Leitura e semiótica: uma análise acerca dos marcadores sociais da diferença e imagens de controle em livros didáticos de língua portuguesa

• Autor(a) principal: Duarte, Fabíola Jerônimo
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFPB
• Texto Completo: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/27055
• topic: CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LINGUISTICA::TEORIA E ANALISE LINGUISTICA; Língua portuguesa - Racismo; Língua portuguesa - Marcadores sociais; Materiais didáticos - Racismo; Racismo - Imagens de controle; Portuguese language - Racism; Portuguese language - Social markers; Teaching materials - Racism; Racism - Control Images

Ao reconhecermos que estamos vivenciando uma propagação massificada de signos, inclusive em contextos educacionais e que, em muitos casos, objetivam construir sentidos que reforçam as diferenças entre os sujeitos, principalmente quando estas diferenças são operacionalizadas sobre a raça, propomos investigar a presença de marcadores sociais da diferença e Imagens de controle na coleção de Língua Portuguesa “Tecendo linguagens” proposta para o Ensino Fundamental II. Como objetivo central, analisamos como estes marcadores sociais da diferença e Imagens de controle articulam discursos implícitos e explícitos no material em estudo e que contribuem para a estruturação do racismo no contexto educacional, ao mesmo tempo em que verificamos como uma abordagem semiótica destes discursos pode contribuir para o desenvolvimento de uma leitura crítica. No tocante a metodologia, por tratar-se de um estudo voltado para a educação, optamos por realizar uma pesquisa de base qualitativa e método indutivo. A pesquisa-ação foi elaborada para uma turma de 9° ano do Ensino Fundamental II da Escola Estadual Profa. Ocila Bezerril, que está localizada na cidade de Montanhas-RN. Nossa intervenção consistiu na aplicação de sequências didáticas pautadas em uma abordagem semiótica (semiótica peirceana). Concernente à base teórica, a pesquisa ancora-se nas considerações de Santaella (2000, 2002, 2005, 2007), acerca da semiótica; Collins (2009), Bueno (2020) e hooks (2019), sobre o conceito de Imagens de controle e as opressões operacionalizadas em relação as pessoas negras. No tocante aos marcadores sociais da diferença, utilizamos as contribuições de Hirano (2009) e Zamboni (2009), e Hall (2003, 2016) sobre a linguagem como meio de construção de diferenças por influência da cultura. Por fim, como resultado de nossa pesquisa, constatamos que, através do estudo da coleção “Tecendo Linguagens”, os materiais didáticos favorecem à lógica de dominação de grupos que historicamente e culturalmente se utilizam dos processos de desvalorização sobre o outro, para fortalecerem as distinções entre os sujeitos e a construção de uma estrutura social em que aqueles que são subjugados passam a ter suas vidas e identidades reguladas. Assim, a abordagem semiótica de tais marcadores sociais e Imagens de controle contribuiu significativamente para a compreensão de como os significados que construímos, assim como as nossas identidades são performadas pelo meio social, principalmente, pelo próprio contexto educacional. Portanto, observamos que a ação que propomos foi apenas uma fresta de resistência que abrimos contra uma imensidão de conotações intencionalmente formuladas para cessar toda e qualquer frente de recolocação social sobre a raça. Conotações que sabemos se que estendem para além dos contextos educacionais, mas que através dos conhecimentos que advêm destes espaços, poderão ser minoradas e futuramente desarticuladas.