Julgamento moral e argumentação : uma abordagem dialógica aos processos do desenvolvimento da moralidade

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pinho Souto, Ricardo
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
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Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/8356
Resumo: O presente trabalho investigou a constituição do julgamento moral e do desenvolvimento moral em adolescentes submetidos à medida sócio-educativa. Situado no eixo linguagemcognição, o objetivo principal da pesquisa foi relacionar processos de construção social de conhecimentos no terreno moral com a argumentação, entendida como prática social. Considerando a questão moral como problema desde os primeiros momentos da tradição do pensamento filosófico, a atual investigação aborda a temática sob o prisma psicológico. Nesse percurso, questões da ordem do desenvolvimento humano tornam-se centrais. Os problemas desenvolvimentistas acerca da moral foram pioneiramente investigados por Jean Piaget. Foi realizada revisão na teoria do desenvolvimento moral piagetiana. Em Piaget, aspectos teóricos, metodológicos e analíticos mostraram-se relevantes para a presente tese. Piaget pesquisa o desenvolvimento moral utilizando, entre outros recursos, respostas oferecidas por crianças frente a dilemas morais. Piaget: encontra três estágios morais principais: a) anomia moral; b) heteronomia moral; e c) autonomia moral. Na esteira do pensamento de Piaget, desponta o referencial kohlberguiano e neo-kohlberguianol. Essas pesquisas preservam o núcleo conceitual do paradigma cognitivista-desenvolvimentista: a primazia da razão frente à moralidade e a universalidade dos valores. Foi percebido que grande parte das pesquisas no âmbito do julgamento e desenvolvimento moral tem seu foco na análise de produtos. A revisão do paradigma cognitivista assinalou para uma possível exploração dos aspectos processuais envolvidos no discurso e raciocínio moral. Expõe-se e critica-se a perspectiva denominada monologismo . O monologismo busca solução para as questões da linguagem e da cognição pressupondo uma essencialidade para o sujeito e uma objetividade para as categorias constituintes do mesmo. Em contraste, o dialogismo concebe os problemas relacionados à comunicação, ao pensamento e à ação a partir de uma interação fundamental estabelecida entre o sujeito e a alteridade. Nesse paradigma, os fenômenos investigados não podem ser desatrelados do contexto de sua ocorrência. No trânsito do paradigma monológico para o modelo dialógico, despontam as idéias do Círculo bakhtiniano. A obra do soviético e colaboradores embasam a tese, fornecendo uma concepção de ação moral: o ato em sua eventicidade; um modelo de gênese para o psiquismo humano: a consciência enquanto realidade sociossemiótica; e uma visão de linguagem: o discurso como produto verbo-axiológico. Levou-se a campo dilemas hipotéticos com a finalidade de fazer emergir dilemas reais: vivenciados pelos adolescentes. Assumiu-se o pressuposto que os dilemas reais são as principais fontes para o entendimento do julgamento moral e desenvolvimento moral. Nas discussões dos dilemas, o pesquisador fez uso de ações discursivas que visam a instaurar o discurso argumentativo. É explorada a dimensão epistêmica da argumentação. O discurso argumentativo é de natureza dialógica pressupõe o outro e dialética sempre considera movimentos opositivos. Essas características possibilitam uma intensa negociação entre posições que, no discurso, estão em desacordo. Foi feita uma micro-análise com dois objetivos: a) rastrear processos de transformação de conhecimento; b) identificar a alteridade presente ao discurso moral dos participantes. Esses objetivos foram alcançados satisfatoriamente. Na última etapa, discute-se a importância da argumentação como mecanismo desenvolvimentista para os processos do julgamento e desenvolvimento moral. Ao final, ponderam-se os impactos dos resultados para o campo da educação moral
