Fatores associados ao óbito de pacientes oncopediátricos no Brasil: uma análise a partir dos registros hospitalares de câncer
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFPB |
Texto Completo: | https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/27964 |
Resumo: | O câncer constitui o principal motivo de morte por doença na faixa etária entre um e dezenove anos no Brasil. Destaca-se a necessidade de uma maior compreensão dos registros de óbitos por câncer pediátrico no país a fim de otimizar estratégias de saúde nesse segmento. O objetivo deste estudo foi avaliar os possíveis fatores associados à mortalidade de crianças e adolescentes por câncer no Brasil. Trata- se de um estudo transversal com dados secundários por meio de análise dos Registros Hospitalares de Câncer (RHC), cuja população foi constituída por pacientes de 0 a 19 anos, de ambos os sexos, diagnosticados com neoplasias malignas, no período de 2000 a 2019. Do total de 46.526 casos, foram excluídos os que ultrapassaram 365 dias para início do tratamento após a data do diagnóstico e os que apresentavam perda de informações em relação às variáveis de interesse. Após aplicação dos critérios de elegibilidade, foram analisados descritiva e inferencialmente 31.954 casos por meio de regressões logísticas (α=5%). Foi delineado um modelo estatístico para cada um dos 15 tipos histológicos analisados. Os casos de óbito representaram 22,8% (n=7.288) da amostra. Observou-se maior prevalência de óbito em indivíduos do sexo masculino (56,97%), da faixa etária de 0 a 4 anos (32,17%), autodeclarados como pardos (53,89%), residentes na região Nordeste (38,57%), com tumores sólidos (53,13%), encaminhados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) (88,64%), tratados na clínica de Pediatria Oncológica (44,16%) e de tipo histológico leucemia linfoblástica ou linfóide (28,96%). Os pacientes portadores de leucemia linfoblástica ou linfóide apresentaram menores chances de evolução ao óbito quando não encaminhados pelo SUS (OR=0,93) e residentes nas regiões Nordeste (OR=0,96), Centro-Oeste (OR=0,90) e Sul do país (OR=0,91), enquanto suas chances de óbito aumentaram nas faixas etárias de 10 a 14 anos (OR=1,09) e 15 a 19 anos (OR=1,21), quando tratados nas clínicas de Oncologia Clínica (OR=1,06) e Hematologia Clínica (OR=1,03) e com mais de um tumor (OR=1,15). As crianças e adolescentes com nefroblastoma apresentaram menores chances de evoluírem ao óbito quando não encaminhados pelo SUS (OR=0,90) e residentes da região Sul do país (OR=0,92), e suas chances aumentaram quando apresentaram mais de um tumor (OR=1,31). Os portadores de sarcoma de Ewing apresentaram menor chance de óbito quando tratados na clínica de Radioterapia (OR = 0,69) e maiores chances nas faixas etárias de 10 a 14 anos (OR=1,16) e 15 a 19 anos (OR=1,17), enquanto os pacientes com tumores de células germinativas, tumores trofoblásticos e neoplasias de gônadas apresentaram menores chances quando residentes da região Sul do país (OR=0,91) e quando tratados na clínica de Radioterapia (OR=0,94). As chances de óbito foram menores para os portadores de glioma maligno (OR=0,84) e astrocitoma (OR=0,86) quando não encaminhados pelo SUS e para aqueles com neuroblastoma (OR=0,86), retinoblastoma (OR=0,78), quando residentes na região Sul do país. Ademais, foi observado que indivíduos com meduloblastoma com mais de um tumor apresentaram maior chance de evoluírem ao óbito (OR=1,77). A faixa etária, a região de residência e a origem do encaminhamento foram os fatores mais frequentemente associados à mortalidade de crianças e adolescentes por câncer no Brasil, com variações importantes de acordo com os tipos histológicos das neoplasias. |
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2023-08-22T12:55:16Z2024-03-052023-08-22T12:55:16Z2023-01-27https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/27964O câncer constitui o principal motivo de morte por doença na faixa etária entre um e dezenove anos no Brasil. Destaca-se a necessidade de uma maior compreensão dos registros de óbitos por câncer pediátrico no país a fim de otimizar estratégias de saúde nesse segmento. O objetivo deste estudo foi avaliar os possíveis fatores associados à mortalidade de crianças e adolescentes por câncer no Brasil. Trata- se de um estudo transversal com dados secundários por meio de análise dos Registros Hospitalares de Câncer (RHC), cuja população foi constituída por pacientes de 0 a 19 anos, de ambos os sexos, diagnosticados com neoplasias malignas, no período de 2000 a 2019. Do total de 46.526 casos, foram excluídos os que ultrapassaram 365 dias para início do tratamento após a data do diagnóstico e os que apresentavam perda de informações em relação às variáveis de interesse. Após aplicação dos critérios de elegibilidade, foram analisados descritiva e inferencialmente 31.954 casos por meio de regressões logísticas (α=5%). Foi delineado um modelo estatístico para cada um dos 15 tipos histológicos analisados. Os casos de óbito representaram 22,8% (n=7.288) da amostra. Observou-se maior prevalência de óbito em indivíduos do sexo masculino (56,97%), da faixa etária de 0 a 4 anos (32,17%), autodeclarados como pardos (53,89%), residentes na região Nordeste (38,57%), com tumores sólidos (53,13%), encaminhados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) (88,64%), tratados na clínica de Pediatria Oncológica (44,16%) e de tipo histológico leucemia linfoblástica ou linfóide (28,96%). 