to obtain the descriptions of the main both emotional and physical difficulties faced by children with ASD by virtue of the non-conformities presented in the domestic environment; in addition, the study has made it possible to obtain the approaches carried out by parents/caregivers to promote a better conformity to the children¿s needs. Ten caregivers have taken part of that study, all of them living in Ceará (Brazil), and they were invited not only to answer questionaries and semi-structured interviews but also to produce photographic records of different areas of the domestic space. The main difficulties listed by caregivers included: fear due to their responsibility to preserve the children¿s physical integrity; the occurrence of children¿s crisis as result of sensory overcharge; children¿s lack of autonomy as concerns to their instrumental daily activities; and children¿s lack of sensory stimulation opportunities. The main changes carried out by caregivers in the domestic space had as a goal to improve the children¿s domestic environment by providing a higher degree of 11 safety; security; legibility; organization; and sensory control and stimulation in the domestic space. The results of that empiric study have showed that most of the spatial guidelines quoted by caregivers are in line with the findings produced by international literature concerning that question. As a result, it is possible to conclude that the data collected and analyzed can be used as guidelines for the conception of inclusive environments, thus contributing to the advancement of national public policies for accessibility to people with disabilities. Keywords: Autism Spectrum Disorder; Built Environment; Environmental Psychology; Sensory Disorders; Architectural Accessibility.Dissertação enviada com autorização e certificação via CI 2352/23 em 13/01/2023Ferreira, Karla Patricia MartinsLins, Cynthia de Freitas MeloElali, Gleice Virginia Medeiros de AzambujaUniversidade de Fortaleza. Programa de Pós-Graduação em PsicologiaCastro, Mariana Ribeiro de2022info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdf209f.https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/129143https://uol.unifor.br/auth-sophia/exibicao/27782porreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFORinstname:Universidade de Fortaleza (UNIFOR)instacron:UNIFORinfo:eu-repo/semantics/openAccess2024-06-19T11:51:29Zoai::129143Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://www.unifor.br/bdtdONGhttp://dspace.unifor.br/oai/requestbib@unifor.br||bib@unifor.bropendoar:2024-06-19T11:51:29Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR - Universidade de Fortaleza (UNIFOR)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
Habitar no espectro: uma investigação acerca de espaços domésticos inclusivos a crianças com transtorno do espectro autista |
title |
Habitar no espectro: uma investigação acerca de espaços domésticos inclusivos a crianças com transtorno do espectro autista |
spellingShingle |
Habitar no espectro: uma investigação acerca de espaços domésticos inclusivos a crianças com transtorno do espectro autista Castro, Mariana Ribeiro de Autismo Psicologia ambiental |
title_short |
Habitar no espectro: uma investigação acerca de espaços domésticos inclusivos a crianças com transtorno do espectro autista |
title_full |
Habitar no espectro: uma investigação acerca de espaços domésticos inclusivos a crianças com transtorno do espectro autista |
title_fullStr |
Habitar no espectro: uma investigação acerca de espaços domésticos inclusivos a crianças com transtorno do espectro autista |
title_full_unstemmed |
Habitar no espectro: uma investigação acerca de espaços domésticos inclusivos a crianças com transtorno do espectro autista |
title_sort |
Habitar no espectro: uma investigação acerca de espaços domésticos inclusivos a crianças com transtorno do espectro autista |
author |
Castro, Mariana Ribeiro de |
author_facet |
Castro, Mariana Ribeiro de |
author_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
Ferreira, Karla Patricia Martins Lins, Cynthia de Freitas Melo Elali, Gleice Virginia Medeiros de Azambuja Universidade de Fortaleza. Programa de Pós-Graduação em Psicologia |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Castro, Mariana Ribeiro de |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Autismo Psicologia ambiental |
topic |
Autismo Psicologia ambiental |
description |
