Demanda domiciliar por alimentos ultraprocessados no Brasil: uma análise dos dados da POF 2017-2018

• Autor(a) principal: Moura, Marielly Marie da Silva
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFPB
• Texto Completo: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/27464
• topic: CNPQ::CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS::ECONOMIA; Saúde pública - Economia; Alimentos ultraprocessados; Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF; Modelo Quaids

O aumento nas vendas, e, consequentemente no consumo de alimentos ultraprocessados vêm ganhando destaque na agenda internacional de debates sobre saúde pública e economia. Especificadamente em virtude de associações entre o consumo desses alimentos e aumentos na prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, tais como obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, câncer gástrico entre outras (OPAS, 2018). No contexto econômico essas doenças geram custos para sociedades e governos, que podem ser medidos em termos de perdas de produtividade no trabalho, mortalidade prematura e gastos com assistência médica e hospitalar (COLDITIZ, 1992). Diante disso, este estudo tem como objetivo analisar a demanda dos domicílios brasileiros por alimentos ultraprocessados, a partir do uso dos microdados da nova Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2017-2018). Para tanto estimou-se um sistema de demanda com quinze grupos de alimentos, através do procedimento de estimação em duas etapas proposto por Shonkwiller e Yen (1999). A abordagem utilizada foi o Quadratic Ideal Demand System (Quaids) com ajustamento para possíveis problemas econométricos. No primeiro estágio, através do modelo probit foram estimadas equações que permitiram verificar quais fatores influenciam nas decisões do domicílio adquirir ou não determinado alimento. No segundo estágio, a partir das elasticidades-preço e elasticidades-dispêndio (proxy para renda), foi possível analisar a sensibilidade da demanda pelos grupos de alimentos. Quanto ao dispêndio total, constatou-se que a sensibilidade da demanda por ultraprocessados é crescente com o nível de renda domiciliar per capita, um exemplo seria para produtos do grupo “biscoitos doces e salgados”, onde o valor da elasticidade-dispêndio para os domicílios situados no nível inferior de renda per capita é de (0,33), enquanto que para os domicílios da classe superior esse valor é de (0,61). Logo, a elasticidade para a demanda por biscoitos do último quartil de renda é 84,8% maior do que a observada no primeiro quartil. Em termos regionais, observou-se que “queijos, frios e embutidos” são mais sensíveis a variações no dispêndio total nas regiões Norte e Nordeste, “bolos e doces em geral” na região Sudeste, e “pães industrializados” para as regiões Norte e Sul. Além disso, em relação aos preços a demanda dos domicílios brasileiros se mostrou elástica para quase todos os grupos de produtos da categoria de ultraprocessados. Assim, para efeitos de política que vise desestimular o consumo desses alimentos, os resultados sugerem que aumentos nos preços dos alimentos dessa categoria levaria à uma redução na quantidade demandada proporcionalmente maior do que o aumento dos preços.