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Os portadores de sarcoma de Ewing apresentaram menor chance de óbito quando tratados na clínica de Radioterapia (OR = 0,69) e maiores chances nas faixas etárias de 10 a 14 anos (OR=1,16) e 15 a 19 anos (OR=1,17), enquanto os pacientes com tumores de células germinativas, tumores trofoblásticos e neoplasias de gônadas apresentaram menores chances quando residentes da região Sul do país (OR=0,91) e quando tratados na clínica de Radioterapia (OR=0,94). As chances de óbito foram menores para os portadores de glioma maligno (OR=0,84) e astrocitoma (OR=0,86) quando não encaminhados pelo SUS e para aqueles com neuroblastoma (OR=0,86), retinoblastoma (OR=0,78), quando residentes na região Sul do país. Ademais, foi observado que indivíduos com meduloblastoma com mais de um tumor apresentaram maior chance de evoluírem ao óbito (OR=1,77). A faixa etária, a região de residência e a origem do encaminhamento foram os fatores mais frequentemente associados à mortalidade de crianças e adolescentes por câncer no Brasil, com variações importantes de acordo com os tipos histológicos das neoplasias.Cancer is the main cause of death from disease in the age group between one and nineteen years old in Brazil. The need for a greater understanding of death records from pediatric cancer in the country is highlighted in order to optimize health strategies in this segment. The objective of this study was to evaluate the possible factors associated with the mortality of children and adolescents due to cancer in Brazil. This is a cross-sectional study with secondary data through the analysis of cancer electronic health records (EHRs), whose population consisted of patients aged 0 to 19 years, of both sexes, diagnosed with malignant neoplasms, in the period from 2000 to 2019. Of the total of 46,526 cases, those that exceeded 365 days to start treatment after the date of diagnosis and those that presented loss of information regarding the variables of interest were excluded. After applying the eligibility criteria, 31,954 cases were descriptively and inferentially analyzed using logistic regressions (α=5%). A statistical model was designed for each of the 15 histological types analyzed. Death cases accounted for 22.8% (n=7,288) of the sample. There was a higher prevalence of death in males (56.97%), aged 0 to 4 years (32.17%), self-declared as brown (53.89%), living in the Northeast region (38 .57%), with solid tumors (53.13%), referred by the Sistema Único de Saúde (SUS) [Brazilian public health system] (88.64%), treated at the Oncology Pediatrics clinic (44.16%) and histological type lymphoblastic leukemia or lymphoid (28.96%). Patients with lymphoblastic or lymphoid leukemia were less likely to progress to death when not referred by the SUS (OR=0.93) and residing in the Northeast (OR=0.96), Midwest (OR=0.90) regions. and South of the country (OR=0.91), while their chances of death increased in the age groups of 10 to 14 years (OR=1.09) and 15 to 19 years (OR=1.21), when treated in clinics Clinical Oncology (OR=1.06) and Clinical Hematology (OR=1.03) and with more than one tumor (OR=1.15). Children and teenagers with nephroblastoma were less likely to die when not referred by the SUS (OR=0.90) and residents of the southern region of the country (OR=0.92), and their chances increased when they had more than one tumor (OR=1.31). Patients with Ewing's sarcoma had a lower chance of death when treated at the Radiotherapy clinic (OR = 0.69) and higher chances in the age groups 10 to 14 years (OR=1.16) and 15 to 19 years (OR= 1.17), while patients with germ cell tumors, trophoblastic tumors and gonad neoplasms were less likely when living in the southern region of the country (OR=0.91) and when treated at the radiotherapy clinic (OR=0.94). The chances of death were lower for patients with malignant glioma (OR=0.84) and astrocytoma (OR=0.86) when not referred by the SUS and for those with neuroblastoma (OR=0.86), retinoblastoma (OR= 0.78), when residing in the southern region of the country. Furthermore, it was observed that individuals with medulloblastoma with more than one tumor were more likely to die (OR=1.77). Age group, region of residence and origin of referral were the factors most frequently associated with mortality of children and adolescents from cancer in Brazil, with important variations according to the histological types of neoplasms.Submitted by Fernando Augusto Alves Vieira (fernandovieira@biblioteca.ufpb.br) on 2023-08-22T12:55:16Z No. of bitstreams: 2 license_rdf: 805 bytes, checksum: c4c98de35c20c53220c07884f4def27c (MD5) AnaBeatrizRodriguesMoura_Dissert.pdf: 1442309 bytes, checksum: 75f79bd838773dc33f7420fa48ff24d4 (MD5)Made available in DSpace on 2023-08-22T12:55:16Z (GMT). No. of bitstreams: 2 license_rdf: 805 bytes, checksum: c4c98de35c20c53220c07884f4def27c (MD5) AnaBeatrizRodriguesMoura_Dissert.pdf: 1442309 bytes, checksum: 75f79bd838773dc33f7420fa48ff24d4 (MD5) Previous issue date: 2023-01-27Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPESporUniversidade Federal da ParaíbaPrograma de Pós-Graduação em OdontologiaUFPBBrasilOdontologiaAttribution-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/embargoedAccessCNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::ODONTOLOGIAOncologia pediátricaPediatriaÓbitoRegistros hospitalaresHospitais oncológicosPediatric oncologyDeathHospital recordsOncological hospitalsFatores associados ao óbito de pacientes oncopediátricos no Brasil: uma análise a partir dos registros hospitalares de câncerFactors associated with the death of oncopediatric patients in Brazil: an analysis based on hospital cancer recordsinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisSousa, Simone Alves dehttp://lattes.cnpq.br/849940482650328206145588322http://lattes.cnpq.br/4414698279460297Moura, Ana Beatriz Rodriguesreponame:Repositório Institucional da UFPBinstname:Universidade Federal da Paraíba (UFPB)instacron:UFPBTEXTAnaBeatrizRodriguesMoura_Dissert.pdf.txtAnaBeatrizRodriguesMoura_Dissert.pdf.txtExtracted texttext/plain92858https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/27964/4/AnaBeatrizRodriguesMoura_Dissert.pdf.txtf68af692d1ac8f9bfb4a72ca0912854cMD54LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; 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O câncer constitui o principal motivo de morte por doença na faixa etária entre um e dezenove anos no Brasil. Destaca-se a necessidade de uma maior compreensão dos registros de óbitos por câncer pediátrico no país a fim de otimizar estratégias de saúde nesse segmento. O objetivo deste estudo foi avaliar os possíveis fatores associados à mortalidade de crianças e adolescentes por câncer no Brasil. Trata- se de um estudo transversal com dados secundários por meio de análise dos Registros Hospitalares de Câncer (RHC), cuja população foi constituída por pacientes de 0 a 19 anos, de ambos os sexos, diagnosticados com neoplasias malignas, no período de 2000 a 2019. Do total de 46.526 casos, foram excluídos os que ultrapassaram 365 dias para início do tratamento após a data do diagnóstico e os que apresentavam perda de informações em relação às variáveis de interesse. Após aplicação dos critérios de elegibilidade, foram analisados descritiva e inferencialmente 31.954 casos por meio de regressões logísticas (α=5%). Foi delineado um modelo estatístico para cada um dos 15 tipos histológicos analisados. Os casos de óbito representaram 22,8% (n=7.288) da amostra. Observou-se maior prevalência de óbito em indivíduos do sexo masculino (56,97%), da faixa etária de 0 a 4 anos (32,17%), autodeclarados como pardos (53,89%), residentes na região Nordeste (38,57%), com tumores sólidos (53,13%), encaminhados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) (88,64%), tratados na clínica de Pediatria Oncológica (44,16%) e de tipo histológico leucemia linfoblástica ou linfóide (28,96%). Os pacientes portadores de leucemia linfoblástica ou linfóide apresentaram menores chances de evolução ao óbito quando não encaminhados pelo SUS (OR=0,93) e residentes nas regiões Nordeste (OR=0,96), Centro-Oeste (OR=0,90) e Sul do país (OR=0,91), enquanto suas chances de óbito aumentaram nas faixas etárias de 10 a 14 anos (OR=1,09) e 15 a 19 anos (OR=1,21), quando tratados nas clínicas de Oncologia Clínica (OR=1,06) e Hematologia Clínica (OR=1,03) e com mais de um tumor (OR=1,15). As crianças e adolescentes com nefroblastoma apresentaram menores chances de evoluírem ao óbito quando não encaminhados pelo SUS (OR=0,90) e residentes da região Sul do país (OR=0,92), e suas chances aumentaram quando apresentaram mais de um tumor (OR=1,31). Os portadores de sarcoma de Ewing apresentaram menor chance de óbito quando tratados na clínica de Radioterapia (OR = 0,69) e maiores chances nas faixas etárias de 10 a 14 anos (OR=1,16) e 15 a 19 anos (OR=1,17), enquanto os pacientes com tumores de células germinativas, tumores trofoblásticos e neoplasias de gônadas apresentaram menores chances quando residentes da região Sul do país (OR=0,91) e quando tratados na clínica de Radioterapia (OR=0,94). As chances de óbito foram menores para os portadores de glioma maligno (OR=0,84) e astrocitoma (OR=0,86) quando não encaminhados pelo SUS e para aqueles com neuroblastoma (OR=0,86), retinoblastoma (OR=0,78), quando residentes na região Sul do país. Ademais, foi observado que indivíduos com meduloblastoma com mais de um tumor apresentaram maior chance de evoluírem ao óbito (OR=1,77). A faixa etária, a região de residência e a origem do encaminhamento foram os fatores mais frequentemente associados à mortalidade de crianças e adolescentes por câncer no Brasil, com variações importantes de acordo com os tipos histológicos das neoplasias. |
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