O ambiente construído impacta diretamente no comportamento de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), facilitando ou limitando suas interações sociais e oportunidades de aprendizagem. Embora haja pesquisas internacionais sobre essa temática, no Brasil não há recomendações de projeto específicas para a concepção de ambientes inclusivos ao TEA. Em resposta a essa questão, a presente pesquisa objetivou identificar de que maneira as características físicas do ambiente doméstico influenciam o comportamento e o desenvolvimento psicoemocional, cognitivo e motor de crianças com TEA, do ponto de vista de seus pais e/ou cuidadores. Foram realizados três estudos. O primeiro estudo analisou a produção científica publicada sobre sugestões espaciais para a concepção de ambientes inclusivos a crianças com TEA. Realizou-se uma revisão integrativa da literatura, com o levantamento de estudos publicados em inglês entre 2011 e 2021, no Portal de Periódicos CAPES. Aplicados os critérios de exclusão, incluíram-se 22 artigos no escopo da revisão, e categorizaram-se seus resultados em cinco recomendações de projeto: legibilidade espacial; organização em compartimentos; zoneamento sensorial; diversidade de configurações espaciais; e segurança. Tais diretrizes subsidiaram a coleta e a análise de dados dos estudos posteriores. O segundo estudo consistiu em uma pesquisa mista, de abordagem descritiva e exploratória, que objetivou investigar a percepção de famílias brasileiras acerca da maneira pela qual as características físicas do ambiente doméstico influenciam no comportamento de crianças com TEA. Contou-se com amostra composta por 204 cuidadores de crianças com TEA, que responderam a um questionário on-line com perguntas fechadas e abertas, respectivamente analisadas por estatística descritiva e análise de conteúdo. Os resultados destacaram a necessidade, no espaço doméstico, de acesso à iluminação e ventilação natural, uso de estratégias de segurança, contato com áreas verdes, presença de espaços de armazenamento, e existência de áreas de escape para a autorregulação emocional da criança. O terceiro estudo, de abordagem qualitativa, descritiva e exploratória, possibilitou o aprofundamento da temática abordada no estudo anterior, objetivando a descrição das principais dificuldades físicas e emocionais enfrentadas em decorrência das inadequações do ambiente doméstico, assim como das modificações físicas empreendidas pelos cuidadores para promover maior adequação da casa às necessidades de suas crianças. Nesse estudo, participaram 10 cuidadores de crianças com TEA residentes no estado do Ceará, e foram realizados questionários, entrevistas semiestruturadas e registros fotográficos de diferentes cômodos do ambiente doméstico. Os participantes relataram como principais dificuldades o medo relativo à preservação da integridade física da criança, a ocorrência de episódios de crise advindos de quadros de sobrecarga sensorial, a falta de autonomia da criança na realização de atividades instrumentais cotidianas, e a ausência de oportunidades de estimulação sensorial. As principais modificações objetivaram proporcionar maior segurança, legibilidade, 9 organização, controle e estimulação sensorial ao espaço da casa. Observou-se concordância entre a maioria das diretrizes espaciais citadas pelos participantes dos estudos empíricos com os achados da literatura internacional. Concluiu-se que os dados coletados e analisados podem orientar recomendações para a concepção de ambientes domésticos inclusivos, contribuindo para o avanço de políticas públicas nacionais de acessibilidade a pessoas com deficiência. Palavras-chave: Transtorno do Espectro Autista; Ambiente Construído; Psicologia Ambiental; Alterações Sensoriais; Acessibilidade Arquitetônica. |
publishDate |
2022 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2022 |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/masterThesis |
format |
masterThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/129143 |
url |
https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/129143 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
https://uol.unifor.br/auth-sophia/exibicao/27782 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf 209f. |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR instname:Universidade de Fortaleza (UNIFOR) instacron:UNIFOR |
instname_str |
Universidade de Fortaleza (UNIFOR) |
instacron_str |
UNIFOR |
institution |
UNIFOR |
reponame_str |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR |
collection |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR |
repository.name.fl_str_mv |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR - Universidade de Fortaleza (UNIFOR) |
repository.mail.fl_str_mv |
bib@unifor.br||bib@unifor.br |
_version_ |
1822239285324021760 |