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Nesse percurso, questões da ordem do desenvolvimento humano tornam-se centrais. Os problemas desenvolvimentistas acerca da moral foram pioneiramente investigados por Jean Piaget. Foi realizada revisão na teoria do desenvolvimento moral piagetiana. Em Piaget, aspectos teóricos, metodológicos e analíticos mostraram-se relevantes para a presente tese. Piaget pesquisa o desenvolvimento moral utilizando, entre outros recursos, respostas oferecidas por crianças frente a dilemas morais. Piaget: encontra três estágios morais principais: a) anomia moral; b) heteronomia moral; e c) autonomia moral. Na esteira do pensamento de Piaget, desponta o referencial kohlberguiano e neo-kohlberguianol. Essas pesquisas preservam o núcleo conceitual do paradigma cognitivista-desenvolvimentista: a primazia da razão frente à moralidade e a universalidade dos valores. Foi percebido que grande parte das pesquisas no âmbito do julgamento e desenvolvimento moral tem seu foco na análise de produtos. A revisão do paradigma cognitivista assinalou para uma possível exploração dos aspectos processuais envolvidos no discurso e raciocínio moral. Expõe-se e critica-se a perspectiva denominada monologismo . O monologismo busca solução para as questões da linguagem e da cognição pressupondo uma essencialidade para o sujeito e uma objetividade para as categorias constituintes do mesmo. Em contraste, o dialogismo concebe os problemas relacionados à comunicação, ao pensamento e à ação a partir de uma interação fundamental estabelecida entre o sujeito e a alteridade. Nesse paradigma, os fenômenos investigados não podem ser desatrelados do contexto de sua ocorrência. No trânsito do paradigma monológico para o modelo dialógico, despontam as idéias do Círculo bakhtiniano. A obra do soviético e colaboradores embasam a tese, fornecendo uma concepção de ação moral: o ato em sua eventicidade; um modelo de gênese para o psiquismo humano: a consciência enquanto realidade sociossemiótica; e uma visão de linguagem: o discurso como produto verbo-axiológico. Levou-se a campo dilemas hipotéticos com a finalidade de fazer emergir dilemas reais: vivenciados pelos adolescentes. Assumiu-se o pressuposto que os dilemas reais são as principais fontes para o entendimento do julgamento moral e desenvolvimento moral. Nas discussões dos dilemas, o pesquisador fez uso de ações discursivas que visam a instaurar o discurso argumentativo. É explorada a dimensão epistêmica da argumentação. O discurso argumentativo é de natureza dialógica pressupõe o outro e dialética sempre considera movimentos opositivos. Essas características possibilitam uma intensa negociação entre posições que, no discurso, estão em desacordo. Foi feita uma micro-análise com dois objetivos: a) rastrear processos de transformação de conhecimento; b) identificar a alteridade presente ao discurso moral dos participantes. Esses objetivos foram alcançados satisfatoriamente. Na última etapa, discute-se a importância da argumentação como mecanismo desenvolvimentista para os processos do julgamento e desenvolvimento moral. Ao final, ponderam-se os impactos dos resultados para o campo da educação moralUniversidade Católica de PernambucoporUniversidade Federal de PernambucoAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessDesenvolvimento moralArgumentaçãoDialogismoEducação moralÉticaJulgamento moral e argumentação : uma abordagem dialógica aos processos do desenvolvimento da moralidadeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPETHUMBNAILarquivo891_1.pdf.jpgarquivo891_1.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1165https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/8356/4/arquivo891_1.pdf.jpg469c3839d9ddf4b4e8c1d5b7e039121fMD54ORIGINALarquivo891_1.pdfapplication/pdf1150281https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/8356/1/arquivo891_1.pdfc8000837d127fc59422d38ffe0ce92acMD51LICENSElicense.txttext/plain1748https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/8356/2/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD52TEXTarquivo891_1.pdf.txtarquivo891_1.pdf.txtExtracted texttext/plain454393https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/8356/3/arquivo891_1.pdf.txt03afb4c7b114257f24cf1a81ac415dd5MD53123456789/83562019-10-25 03:42:17.965oai:repositorio.ufpe.br:123456789/8356Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufpe.br/oai/requestattena@ufpe.bropendoar:22212019-10-25T06:42:17Repositório Institucional da UFPE - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)false
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